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Conversando Com os Espíritos – James Van


Praagh


"Um livro maravilhoso, uma leitura que eleva e que recomendo com
entusiasmo. Se você algum dia já temeu a morte ou chorou a perda
de alguém, as histórias e ensinamentos espirituais de James Van
Praagh vão tocar seu coração. Sem dúvida, trata-se de um dos
médiuns mais talentosos deste momento. É uma leitura inspiradora
e necessária."
BRIAN WEISS, autor de Muitas Vidas, Muitos Mestres
"James Van Praagh tem mudado a vida de muitas pessoas, livrando-
as do medo da morte e trazendo alento ao sofrimento de pais ao
transmitir mensagens de seus filhos falecidos. É impossível não se
emocionar."
NEWSWEE

JAMES VANPRAAGHtemodomextraordináriode comunicar-se
com os espíritos de homens, mulheres e crianças já falecidos.
Possuindo a rara habilidade de interligar o mundo físico ao
espiritual, ele proporciona imenso conforto àqueles que perderam
seus entes queridos, além de trazer do outro lado mensagens
iluminadas.

Neste livro marcante e inspirador, esse aclamado médium
americano nos mostra o que existe para além do mundo visível e
oferece respostas para as mais perturbadoras perguntas sobre a vida
depois da morte.

Poucos compreendem o mundo espiritual mais intimamente do que
JAMES VAN PRAAGH. Quando jovem, ele sequer tinha
conhecimento de seus talentos especiais. Foi apenas depois de dar-
se conta de quem era de fato e do que poderia fazer que se tornou


capaz de usar seu dom para ajudar as pessoas. Desde então, muitos
já procuraram VAN PRAAGH buscando consolo e provas da
existência de um outro mundo, onde poderiam retomar contato
com aqueles que perderam.

Em Conversando com os Espíritos, você compartilhará diversas
histórias muito pessoais e tocantes sobre a comunicação depois da
morte, desde a da mãe que reencontra esperança e razão para viver
nas palavras meigas mas corajosas de sua filha, vítima da AIDS, até
a do soldado morto no Vietnã. Irá comover-se com o relato do filho
que pede perdão à mãe por ter cometido suicídio e vai deliciar-se
com o reencontro de um marido com sua falecida esposa, no
qüinquagésimo aniversário de seu casamento.
O que esses espíritos contam sobre si mesmos, sobre um
maravilhoso lugar de paz e de luz e sobre laços eternos de amor nos
transmite tranqüilidade e nos enche de admiração.

Consciente da dor e angústia que a morte causa, VAN PRAAGH
oferece também meios de lidar com o sofrimento e a perda de uma
maneira positiva e saudável. Ele mostra como você, sozinho, pode
contatar o reino espiritual conhecendo seus espíritos-guias e
identificando os sinais que seus entes queridos estão
constantemente enviando para você.

Parte memórias espirituais e parte guia de treinamento, Conversando
com os Espíritos oferece poderosas e inspiradoras mensagens sobre o
outro lado da vida.

Repleto de esperança e luz sobre nosso futuro espiritual, é um
livro que mudará para sempre sua maneira de encarar a morte —
e a vida.


JAMES VAN PRAAGH é um médium famoso mundialmente por
sua capacidade de transmitir mensagens e possibilitar conversações
entre os "mundos". Já apareceu em diversos programas de televisão
e de rádio e trabalhou como consultor permanente do The other side,
da rede americana NBC. VAN PRAAGH guia excursões especiais
em visita a centros espirituais por todo o mundo, incluindo o Brasil,
Egito e México, Mora em Los Angeles.

Índice

Parte 1 A Revelação

Capítulo 1 -O Médium................................................
Capítulo 2 -O Dom......................................................
Capítulo 3 -Guias Espirituais .....................................


Parte 2 As Sessões

Capítulo 4 -Transições Trágicas ................................
Capítulo 5 -Acidentes Fatais......................................
Capítulo 6 -AIDS .......................................................
Capítulo 7 -Suicídio...................................................
Capítulo 8 -O Reencontro dos que se Amam..........


Parte 3 O Próximo Passo
Capítulo 9 -Para Além do Sofrimento ....................
Capítulo 10 -Fazendo Contato.................................
Capítulo 11 -Meditações ..........................................


Fontes .........................................................................


Agradecimentos

(guando alguém assume a tarefa de narrar cronologicamente
experiências pessoais, traduzindo a vida em palavras, o faz com a
esperança de que esse relato, de alguma forma, estimule o
conhecimento e a reflexão, e ajude a iluminar o caminho de outras
pessoas. Eu não poderia ter escrito este livro sozinho. O texto foi
gerado por uma combinação de pensamentos, idéias, experiências e
vidas daqueles que, afetuosamente, me tocaram.
Em primeiro lugar, devo render minha homenagem à Força da
Criação, identificada sob várias designações, tais como Deus, Alá,
Yahweh, Ser Divino e a Grande Luz. Acredito que todas essas
designações sejam o Poder, a Origem, a Origem de Tudo.
Gostaria de agradecer às almas bem-amadas deste plano terreno,
que vieram a mim com suas histórias tanto de amor quanto de
grande tristeza, buscando orientação, conforto, cura e paz. Espero
ter correspondido a suas expectativas e ter sido capaz de trazer
serenidade a suas mentes e a seus corações.
Agradeço a todos os queridos seres do mundo espiritual que, como
sonhos, retornam através de mim, para transmitir suas experiências
terrenas a seus familiares e amigos. Essas recordações, agora parte
da tapeçaria do tempo, oferecem, além de consolo, a evidência de
que não existe morte; apenas vida. Por meio do poder do amor, e
apenas do amor, esses espíritos abençoados aproximam-se de nós,


trazendo coragem, força, poder, orientação e ajudando cada um a
cumprir seu destino na Terra.
Quero agradecer a meus guias espirituais e mestres, que vêm me
acompanhando desde que esse dom brotou em mim. Eles nunca
deixaram de incorporar sua força, poder e sabedoria ao meu
trabalho, oferecendo-me um exemplo de crescimento, luz e
elevação, válido para toda a humanidade.
Quero expressar também minha gratidão para com os que, neste
plano terreno, têm me assistido ao longo do caminho, com amor,
estímulo e apoio: Brian E. Hurst, Carol Shoemaker, Mary Ann
Saxon, Marilyn Jensen, Peter Redgrove, Linda Tomchin e Cammy
Farone.
A minha família, amigos e pessoas queridas desta existência, quero
dizer que dia a dia cresce em mim a gratidão que sinto em relação a
todos vocês. O tempo que compartilhamos nesta terra não apenas
enriqueceu minha alma, mas também ensinou-me lições valiosas no
que diz respeito à capacidade do coração humano de expressar seus
sentimentos. O amor é a celebração da vida. Agradeço a vocês,
portanto, por serem a celebração do que fomos, do que somos e do
que seremos.
Agradeço a todos, enfim, por dividirem comigo sua luz, e por
podermos trilhar essa eterna jornada de amor e vida de mãos dadas.

Para Connie, o primeiro anjo que encontrei na Terra, e
que me ensinou como alcançar o Sol.


Parte 1
A Revelação


Capítulo 1
O Médium


Freqüentemente me perguntam se nasci com o dom da mediunidade
ou se me transformei em médium por causa de alguma
enfermidade muito grave, ou de um acidente que tenha provocado
algum tipo de lesão em minha cabeça, ou, ainda, de uma experiência
de quase-morte. Por mais impressionantes que possam parecer
essas possibilidades, não credito a nenhuma delas os momentos
impressionantes que me iniciaram no trabalho de minha vida.
Não sou diferente das outras pessoas. Todos nascemos com algum
nível de capacidade psíquica. A pergunta é: sabemos reconhecê-la?
Sabemos desenvolvê-la? Como muitas outras pessoas, eu
desconhecia o que significava possuir capacidade psíquica. Provavelmente,
a primeira vez que tive contato com o termo psíquico foi
assistindo a um sbow na tevê. Já não foi fácil pronunciar a palavra,
quanto mais compreender seu significado. Era uma palavra que se
aproximava bastante da explicação que eu procurava para certos
fenômenos. Por exemplo: por que adivinhava coisas a respeito de
pessoas que entravam no ambiente onde eu estava? E essa palavra
foi a causa também de uma professora, na minha escola primária um
colégio católico -, ter me retido depois da aula.
O intervalo para o almoço havia terminado e todos os garotos já
retornavam para a sala de aula. Eu havia acabado de guardar minha


lancheira, com a figura de um ursinho gravada em sua tampa,
quando minha professora, Mrs. Weinlick, entrou na classe. Nossos
olhos encontraram-se e um sentimento de súbita tristeza tomou
conta de mim. Então, aproximei-me dela e disse:
-Tudo vai ficar bem! John quebrou a perna.
Ela olhou para mim, espantada, e disse:


-Do que é que você está falando? Eu expliquei:
-John foi atropelado, mas está bem. Apenas quebrou a perna.
Bem, achei que seus olhos iam saltar do rosto. Ela apontou para
meu lugar e me mandou ficar ali, sem me levantar, pelo resto do
dia. Mais ou menos uma hora depois, o diretor da escola chegou à
porta e chamou Mrs. Weinlick. Sussurrou-lhe alguma coisa e, de
repente, ela entrou em pânico, empalideceu, e saiu correndo da sala,
gritando.
No dia seguinte, Mrs. Weinlick parecia ter voltado ao normal. Mas
ficou me encarando o tempo todo. Ela me pediu que ficasse depois
da aula, para podermos conversar. Deus a abençoe. Foi aquela
conversa que me revelou minha capacidade psíquica. Ao que
parece, no dia anterior, seu filho, John, havia sido de fato
atropelado, mas, milagrosamente, apenas quebrou a perna. Mrs.
Weinlick perguntou-me:
-Como você já sabia o que ia acontecer?
Não consegui responder. Eu apenas... sabia. Foi um pressentimento,
eu acho, uma sensação. Ela fixou seus olhos em mim e eu comecei a
chorar. Teria eu provocado o acidente que ferira seu filho?
Bem, nem é preciso dizer que ela me tranqüilizou, dizendo que não
me preocupasse.
-Muitas crianças e até mesmo alguns adultos ficam sabendo das
coisas antes de acontecerem. Você é um mensageiro de Deus -ela
disse, e também que Deus havia me concedido um dom... -Para, um
dia, você poder ajudar outras pessoas. Você é muito, muito especial.
Mrs. Weinlick falou para nunca me deixar perturbar pelas coisas
que conseguisse enxergar dentro da minha mente. Mas alertou-me



para ter cuidado e escolher bem com quem compartilhar esse meu
dom.
Essa foi a primeira explicação que recebi sobre capacidade psíquica.
Hoje, quando olho para trás, sinto-me grato a Mrs. Weinlick. De
diversas maneiras, aquilo representou muito para mim. Se minha
professora, ali, fosse uma freira, minha vida poderia ter seguido um
rumo totalmente diferente.
Hoje, compreendo perfeitamente minha capacidade de ver e de
sentir coisas que não estão no mundo físico. Geralmente, referem-se
a isso como um sexto sentido. Capacidade psíquica também é
conhecida como intuição, algo que bate lá dentro, palpite, ou uma certa
percepção das coisas. Todos fazemos uso dessa capacidade
diariamente, sem mesmo nos apercebermos disso. Por exemplo,
quantas vezes acontece de você pensar em alguém e, poucos
minutos depois, tocar o telefone -e é justamente aquela pessoa, no
outro lado da linha? Ou quando lhe vem à cabeça que é melhor
trocar de pista, no trânsito, e logo você descobre que havia um
acidente bem na pista da qual saiu? Talvez, no caminho para o
trabalho, você tenha a sensação de que seu patrão vai estar em um
mau dia e, quando chega, isso se confirma. Quantas vezes já ocorreu
de estar pensando em uma música e, um instante depois, ela
começar a tocar no rádio? Esses são exemplos de capacidade
psíquica. De onde vem esse sexto sentido? Em grego, a palavra
psíquico quer dizer da alma. Quando utilizamos nossa capacidade
psíquica, estamos nos sintonizando com a energia de nossa alma, ou
com a força vital que habita todo ser vivo.
Quando crianças, temos mais capacidade psíquica do que quando
adultos. Ou, pelo menos, se não mais capacidade, pelo menos maior
abertura para nossos poderes psíquicos. E isso não apenas por ainda
nos encontrarmos próximos do outro lado da vida, mas também
porque nossa habilidade com as palavras e com os pensamentos
encontra-se pouco desenvolvida; assim, precisamos confiar em


nossos sentimentos, ou nas sensações, para nos relacionarmos com o
mundo físico.
Todos já vimos um bebê começar a chorar quando pego no colo por
uma pessoa, e parar imediatamente quando outra o pega. Com toda
certeza, o bebê está captando uma vibração mais harmoniosa, ou
mais segura, com a segunda pessoa. É por isso que os bebês sempre
querem suas mães. Existe um elo psíquico muito forte entre a mãe e

o seu bebê. Quantas vezes uma mãe corre para o quarto de seu
bebê, sabendo que ele precisará dela assim que acordar. Esse elo se
intensifica, torna-se cada vez mais forte, e logo a mãe se aperceberá
de cada necessidade de seu bebê sem que ele precise emitir nenhum
som.
A capacidade psíquica também atua no mundo vegetal e no animal.
As plantas são extremamente sensitivas e geralmente vicejam
lindamente quando sentem em torno um ambiente gentil e
amistoso, no qual são cuidadas e amadas.
Isso me lembra uma história muito interessante. Eu trabalhava em
um emprego de horário integral. Certo dia, dei carona a uma colega
de trabalho. Quando entrei em seu apartamento, sentei-me, e então
escutei um ruído, algo que ia crescendo cada vez mais. Na verdade,
era uma vibração à minha volta, como se fosse o grito de alguém
ferido, pedindo ajuda. Olhei ao redor e finalmente me dei conta do
que era. Todas as plantas no apartamento estavam secas, morrendo.
Estavam implorando por um pouco de água. Contei isso a minha
colega e ela me disse que, de fato, não aguava as plantas havia duas
semanas.
A idéia de plantas gritando pode parecer estranha para muitas
pessoas. Para essas, sugiro que leiam livros sobre o assunto, como A
vida secreta das plantas, de Peter Tomkins. Precisamos nos
conscientizar de que a mágica da VIDA acontece de todas as
maneiras, formas e tamanhos... até mesmo com as plantas. Podemos
aprender mais sobre essas formas de vida, se dedicarmos algum

tempo a escutar, a abrir nossa capacidade psíquica às energias que
nos rodeiam.
Também os animais são conhecidos por contarem com seu sexto
sentido. Observe o comportamento de seu cachorrinho ou do seu
gato. Quantas vezes já viram um cachorro esconder-se, ou latir sem
cessar, quando encontra determinada pessoa? E não é verdade que,
passeando em um ambiente cheio de pessoas, ele às vezes demora-
se mais junto a alguém? Quando ocorrem catástrofes naturais terremotos,
tornados, furacões -, um animal torna-se irrequieto,
desorientado e freqüentemente esconde-se dentro de um armário ou
debaixo de algum móvel. Os animais não recebem informações da
tevê, como nós. Simplesmente sabem das coisas. Muitas vezes, são
capazes de prever um desastre. São extremamente sensíveis à
ansiedade nos seres humanos. Se você quer saber que tempo vai
fazer, observe um rebanho de gado. Antes da tempestade,
geralmente encontramos as vacas deitadas na grama. Desde a
Criação, os animais sempre contaram com seu sentido psíquico, ou
com seu instinto, para se protegerem, para preservarem a vida.

QUERO VER DEUS COM MEUS PRÓPRIOS OLHOS

Muito antes de eu começar a pensar em minha habilidade psíquica,
costumava questionar-me a respeito da existência de Deus. Fui
criado como católico e, nos nove primeiros anos de minha formação,
cursei uma escola católica. No entanto, acabei considerando a visão
católica de Deus muito limitada e mesmo fantasiosa. Tínhamos de
acreditar às cegas em uma divindade, e isso acabava me
confundindo completamente. Era perseguido por perguntas, tais
como: Como saber se Deus existe de verdade? Alguém já viu Deus,
algum dia? Como é que Deus cria as coisas do nada? Quem
escreveu as histórias da Bíblia? Será que elas contam a verdade?.


Quanto mais eu tentava acreditar em Deus, conforme Ele fora
moldado pelos rituais e leis da Igreja, menos eu sentia Deus dentro
de mim — quero dizer, como se fosse uma experiência minha,
pessoal. Será que tudo se resumia a viver o dia-a-dia desses cerimoniais?
Sempre senti como se tivesse perdido uma peça do quebra-cabeças.
"Será que as freiras escondiam alguma coisa de mim? Será que
deixei de entender algo na missa, que todos os demais presentes
compreenderam sem problemas? Será que eu era o único a duvidar
de suas crenças?" Em minha jovem consciência, a questão era muito,
muito simples: "Se Deus existe, quero uma prova!"

Minhas preces foram atendidas quando eu tinha oito anos de idade.
Ainda estava deitado na cama, em uma manhã bem cedo, quando
senti uma espécie de sopro de vento frio roçar minha face. Puxei os
cobertores, enrolei-me neles e olhei na direção da janela do meu
quarto. Estava fechada, e bem fechada. Comecei a tentar entender
como algum vento poderia ter entrado ali. Olhei para cima, para o
teto... e vi uma enorme mão, espalmada para baixo, descendo sobre
mim. A mão brilhava -uma luz pulsante, muito branca. Fiquei
hipnotizado, mas, talvez porque fosse apenas uma criança, não senti
medo algum. Mesmo assim não conseguia entender o que estava
acontecendo. Estava totalmente disposto a aceitar a imagem que via
como algo real. Fui subitamente tomado por uma irresistível
sensação de paz, de amor e de alegria. Não escutei nenhuma voz
retumbante (como a voz de Deus era descrita na Bíblia), resolvendo
minhas dúvidas e revelando meu destino. E, mesmo assim, sabia o
tempo todo que aquela visão era Deus. Desde aquele momento,
fiquei convencido de que deveria fazer de tudo para experimentar
de novo aquela maravilhosa sensação de felicidade. Comecei a
entender que havia muito mais na vida do que me ensinaram e do
que eu podia enxergar com meus olhos.
A mão iluminada de Deus foi minha primeira experiência com a
clarividência e, apesar da fortíssima impressão que tive e de todo o
impacto que representou, jamais contei nada a ninguém. Senti como


se aquilo fosse meu segredo, e que, se ousasse contar o que
sucedera, ninguém acreditaria em mim. Tempos depois, aprenderia
mais sobre a clarividência, algo que imprime na mente imagens de
diversos gêneros, contornos, cenas, vultos espirituais, faces e
mesmo locais remotos, invisíveis para o olhar físico. Por exemplo,
antes de adormecer, à noite, diversas formas, faces e cenários são
enxergados e passam por nosso olhar mental. A clarividência é algo
semelhante a enxergar essas imagens, em nossa mente. Vou explicar
melhor o que é a clarividência no capítulo 2.

UMA SESSÃO NO COMEÇO DA NOITE DE UM SÁBADO

A aparição da mão divina foi tudo o que eu precisava para me
convencer da existência de Deus. Fora uma demonstração e tanto
porque, afinal de contas, somente Deus poderia manifestar-se em
pleno ar. No entanto, toda uma série nova de perguntas como que
pipocou na minha mente. Tornei-me fascinado pelo conceito de
morte e pelo que aconteceria depois de morrermos. Peguei-me
perguntando-me: "E se...?" -e minha imaginação começava a
funcionar. "Será que existe um lugar para onde vamos depois da
morte? Existe realmente um céu e um inferno, e o tal lugar entre um
e outro? A vida tem um fim?" Tudo o que sabia era o que haviam
me ensinado na escola católica -noções demasiadamente
comprometidas com a doutrina. Eu queria entender, saber mais,
investigar mais a fundo. Mal sabia que uma pequena aventura
sobrenatural estava reservada para mim, e para muito breve.
Scott e eu éramos grandes amigos. Jogávamos bola, brincávamos
juntos, experimentando muitos jogos. Inclusive os joguinhos
paranormais mais comuns, que parecem fazer parte da história de
todos os garotos. De brincadeira, fazíamos perguntas à Bola Oito
Mágica1, mas nossos sorrisos logo se apagavam, quando surgiam

1 Algo equivalente ao tão popular entre nós jogo do copo.


respostas como Algo Obscuro Está Tentando Aparecer... ou... Tente
Outra Vez Mais Tarde... Como é que a coisa poderia saber?
Contatávamos espíritos numa Tábua Ouija2, embora cada um de
nós, secretamente, acreditasse que o outro estivesse puxando a
prancheta. Assim, pareceu muito natural que, em certa manhã de
sábado, decidíssemos fazer uma sessão às sete horas daquela noite.
Sete horas era o mais próximo da hora das bruxas -meia-noite -que
uma criança de doze anos ousaria chegar.
Relembro vividamente aquele dia. Parece que devo revivê-lo
sempre e sempre. Visões como as que eu assistia nos filmes com
Vincent Price riscavam minha mente. De alguma maneira, eu sabia
que aquela noite seria muito especial -algo grandioso estava para
acontecer. Às seis e quarenta e cinco, já estava ansioso demais para
conseguir esperar. Duas horas mais cedo, havia providenciado uma
vela branca. Julguei que precisaria dela para conduzir uma sessão
da maneira adequada. Corri para casa do Scott em tempo recorde.
Entreguei-lhe a vela, que ele acendeu e, com toda solenidade,
colocou no centro de um cinzeiro em uma mesa posicionada entre
nós dois. Fechamos as janelas, apagamos as luzes, sentamos
encarando um ao outro e esperamos. Ambos nos sentíamos um
tanto nervosos, apesar de estarmos certos de que tudo não passava
de uma brincadeira. A atmosfera não podia ser mais apropriada algo
fantasmagórica. A vela produzia estranhas sombras nas
paredes em volta, e as chamas refletiam-se em nossas faces, com
uma espécie de brilho algo assustador. Naturalmente, o melhor da
brincadeira era ver quem ficaria apavorado primeiro e fugiria em
disparada.
Por trinta minutos, permanecemos sentados em silêncio.
Finalmente, eu já não agüentava mais esperar.
E agora? -perguntei, impaciente. Scott deu de ombros:
-Quem sabe a gente deveria pedir para falar com alguém? Era o

2 Uma tábua utilizada como uma prancheta com o alfabeto ou outros símbolos ou
sinais, com o propósito de captar mensagens espirituais ou telepáticas.


primeiro aniversário da morte de Janis Joplin, e assim Scott sugeriu
que a chamássemos. Entoamos nosso chamado por
aproximadamente dez minutos. Aguardamos... Nada aconteceu.
Chamamos Janis de novo. A chama da vela permanecia firme. Não
ouvimos nenhuma batida misteriosa na porta. Nossos olhos não
paravam de percorrer o quarto, buscando qualquer movimento,
qualquer sinal de que Janis havia chegado. Mas, acima de tudo,
éramos dois garotos de doze anos começando a ficar entediados.
Decidi tentar um último apelo:
-Janis, se você está neste quarto, nos mande um sinal... faça algo
com a vela. -E disse isso com minha voz mais profunda, mais
melodramática.
A vela estremeceu levemente. Subitamente, a chama inclinou-se
para a esquerda e ficou assim por um segundo. Então, moveu-se
para a direita e ali permaneceu. Scott e eu ficamos paralisados. A
chama da vela começou claramente a mover-se de um lado para o
outro. Perdemos a respiração. Qualquer coisa podia estar movendo
a chama daquela vela -mas não era eu nem meu amigo, isso com
certeza. Estávamos aterrorizados demais para tentar qualquer
gracinha. De repente, a vela apagou-se e o quarto mergulhou em
escuridão absoluta. Abandonando qualquer pretensão de coragem,
saímos correndo dali, berrando, em direção ao quarto dos pais de
Scott.
Será que fizemos contato com Janis Joplin? Quem há de saber?
Acredito de verdade que abrimos a porta para alguma coisa ou para
alguém, proveniente do mundo psíquico. No entanto, acho
tremendamente irônico o fato de que o que começou como uma
brincadeira de dois garotos tenha, de alguma maneira, significado
minha iniciação naquilo que haveria de tornar-se minha carreira.


OUTROS FENÔMENOS PSÍQUICOS


Recordando outros fatos em minha infância, constato que tive
muitas experiências peculiares, provocadas por forças que não
pertenciam a este mundo. Acho que aquela minha sessão com Scott
foi a mais significativa, embora algo macabra. Mas foi somente um
acontecimento entre muitos que, como só fui entender mais tarde,
de forma clara anunciavam toda uma vida de envolvimento com
espiritualismo, suspense e mistério. A profissão de fé da minha vida
foi sempre: O DESCONHECIDO É APENAS ALGUMA COISA
AINDA NÃO REVELADA. Sempre foi parte da minha natureza
investigar o inexplicável e descobrir meios de desvendá-lo.
Portanto, minha curiosidade me levaria -e com certa freqüência -a
situações que até mesmo os anjos teriam algum receio de desafiar.
Como criança, sempre persegui toda uma variedade de jogos e de
brincadeiras, de assuntos para estudo ou para entretenimento,
guiado por uma necessidade de explorar minha fascinação pelo
mundo oculto. Duas de minhas obsessões eram casas assombradas e
cemitérios.
A simples idéia de uma casa que supostamente abrigasse formas de
vida invisível, vagando pelos seus aposentos, intrigava-me poderosamente.
O detetive que existia em minha natureza tomava conta
de mim, e eu não teria descanso até resolver o mistério com que me
deparava.
A Casa Bell foi um desses mistérios. Já a visão da casa era
ameaçadora. Sua pintura estava toda lascada -um cinza algo antigo
recobrindo as paredes. E as venezianas, com grandes rombos, mal
se sustentando presas às estruturas das janelas. A Casa Bell esteve
viva em um tempo já esquecido, quando cavalos e carruagens
dominavam as ruas e o gado pastava nos campos. A casa era uma
visão agourenta, elevando-se atrás de enormes árvores, bem
distante da rua.


Aos meus olhos infantis, parecia que as saliências de seu telhado,
muito agudas, penetravam diretamente no reino dos céus. A casa
esteve abandonada por mais de cinqüenta anos, mas permaneceu
como uma espécie de marco em meu caminho, na ida e na volta da
escola. Lembro que todos nós corríamos o mais que podíamos,
quando passávamos em frente, por causa de todas as histórias que
sabíamos a respeito da casa. Havia, por exemplo, uma sobre uma
senhora de cabelos brancos, cujos lamentos inconsoláveis podiam
ser escutados percorrendo os ambientes abandonados do prédio.
A história contava que essa senhora tinha um filho que se dedicava
ao comércio marítimo. Depois de muitos meses sem fazer nada em
casa, ela insistiu com o filho para que ele partisse em mais uma
viagem de negócios. A contragosto, o filho embarcou e nunca mais
foi visto. Ao que parece, uma súbita mudança no tempo pegou o
navio em cheio, uma espécie de vendaval violentíssimo, que o
destruiu. A mãe, entretanto, nunca aceitou essa explicação -pensava
que o filho havia fugido dela, abandonando-a. Depois disso, foi
vista muitas vezes vagando pelos aposentos da mansão, procurando
pelo filho e gritando de desespero, durante a noite.
Vez por outra, deixava uma vela acesa, na esperança de que seu
filho a enxergasse e que a chama o guiasse de volta para casa. Bem,
mas o pior ainda não era isso... Todos os garotos sabiam que, se nos
voltássemos na direção da casa distraidamente e, por azar,
cruzássemos com os olhos da tal senhora, ela viria ao nosso quarto,
à noite, enquanto dormíssemos, e nos levaria embora para a Casa
Bell, onde estaríamos condenados a ficar prisioneiros para sempre.
Meus amigos e eu jamais esquecíamos dessa parte da história.
Mesmo que não fosse verdade, acrescentava certa excitação ao
nosso caminho para a escola, que de outra forma seria bastante
monótono. Quando fiquei um pouco mais velho, talvez com a idade
em torno de dez ou onze anos, pus de lado toda a lenda em torno da
velha senhora e de seu filho, mas a casa continuava, mesmo assim, a
me fascinar. Costumava parar em frente a ela e olhar para a janela


do segundo andar, com a esperança de ver um brilho qualquer que
pudesse ser atribuído a uma vela acesa, ou de ouvir quase
imperceptíveis e vagos murmúrios chorosos vindos de lá.
Definitivamente, havia algo naquela casa. Eu sabia disso. Parecia
estar me chamando, e eu precisava responder a esse chamado.
Um dia, foi o que fiz. Aquele que seria o cúmplice de minha
iniciação mística, meu amigo Scott, e mais uma dupla de bravas
almas da vizinhança decidiram seguir-me na aventura. De alguma
forma, precisávamos descobrir como entrar na casa. Chegamos à
conclusão de que a melhor maneira era pela parte de trás,
praticamente sotenada pelas árvores. Não havia cerca para nos
entravar o caminho. Assim, entrar ficou ainda mais fácil do que
parecia. Depois de conseguirmos vencer a barreira das árvores,
nossos olhos fixaram-se numa casa de madeira, decrépita e
semidestruída. A fortaleza, que fora objeto de tantas histórias
assustadoras, e mesmo horrendas, pareceu-nos apenas uma
montanha de madeira apodrecida e de armações de cimento já
corroídas.
Como se a sorte nos protegesse, havia uma janela vedada por
tábuas, na parte de trás. Um dos garotos ficou de guarda e os
demais conseguiram arrancar uma tábua da janela. Um facho de luz
do sol penetrou numa escuridão de já um século. Com todo
cuidado, rastejamos para dentro da casa. O piso, à primeira vista,
havia sido praticamente destroçado pelo tempo. No que me pus de
pé naquele ambiente senti um calafrio. No entanto, em vez de
sentir-me amedrontado ou mesmo ameaçado, como poderia
esperar, fui invadido por sensações de prazer e alegria. Olhei em
volta. Encontrava-me no que parecia ser uma ampla sala de
recepções, mais comprida do que larga. As paredes ainda
recendiam à chuva do dia anterior, e tiras de papel de parede de um
rosa absolutamente desbotado pendiam despregadas. Havia
enormes buracos em certos trechos das paredes, feitas de placas de
madeira. Caminhando pela sala, tive a estranha sensação de que,


naquele lugar, aconteciam jantares com dança. Podia quase ver as
pessoas rodopiando à minha volta. Em um dos cantos da sala larga,
imaginei uma pequena orquestra tocando para os convidados até as
primeiras horas da manhã. Continuei a andar, dirigindo-me
diretamente a uma sala contígua, no extremo mais distante. Muito
provavelmente, era uma sala de jantar grande o bastante para
acomodar um bom número de pessoas. Podia ver a mesa do
banquete, servida com as mais finas iguarias. Sobre a mesa, o
candeeiro, iluminando a refeição noturna. Subitamente, fui
arrancado de meus devaneios pelo berro de meu amigo Kevin.

-Minha nossa! olha só essa coisa! -ele gritou.
Quando cheguei até onde ele estava, vi o que havia lhe provocado
tanta excitação. Espalhados pelo chão, estavam vários livros e
fotografias, de todos os formatos e tamanhos. Muitos dos livros
eram sobre comércio, negócios e assuntos do mar. Diversos outros
eram volumes de contabilidade, contendo números e contas feitas a
lápis. Quando vimos aqueles livros sobre navios e navegação,
ficamos pálidos -todos, ao mesmo tempo. E, em um movimento
conjunto, nos voltamos para a porta, procurando o meio mais
rápido de escaparmos dali. Abruptamente, e de maneira
absurdamente vívida, lembramos da nossa infância, das histórias
sobre o filho navegante e sua mãe. Teria sido verdade, afinal de
contas?'Ficamos apavorados, só de pensar no que poderia acontecer
conosco. E se o lugar fosse de fato assombrado e se fantasmas habitassem
os corredores? Não sei se foi apenas pose de garoto, mas nem eu nem
qualquer um de nós estava disposto a demonstrar o medo que
sentia. Decidimos ficar bastante próximos uns dos outros e assim
investigarmos tudo ao redor.
Peguei do chão duas fotografias e as examinei. Uma era a foto de
um bebê, e a outra, a de dois garotos bem-vestidos. Tudo levava a
crer que fossem irmãos. Enquanto segurava a fotografia, tive a
sensação de que alguém estava de pé às minhas costas. Você deve
saber como é... a gente praticamente sente que alguém está se


aproximando por trás. Foi isso mesmo o que eu senti.
Amedrontado, imediatamente larguei a foto. "É a senhora de
cabelos brancos vindo me pegar!" Devagar, voltei a cabeça para
poder olhar e não enxerguei absolutamente nada. "Deve ter sido
minha imaginação."
Foi então que a coisa mais estranha aconteceu. De repente, me veio
à cabeça o pensamento de andar até o canto daquele cômodo e
apanhar a fotografia junto à parede. Assim, caminhei até lá, inclinei-
me e peguei a foto do chão. Encarando-me fixamente, lá estava uma
senhora elegantíssima, trajando um longo vestido escuro e
segurando um belo buquê de flores. Ela tinha no rosto uma
expressão inacreditavelmente doce e um par de olhos penetrantes,
que pareciam fitar-me. Seu cabelo estava amarrado com um laço.
Aproximei ainda mais a fotografia dos olhos, e foi então que tive a
sensação de que aquela era a mãe dos dois garotos, os das outras
fotos. Não sei explicar exatamente como sabia disso, mas sabia.
Voltei-me para o chão e vi a fotografia de um homem de bigode, os
braços cruzados e o olhar fixo à sua frente. Peguei essa foto também
e, ao segurá-la, me dei conta de que ele era o marido daquela
senhora. Tive também a sensação de saber que aquela era uma
família que costumava promover oportunidades para se divertir,
freqüentemente. Deveria ter sido uma família muito rica, e mesmo
influente, na região. Vendo outras fotos deles, intuí que tinham
alguma ligação com política. Não fui capaz de explicar meus
sentimentos e sensações aos meus amigos, e todos pensaram que eu
estivesse maluco ou que possuía uma imaginação e tanto. Mas eu
sabia que uma força de alguma natureza havia me empurrado para
aquele canto do quarto. O que teria sido? Como eu poderia saber
que aquela família em particular gostava tanto de festas, ou que
tinha participação na política? Será que isso estava sendo contado
para mim pelos fantasmas que ainda vagavam pelos corredores?
Será que a historinha sobre a senhora de cabelos brancos e seu filho
navegante era verdadeira?


Três anos mais tarde, encontrei todas as respostas. Nunca
esquecerei. Estava em casa, e o correio havia acabado de chegar.
Havia um livreto publicado pela Sociedade Histórica de Bayside,
intitulado Bayside, ontem e hoje. O livro contava como a região fora
primeiramente habitada por índios, depois pelos holandeses e
finalmente pelos comerciantes britânicos. No entanto, a leitura só
despertou meu interesse quando chegou à parte em que contava a
história da Casa Bell.
Abraham Bell, um rico comerciante marítimo, teria adquirido três
acres de terra, onde ergueu a propriedade para sua família, em
1849. Sua família era algo numerosa e incluía dois filhos, de idade
muito próxima. Foi um dos primeiros assentamentos em Bayside.
Continuei a ler... Os Bell eram parte da elite, da alta sociedade, e
promoviam freqüentes recepções para autoridades vindas de Nova
York e para políticos de Washington. Fascinado, fui em frente e,
quando virei a página seguinte, meus olhos se arregalaram.
Encarando-me lá das fotos estavam o Senhor e a Senhora Bell exatamente
os mesmos que havia visto nas fotos que tive em
minhas mãos, anos antes! Eram a confirmação das sensações que me
acometeram durante aquela visita.
Outra de minhas experiências místicas, também ocorrida nessa
idade -em torno dos dez, onze anos -, foi durante o intervalo para o
almoço, na escola. Ficávamos entediados, querendo fazer alguma
coisa diferente, em vez de jogar bola como sempre, ou de pular
corda com as meninas. Alguns dos garotos mais audaciosos
costumavam dar um pulo na cidade para ver o que conseguiam
roubar em um supermercado sem serem pegos. Quando
retornavam à escola, à tarde, expunham seu butim muito
orgulhosos -geralmente, nada mais do que canetas, réguas e
marcadores de livros. (Grande atividade extracurricular para
estudantes de uma escola católica!)
Mas como eu não era nem ousado, nem muito menos ladrão, fazia o
que julgava de fato um programa excepcional. Ia com um grupo de


amigos para o Cemitério Lawrence. Era um cemitério de família,
instalado no começo dos anos 1800. Desde então, tornara-se um
monumento histórico. Em um desses almoços no cemitério, tive
uma experiência curiosa e muito interessante. Dois de meus colegas
e eu terminávamos nosso almoço debaixo de uma árvore.
Estávamos contentes, aproveitando o sol, o calor de um belo dia de
primavera, na tranqüilidade daquele cemitério e até mesmo
considerando a idéia de matar a aula, no resto do dia. Nós nos
encontrávamos, justamente, discutindo a questão, quando escutamos
dois garotos rindo, mais ou menos próximos. Olhamos na
direção de onde vinham os risos, mas não vimos nada. Achamos
que, provavelmente, seriam dois garotos em um jardim dos fundos
de alguma casa nas redondezas e que suas vozes deveriam ter
ecoado até onde estávamos. Entretanto, mal nos sentimos aliviados
por essa explicação, a risada ressoou novamente. Dessa vez, começamos
a estranhar. Creio que sentimos até mesmo um pouco de
medo. Decidimos investigar para ver de onde vinha. Caminhamos,
seguindo o som e, mais uma vez, ouvimos risadas de crianças.
Ainda não conseguíamos ver nada e, de certa maneira, relutávamos
em prosseguir caminhando.


Quando chegamos mais perto, meu amigo Peter gritou:
-Olha ali!
Vimos duas crianças pequenas -um garoto e uma garota -muito
parecidas uma com a outra. Deviam ter cerca de cinco ou seis anos.
Avançamos um pouco mais, e elas correram, sumiram. Não
conseguimos encontrá-las. Essa foi a parte estranha... Já havíamos
visitado o cemitério diversas vezes. Era difícil esbarrar com quem
quer que fosse por ali, quanto mais com duas crianças tão pequenas.
Concluímos que o melhor era voltar para a escola. Quando nos
viramos, já indo embora, meu amigo Tim berrou:
-Olha lá!
Ele estava olhando fixamente para alguma coisa. Era um túmulo,
com o nome de duas crianças -um irmão e uma irmã, que haviam



morrido com quatro e cinco anos de idade! Foi uma aparição?
Honestamente, não sei, mas meus amigos nunca mais quiseram
falar no assunto.
Essas experiências poderiam ter me mostrado qual seria meu futuro,
se fosse capaz de compreendê-las, naquela época. Mas, como
todo garoto da minha idade, o que eu realmente queria da vida era
possuir um álbum completo com as figurinhas dos astros da liga de
beisebol e saber lançar uma bola melhor do que ninguém.

CRESCENDO NUMA ESCOLA CATÓLICA

Entre uma e outra divertida excursão a casas assombradas e
cemitérios, eu freqüentava a escola católica do Sagrado Coração.
Como muitas outras crianças da minha idade, nunca entendi direito

o conceito de Deus. Pensava que Deus fosse um sujeito bondoso
com uma enorme barba e que amava a todos nós. Mas, se fizéssemos
alguma coisa errada, ele passaria a nos odiar e nos poria a
queimar no inferno, de castigo. Um bocado assustador para uma
criança, não acham? Lembro de vezes em que me sentava dentro da
igreja e olhava para cima, para o mural que ficava por sobre o altar.
Era bonito, uma imagem singela de Cristo sorrindo, olhando para
baixo -para o planeta Terra. Lembro que ficava pensando: "Como é
que alguém assim pode jogar a gente no inferno?"
Outra coisa que nos ensinavam era que, se rezássemos direito, Deus
escutaria nossas preces e nos responderia. Bem, não me lembro de
ter tido nenhuma das minhas orações respondidas. Não podia
entender com exatidão a concepção da coisa... Como toda criança,
fazia muitas perguntas a respeito de Deus e obtinha pouquíssimas
respostas. E as que recebia não conseguiam de fato responder à
pergunta que eu havia feito -pelo contrário, provocavam mais e
mais dúvidas. Por exemplo, as freiras da escola vestiam hábitos
pretos, ressaltados por toucas brancas. Na primeira vez em que vi
uma freira com aquela vestimenta, fiquei com medo de ir à escola.

Aquelas senhoras não se pareciam nada com o que eu imaginava
como esposas de Deus, ainda mais vestidas inteiramente de preto.
Quando eu perguntava: "Por que vocês se vestem de preto?", não
recebia nenhuma resposta.
Desde muito cedo, tinha dúvidas a respeito do Paraíso. Apesar de
imaginar o céu, com seus portais aperolados, anjos com asas e tudo

o mais, sabia que era mais do que isso. Sabia que, quando íamos
para o céu, veríamos de novo os amigos e parentes mortos antes de
nós. As freiras também diziam que reencontraríamos todos os
nossos entes queridos no Paraíso, mas falavam deles como almas.
Nunca compreendi o que seria uma alma. Sabia que as pessoas
habitavam o Paraíso, mas, se era assim, onde viviam suas almas?
Será que as almas eram parte delas? Esse tipo de pergunta
igualmente incomodava as freiras. Infelizmente, sua resposta-
padrão era: "Cale a boca e pare de fazer tantas perguntas!" Ao que
elas acrescentavam: 'Algum dia, você descobrirá para onde vão as
almas, e então irá desejar jamais ter feito essa pergunta." Imagino
que estavam me dizendo que eu só descobriria a resposta quando
morresse.
Lembro um incidente, ocorrido quando eu estava no segundo ano,
que me fez questionar ainda mais o que era Deus. Não tinha um
lápis da cor certa para fazer minha lição e a Irmã Matilda me deu
um tapa tão forte, que fui lançado ao chão e por um momento perdi
a consciência. Quando me sentei de volta na carteira, ela já estava
do outro lado da sala. Ficou claro que não havia se importado muito
em saber se eu estava bem. Naquele tempo, eu tinha apenas sete
anos. Lembro ter pensado: "Por que ela me bateu? Eu não
machuquei ninguém. Não fiz nada de errado. Como é que pode
alguém que fala sobre o amor ao próximo, alguém que é esposa de
Deus, me tratar desse jeito?" Assim, desde muito novo, minha fé e
minha confiança na Igreja Católica passaram a equilibrar-se
precariamente entre o que era pregado e o que era demonstrado.
Minhas dúvidas cresciam.

Permaneci na escola católica por causa da minha mãe, uma católica
irlandesa de personalidade muito forte. Ela ia à missa todo dia e
insistia que era o único meio de se alcançar o Paraíso. Quando eu
perguntava sobre outras religiões, referia-se a elas como "aquele
bando de pagãos". (De acordo com a Igreja Católica, a religião
católica é a única verdadeira.) Eu não queria ser um pagão, nem
queimar no inferno, e assim fiquei no Sagrado Coração, mas sentia-
me bastante cético a respeito daquelas enormes senhoras, que mais
pareciam pingüins.
Hoje em dia, posso entender por que as freiras tratavam as crianças
daquele jeito tão violento e por que alguns (não todos) padres
tornam-se alcoólatras, por que molestam sexualmente crianças e por
que têm seus casos amorosos. Creio que é muito difícil, e até mesmo
inumano, viver em estado de graça o tempo todo. E... por favor!
Somos apenas seres humanos! Naturalmente, existem aqueles que
são capazes de viver uma existência tão austera, sem maiores
problemas. Para a maioria, entretanto, é impossível. Não é de
admirar que haja um índice tão alto de desistência nos seminários e
noviciados. A Igreja Católica mantém um sistema de crenças
extremamente arcaico. Em vários aspectos, sustenta uma
mentalidade do século XV. E a vida está sempre mudando e
evoluindo. O que foi verdade para nossos ancestrais pode não ser
mais adequado para nós. Como seres viventes neste planeta,
estamos em contínuo crescimento, em expansão. Ao invés de rotular
um ao outro segundo nossas crenças, precisamos ver cada pessoa
como um indivíduo, um ser único -e ao mesmo tempo como um
semelhante. Não estou dizendo que a religião é ruim. Justamente o
contrário. Se a maioria das pessoas praticasse efetivamente os
princípios da religião que segue, o mundo seria, com toda certeza,
um lugar muito melhor para se viver. Ninguém morreria a tiros no
bairro onde mora, nem teríamos guerras. Ninguém passaria fome,
nem se veria privado de um teto. Infelizmente, acredito que os


líderes religiosos estão mais interessados em garantir seu poder
aqui na Terra do que em preparar seus rebanhos para a salvação.

A VIDA DO SEMINÁRIO NÃO ERA PARA MIM

Depois de oito anos na Escola do Sagrado Coração, eu me
matriculei no Eymard Preparatory Seminary, no Hyde Park, em
Nova York. Minha mãe queria fazer de mim um padre -não era
idéia minha. Mas sempre quis sair de minha cidade natal e essa foi a
oportunidade. A vida no seminário era muito difícil para mim. Pela
primeira vez, eu me encontrava longe de casa -sentia muitas
saudades. Mais do que isso, sentia-me abandonado. Tinha quatorze
anos e fiquei muito deprimido. Por sorte, percebi que vários colegas
meus estavam passando pelo mesmo processo de ajuste emocional.
Se há uma coisa que a Igreja Católica ensina muito bem é que
sofrimento compartilhado é um excelente fator de união das pessoas.
Mais cedo ou mais tarde, nos acostumamos com isso.
No seminário, me vi de volta a um ambiente onde predominavam a
ordem e a disciplina. Muito sensitivo, como que captava as
frustrações dos padres e dos outros seminaristas. Sentia que a
maioria deles preferiria uma vida secular, mas, por diversas razões,
entregaram suas existências a Deus. Quando era um seminarista,
também queria oferecer minha vida a Deus, mas não queria me
tornar um padre por todas as limitações que percebia. E me sentia
bastante inseguro quanto à verdade absoluta das idéias expressas
na missa. Além disso, tal como na escola primária, não estava
convencido de que tudo o que se referia à minha religiosidade tinha
algo a ver com Deus. Parecia haver regulamentos e regras demais e
pouca demonstração prática da palavra de Deus, no mundo. O
único ato concreto era a coleta de dinheiro, nas oferendas.
No meu primeiro ano no seminário, refletia muito a respeito de
minhas dúvidas sobre Deus. Sempre guardei esses pensamentos
para mim mesmo, porque tinha receio de que me considerassem


maluco. Muitas vezes, assistindo à missa, meditava sobre o que ou
quem era Deus? E, quando fazia isso, aquela imagem da enorme mão
luminosa me vinha à mente. Eu pensava: "Foi essa mão que me
conduziu para a escola católica? Foi ela que me trouxe ao seminário?"

Quanto mais me perguntava coisas, mais inseguro me sentia a
respeito da minha religião. Por que minhas perguntas não recebiam
respostas? Mas não demorou muito para que eu descobrisse...
Aconteceu na semana da Páscoa, na Sexta-Feira Santa. Todos os
enfeites do altar haviam sido removidos. O que ficou -imagens,
crucifixos -foi inteiramente coberto de panos. O ostensorio foi
colocado ao lado do altar. (O ostensorio é uma cruz muito alta, feita
de ouro e toda ornamentada, que contém as hóstias consagradas,
que representam o corpo de Cristo.) Todos os seminaristas tinham
seus turnos de meditação, diante do ostensorio. Não havia preces
predeterminadas -ficávamos à vontade para orar de acordo com
nossos sentimentos. Cada estudante, de joelhos ou sentado,
permanecia ali por trinta minutos de cada vez, durante todo o final
de semana.
Quando me sentei ali, na Sexta-Feira Santa, foi provavelmente a
primeira vez, desde aquela experiência com a mão luminosa, que
senti a presença de Deus. Encontrava-me na pequena capela,
olhando fixamente para aquela maravilhosa peça de arte adornada
com flores. Por mais ou menos vinte minutos, permaneci ali, apenas
olhando -e por todo esse tempo estive consciente da presença de
Deus, ao meu redor. Claro que não se tratava de uma figura
literalmente ao meu lado, mas uma sensação de imensa tranqüilidade
e paz dentro de mim. Foi exatamente a mesma sensação que tive aos
oito anos. Novamente, senti que aquela era a prova pela qual tanto
procurava, a prova de que Deus era um ser vivo. Sabia que não era
nada palpável, era muito maior, era algo no meu íntimo. Falou
direto ao meu coração -não através de palavras, mas do sentimento
de todo o inacreditável amor que Deus tinha por mim e do qual eu
fazia parte. Compreendi que a sensação da presença de Deus não


estava apenas no seminário ou na Igreja, mas em toda parte e em
tudo. Deus é ilimitado. Finalmente, eu tinha uma resposta e sabia que
esta era a razão de estar ali no seminário. Precisava ganhar esse
sentido da presença de Deus. Daquele dia em diante, nunca mais
duvidei da existência de Deus. Bastava olhar dentro do meu coração
para vê-Lo.
Depois dessa experiência, não me senti mais obrigado a concluir o
seminário. Sabia que não havia mais nada para aprender ali. Se os
professores tinham como objetivo me preparar para captar a
presença de Deus, já haviam obtido êxito. Dei-me conta de que
Deus era parte de mim e de cada coisa que realizo. Deus é amor
incondicional, compreensão, compromisso, justiça e honestidade.
Cada um de nós tem Deus dentro de si.
A vida no seminário me ensinou muitas coisas e, revendo a
experiência, sinto-me grato por tê-la tido. Descobri a mim mesmo, a
minha própria identidade, o que até então me fazia muita falta. Fui
obrigado a confrontar-me com outras pessoas e a reconhecer o que
tinham de bom e de mau. Ironicamente, o seminário também me
ajudou a decidir que o catolicismo não servia para mim. Encontrei
algo mais rico e profundo em que acreditar — Deus. E não era o
Deus que se sentava em um trono nos céus ou o filho de Deus
crucificado. Era o Deus de amor que habitava dentro de mim.
Depois dessas descobertas, me dei conta também de que não era
mais capaz de adorar o Deus prescrito pela Igreja, um Deus
ultrapassado e volúvel. Não podia mais acreditar numa mitologia
centrada na culpa e no castigo.
Até hoje acho inacreditável que a Igreja ensine tais coisas. Mas, por
favor, não me entenda mal. Qualquer um tem o direito de acreditar
no que quiser. Estou apenas falando a respeito da minha própria
formação religiosa.


COMUNICAÇÃO COM O OUTRO LADO


Deixei o seminário depois de um ano e fui para uma escola pública
em Nova York, onde estudei mais três anos. Afastei-me de casa
novamente, quando fui para a Universidade de São Francisco, para
fazer um curso de radiodifusão. Sonhava em ser roteirista de
cinema e de tevê. Levado pela sorte, coordenando uma conferência
com a equipe de criação do seriado Hill Street Blues, tornei-me
amigo de um dos produtores do programa. Quando lhe disse que
estava perto de me formar, ele me ofereceu o que considerei minha
primeira oportunidade real. Nunca esquecerei aquelas palavras
mágicas:

— Ligue para mim, quando chegar a Los Angeles. Provavelmente,
poderemos empregar você como assistente de produção.
Um assistente de produção. De repente, minha vida parecia
encaminhada.
Depois de formado, não perdi tempo. Voltei para Nova York,
comprei um carro, empacotei minhas coisas e fui para o Oeste.
Entrei em Los Angeles em 7 de julho de 1982. Finalmente, estava na
divisão principal do campeonato. Conquistara Hollywood. Jurei
que não deixaria a cidade até realizar meu sonho de tornar-me um
roteirista. Telefonei para o meu amigo, o produtor, para anunciar
que estava preparado para começar no novo emprego... Só que não
havia emprego nenhum.
Sobrevivi à custa de empregos temporários, até arrumar uma
colocação de tempo integral no porão da Agência William Morris.
Era responsável pela charmosíssima tarefa de arrancar os grampos
dos arquivos que estavam sendo preparados para microfilmagem.
Passava a maior parte do dia sonhando em me tornar um famoso
roteirista de cinema e em gozar de uma vida fantástica. Embora não
tivesse o trabalho dos meus sonhos, tinha a estranha sensação de
que era importante para mim permanecer ali. Logo descobriria por
quê.

Um dia, minha supervisora, Carol Shoemaker, e eu estávamos
discutindo metafísica. Ela tinha uma consulta marcada com um
médium chamado Brian Hurst.
-Quer vir comigo? -ela convidou.
Não tinha a menor idéia do que era um médium, mas aquela era
pelo menos a chance de sair da sala de correspondência e descobrir
algo novo.
Chegamos a Manhattan Beach um pouco antes das sete -a hora da
consulta. Talvez sete fosse a hora das bruxas para mim. Estava um
pouco nervoso com tudo aquilo. Minha cabeça, volta e meia,
escapulia de volta para a sessão com Scott e Janis. Comecei a me
perguntar se tentar conversar com os mortos era uma idéia tão boa
assim.
O inglês sorridente com grandes olhos verdes que nos recebeu na
porta não me tranqüilizou nem um pouco. Quando se apresentou,
achei que ele parecia simpático demais para a profissão que exercia.
Enquanto ele nos conduzia pela casa, minha mente acelerava-se,
conjurando as imagens dos demônios que aquele feiticeiro poderia
invocar. Carol e eu nos instalamos em um sofá confortável de um
laranja brilhante. Estávamos prontos para a decolagem? Eu,
sinceramente, não tinha nenhuma certeza.
Brian levou meia hora descrevendo como seria a experiência que
estávamos prestes a ter. Explicou que era clariauditivo -literalmente,
ele era capaz de escutaras vozes dos espíritos.
-Os espíritos estão numa vibração muito mais rápida. Falam
muito rápido. Às vezes, parece o código Morse. Pego pedaços de
informação do que dizem, como se fossem piados e bips.
Ao terminar a explicação, ele disse que o pai de Carol estava de pé,
no canto da sala.


-Parece que ele feriu um dos dedos.
Carol respondeu que seu pai havia cortado um dos dedos pouco
antes de morrer. Eu estava espantado. Como ele poderia saber disso?
Fiquei sentado na beira do sofá, aguardando por mais.



Brian continuou a falar do pai de Carol. Nenhuma vela se moveu
por ali, nada de batidas na mesa também.
Vinte minutos mais tarde, Brian voltou-se para mim. Disse que
havia um outro James, em espírito, que me dera seu amor e que
acompanhava minha vida com muito interesse. Não tinha a menor
noção de a quem ele estaria se referindo. Tempos depois, descobri
que de fato eu tivera um tio chamado James, que morrera alguns
anos antes.
Perto do fim da sessão, Brian falou;
-James, você sabe que tem poderes mediúnicos muito
desenvolvidos? Os espíritos estão me dizendo que um dia você dará
consultas como esta às pessoas. Os seres espirituais têm planos para
você.
Não sabia como responder a essa predição. Meus objetivos na vida
eram completamente diferentes. E não estava absolutamente pronto
para uma virada de 180 graus. Um pouco nervoso, retruquei:
-Tenho bastantes problemas querendo entender os vivos. Por que
iria começar a falar com os mortos?
Brian simplesmente sorriu e, com toda calma, assegurou:
-Um dia, é exatamente isso o que você vai fazer.

A EXPLORAÇÃO DE MEUS PRÓPRIOS PODERES PSÍQUICOS

A predição de Brian ficou me atormentando por muitos meses
depois dessa sessão. Na ocasião, ele havia explicado que nem todo
mundo era capaz de elevar sua própria vibração a um nível que
habilitasse a comunicação direta com os espíritos.

-Felizmente, James, você possui essa capacidade.
Fiquei fascinado com o contato de Brian com o mundo espiritual e
muito curioso a respeito do que ele afirmara quanto à possibilidade
de eu fazer a mesma coisa. A velha curiosidade da minha infância
retornara com toda força. Por que eu? O que foi que eu fiz para me


qualificar para esse tipo de coisa? Em meu coração, já sabia que aquele
seria meu futuro, e que todas as minhas experiências até então
tinham me preparado para essa mudança de rumo. Mas minha
cabeça não conseguia aceitar essa estranha perspectiva. Não era essa
a vida que eu havia planejado. "E a minha carreira como roteirista?
Não fora essa a razão da minha vinda a Los Angeles? Haveria outro
plano para mim?" Decidi avaliar meus poderes psíquicos.
Comprei todos os livros que pude encontrar sobre poderes
psíquicos ou desenvolvimento da mediunidade. Muitos desses
livros descreviam diferentes técnicas para fazer evoluir a habilidade
psíquica que todos possuímos.
Algumas dessas técnicas estão exemplificadas a seguir: eu precisava
segurar um objeto bem próximo aos meus olhos e verificar que
sensações poderiam surgir a respeito daquilo que tinha em mãos.
Essas sensações poderiam ter a forma de imagens, sons, nomes ou
emoções. Outra técnica consistia em segurar o retrato de uma
pessoa ou de um grupo de pessoas e escrever em um pedaço de
papel todos os pensamentos que me ocorressem sobre as pessoas na
foto, tais como suas idades, seus gostos, o que as desagradava, se
estavam felizes, tensas, ou preocupadas a respeito de alguma coisa e
assim por diante. Um dos exercícios exigia a participação de um
grupo de pessoas. Uma pessoa tinha que se sentar em uma cadeira,
de frente para as demais. Outra precisava postar-se de pé um passo
atrás da pessoa sentada, fora de seu campo de visão, portanto. A
pessoa sentada deveria descrever tudo o que sentisse a respeito da
pessoa de pé. Seria a energia de um homem ou de uma mulher?
Quais seriam as características mais destacadas dessa pessoa? Como
eram suas roupas? A pessoa usava óculos?
Todos esses exercícios são concebidos para ajudar a pessoa
interessada a utilizar suas sensações, e não seu lado racional, para
captar o mundo ao seu redor. Logo, eu estava incorporando muitos
deles ao meu cotidiano. Por exemplo, no meu caminho para o
escritório, tentava adivinhar qual o elevador que chegaria primeiro


ao térreo. Ou tentava intuitivamente visualizar as cores das roupas
que meus colegas de trabalho estariam vestindo. Quanto mais
exercitava minha intuição, mais meus palpites mostravam-se
corretos.
Em diversas ocasiões, considerei esses exercícios muito úteis e
mesmo divertidos. Lembro que, ao organizar uma reunião no salão
de conferências em que trabalhava, tentei adivinhar quantas
pessoas compareceriam. Minha primeira impressão fixou-se no
número vinte e quatro. Assim, sem consultar a ninguém, dispus
vinte e quatro cadeiras e vinte e quatro copos de água. Nessa altura,
muitos de meus colegas de trabalho sabiam de meus jogos psíquicos
e, assim, não ficaram surpresos ao encontrar a sala arrumada
daquele jeito. Depois de tudo pronto, o grupo começou a entrar pela
porta. Cada um sentava-se em seu lugar, até chegarem a vinte e dois
participantes. Não me conformei: "Como pude errar por dois?"
Minha colega Jodie piscou para mim, como se dissesse: "Melhor
sorte na próxima!" Nem é preciso dizer que fiquei profundamente
desapontado. Cinco minutos já decorridos da reunião, e o supervisor
anuncia que tínhamos um novo empregado na firma. A porta
abriu-se e vimos entrar o Sr. Ryan e sua secretária, Carmen. Eles
sentaram-se nas cadeiras restantes. Foi minha vez de voltar-me para
Jodie e piscar para ela: "Eu sabia!"
Quando adquiri mais confiança na minha intuição, comecei a captar
coisas sobre as pessoas — a ler as pessoas. Era minha maneira de
sintonizar com o interior dos outros, em um nível emocional. Creio
que você pode chamar isso de algo que vem das entranhas. Funcionava
do mesmo jeito que utilizava com os retratos. Eu tentava captar o
que estava se passando no íntimo das pessoas. Tratava-se de uma
boa pessoa? Estaria escondendo alguma coisa? Era feliz ou triste?
Quais seriam seus desejos na vida? O que a motivava?

Registrava minhas sensações e então comparava com a pessoa
física, de maneira a verificar se o que havia captado intuitivamente
se encaixava com a realidade. No início, levei algum tempo até


descobrir que perguntas fazer a mim mesmo. Mas, depois, parecia
que, em poucos segundos, eu era capaz de /era pessoa.
Novamente, descobri que, quanto mais seguisse minha primeira
intuição, mais era capaz de acertar. Precisava aprender a não ter
medo de me perguntar: "Será que a minha primeira sensação foi
distorcida por meus preconceitos ou por meu julgamento? Foi de
fato a minha primeira sensação, ou já é um pensamento elaborado?"
Logo tornou-se claro para mim que aprender a confiar nos meus
palpites e seguir meu instinto seria sempre válido, independente
das minhas razões para fazê-lo ou do sentido que minha vida
tomava.
Depois de um ano, seguindo meu programa de desenvolvimento da
intuição, minha sensitividadehavia crescido enormemente. Meus
colegas de trabalho começavam a me convidar para perguntar
coisas sobre o futuro. A maioria das dúvidas dizia respeito a
relacionamentos -e essas vibrações eram as mais fáceis de ler. Pelo
menos, eu era sempre capaz de dizer se havia algo errado. Comecei
a captar imagens mentais dos rostos das pessoas sobre quem
conversávamos. Poderia dizer a cor de seus cabelos e de seus olhos,
descrever a linha da boca e do queixo, e algumas vezes mesmo
alguma marca de nascença. Quase sempre, conversando ao telefone
com a pessoa sobre quem algum colega queria fazer perguntas, era
capaz de descrever suas características físicas. Podia também dizer
que tipo de sentimento havia entre os dois.
Por exemplo, certa vez, li para uma moça chamada Paula, falando
com ela ao telefone. Quando ela perguntou alguma coisa sobre seu
namorado, Michael, imediatamente sintonizei com ela, em sua
vibração emocional, e a senti muito solitária. (É muito mais fácil
fazer isso ao telefone, porque a aparência física não interfere na
sensação.) Disse-lhe o que sentia e que ela desejava
desesperadamente ter uma relação normal e equilibrada com
Michael, mas que ele não estava disponível emocionalmente para
um relacionamento desse tipo. Ela respondeu apenas:


-Eu sei...
Mais tarde, disse-lhe que ele não apenas estava distante dela,
emocionalmente, mas, fisicamente, nem sempre estava por perto.
(Quando duas pessoas compartilham um relacionamento, a energia
de cada parceiro permanece com o outro. Se um casal passa pouco
tempo junto, essa energia em volta de cada um se dispersa
significativamente.)
Em outra ocasião, uma jovem chamada Cindy perguntou-me o que
eu achava do seu noivo. Senti a energia de Cindy pelo telefone e
perguntei o nome de seu noivo. Procurei sintonizar-me com seu
nome e com a energia que ele deixara com ela e captei algo
completamente desequilibrado. Disse-lhe que não julgava que seu
noivo fosse uma boa escolha para ela e sugeri que adiasse o
casamento por algum tempo. Ela reagiu fortemente:

-Você está completamente enganado!
E assim nos despedimos... Dois anos mais tarde, uma amiga
relembrou aquela conversa, por telefone, com Cindy, contando-me
que a moça de fato havia se casado, três meses depois. O casamento
durou cinco meses, e o casal havia se divorciado recentemente.
Não quero dar a você a impressão de que nunca erro. Claro que
erro. Só quis explicar que, para mim, o modo mais fácil de ler as
pessoas é através das emoções. As emoções são energia em estado
bruto e, quer se dê conta ou não, a maioria das pessoas traz o
coração à flor da pele.
Com o correr do tempo, fui me acostumando progressivamente a
usar minha intuição, que com isso tornava-se cada vez mais forte,
aumentando minha confiança nela. Logo, meus amigos e os amigos
dos meus amigos começaram a me chamar e a fazer perguntas sobre
suas vidas. Nunca me ocorreu lhes cobrar por isso, porque ainda
estava aprendendo. Além do mais, minha maior recompensa era ver
confirmadas minhas impressões intuitivas. Foi durante esse período
de aprendizado que a predição de Brian sobre a comunicação com
os espíritos revelou-se correta. Estava falando ao telefone com uma


jovem sobre um problema pelo qual ela estava passando.
Subitamente, tive o irresistível desejo de lhe perguntar se ela
conhecia alguém chamada Helen.
-Sim... Minha avó se chamava Helen. Ela morreu faz um ano.
-Ela está me enviando um pensamento sobre... Idaho -continuei.
-Era onde ela morava! -exclamou a jovem.
-Sua avó está me dizendo que costumava fazer croché e fez
algumas almofadas para o sofá. Diz que insistia em manter seu
banquinho para os pés no lugar certo, o tempo todo. Ela diz
também que adora ficar olhando para o estampado de rosas que
forra o banco. Helen quer que você saiba que fez um igual àquele,
no céu.
No outro lado da linha fez-se um longo silêncio. A garota estava
chocada, mas pôde constatar que tudo o que eu disse era verdade.
Eu desliguei o telefone e, imediatamente, engoli duas aspirinas. Não
conseguia acreditar no que estava acontecendo. A predição de Brian
havia se confirmado -eu, de fato, conversava com os espíritos.
Mesmo depois de tudo o que estudara e o que já havia vivido, não
estava de forma alguma preparado para aquele momento. Todo um
mundo novo de inacreditáveis sensações e descobertas havia se
aberto para mim. As possibilidades eram excitantes; e as
responsabilidades, enormes.
Descobri que quando eu elevava minha vibração para atingir o
outro lado, a conexão me infundia uma incrível sensação de
liberdade, de amor e de alegria. Era o que eu havia sentido, ao
captar a presença de Deus, quando criança. Manter a vibração
naquele nível me exauria, mas a recompensa fazia valer a pena. A
dificuldade começava quando a sessão já havia terminado e eu
precisava me situar novamente no mundo tridimensional, no
mundo físico. Precisei desenvolver todo um novo sentido de
equilíbrio, para não enlouquecer.

Os pedidos se avolumavam. Nunca fiz nada para obter clientes eles
vieram a mim por força do boca-a-boca. Em breve, os pedidos


eram tantos, que cheguei à conclusão de que precisava fazer uma
escolha. Deveria permanecer no meu novo emprego, no departamento de
contratos da Paramount, ou deveria exercitar o dom que recebera, com
dedicação integral? Na verdade, nunca houve escolha. Foram tantas
as experiências por que passei, me levando àquele ponto, que
somente me faltavam coragem e autoconfiança para dar o passo
seguinte. E foi o que eu fiz.
Nos últimos dez anos, tive o privilégio de conversar com milhares
de pessoas, através de consultas individuais, encontros de grupo,
simpósios internacionais e, mais recentemente, no rádio e na
televisão. As experiências -algumas das quais você vai conhecer por
meio deste livro -têm sido extremamente gratificantes,
intensamente envolventes, do ponto de vista emocional, e
extraordinariamente positivas. Aprendi a me libertar dos
condicionamentos do meu ego e permitir à minha vida dirigir-se
para onde quiser me levar. Tem sido, com toda certeza, uma
aventura das mais excitantes. E mal posso esperar para ver o que
vem depois.

NO QUE EU CREIO

Desde aquela experiência da mão brilhante, quando eu tinha oito
anos, e dos anos na escola católica, tenho vivido numa busca
espiritual. Freqüentemente me perguntam se acredito na existência
de Deus, no céu e no inferno. Baseado no meu trabalho de
comunicação espiritual, e nas centenas de livros que li, cheguei a
algumas conclusões.
Para começar, eu acredito em Deus. De fato, acredito que todos nós
somos Deus. O que isso significa? Eu acredito que fomos feitos à
semelhança de Deus. Não estou falando de características humanas,
mas de qualidades espirituais. Podemos parecer diferentes,
exteriormente, mas nosso íntimo é absolutamente o mesmo.


Quando nos tornamos conscientes da presença espiritual,
começamos a ver a Luz Divina dentro de cada pessoa e, com esse
saber, começamos a nos dar conta de que somos todos uma única
coisa, a mesma coisa. Todos fomos feitos da Chama de Deus. Mesmo
a mais baixa das criaturas, rastejando pelo chão, é feita dessa mesma
matéria-prima. Mesmo os que parecem cruéis, perversos, são feitos
da Chama Divina. As pessoas cruéis são talvez as mais distantes do
que é Deus. Deus é perfeição em tudo. Deus é criatividade em todas
as coisas. Cada um de nós é perfeito, se procurarmos apenas nossa
parte divina. No entanto, a maioria de nós se apega ao ego ou à
nossa parte humana, e assim raramente se aproxima da verdade de
quem somos.
Onde Deus habita? Dentro de nós. No âmago de nosso ser. Deus é a
nossa essência. É a própria vida. Não acredito que Deus seja uma
figura postada lá no alto, no espaço, olhando para nós, aqui
embaixo. E, enquanto muitos já representaram a grande Luz de
Deus na forma humana, a mesma Chama Divina que está neles está
em cada um de nós. Deus é a minha luz, a sua luz, a mesma luz de
todos os seres. A diferença pode estar no grau -algumas luzes são
mais brilhantes do que outras e algumas são muito fracas.
Em segundo lugar, acredito, sim, no Paraíso. Pessoalmente, acredito
que o Paraíso é o além, o outro lado do nosso mundo físico, e que se
parece muito com este nosso mundo daqui, com seus sons, suas
imagens -sempre, no entanto, mais vívidas, mais coloridas. O
Paraíso é o lugar onde se pode passear num jardim, andar de
bicicleta ou remar a bordo de um barco. De fato, podemos fazer
qualquer coisa no Paraíso, contanto que tenhamos merecido fazê-lo.
No entanto, muitos estão obstruídos pela idéia do Paraíso cristão.
Sempre me pergunto: "Para onde vão os muçulmanos ou os judeus,
quando morrem?" Certamente, não são obrigados a entrar no
Paraíso cristão. Obviamente, cada religião tem seu próprio Paraíso e
seu próprio inferno.


Acredito que haja diferentes planos no Paraíso. E que vamos para o
plano que criamos com nossos pensamentos, palavras e atos aqui na
Terra. Aqueles que desenvolveram um mesmo nível espiritual irão
habitar no mesmo plano do Paraíso. Seres mais desenvolvidos
espiritualmente irão se situar num plano mais elevado. Os menos
evoluídos, em um plano mais baixo. Não podemos alcançar um
plano mais alto, até merecermos isso. No entanto, os seres no plano
mais alto podem vir para esferas mais baixas e, em muitos casos, é o
que fazem, com o objetivo de ajudar e assistir os menos capacitados.
Então, para onde vão os maus, os perversos? Vão para o Paraíso ou
para o inferno que criaram a partir de seus pensamentos, palavras e
atos aqui na Terra. Também eles convivem com outros seres que
estão no mesmo nível de desenvolvimento espiritual.
Neste livro, espero ajudá-lo a esclarecer suas próprias crenças para
que você, assim como eu, tenha uma resposta às dúvidas sobre
Deus e sobre o mundo espiritual.

CAPÍTULO 2

O Dom

O que é energia? Energia é tudo. Para defini-la em termos bastante
simples, a energia é composta de moléculas girando ou vibrando
em várias velocidades. Em nosso mundo físico, as moléculas giram
em uma velocidade muito baixa. No mundo físico, também, tudo
vibra em uma velocidade constante. E por isso que as coisas na
Terra parecem sólidas. Quanto menor a velocidade, mais densa ou
mais sólida é a coisa -por exemplo, a cadeira na qual você está se


sentando, este livro que você lê, a casa em que vive e, é claro, o seu
corpo físico. Para além do mundo tridimensional, as moléculas
vibram muito mais rapidamente. Portanto, em um ambiente tão
sutil, ou em uma dimensão etérea, como é o mundo espiritual, as
coisas são mais livres e menos densas.
Dentro de nosso corpo físico há um outro corpo usualmente
chamado corpo astral, etéreo, ou corpo espiritual. Esse corpo é uma
réplica exata de nosso corpo físico e, como tal, possui olhos, cabelos,
mãos, pernas e tudo o mais. A grande diferença entre nosso corpo
físico e o corpo etéreo é que as moléculas deste vibram em uma
velocidade muito maior do que as da sua contraparte física.
Normalmente, não podemos ver o corpo astral. No entanto,
algumas pessoas, valendo-se de poderes psíquicos, são capazes de
enxergá-lo. Durante a transição que chamamos de morte, o corpo
etéreo é liberado do corpo físico. O corpo etéreo não é sujeito a
moléstias, nem ao envelhecimento, como acontece com o corpo
físico, e pode mover-se de um ponto para o outro através do
pensamento.

UM MÉDIUM PODE TER MUITAS HABILIDADES

Aqueles que são capazes de sintonizar a vibração mais veloz,
própria dos corpos espirituais depois da morte, seja de maneira
física ou mental, são chamados sensitivos ou médiuns. Como o termo
sugere, um médium é um indivíduo que está no meio das partes,
um mediador ou intermediário, uma pessoa que transita entre o
mundo físico e o espiritual. Um médium é capaz de usar sua
energia para ultrapassar o tênue véu que separa a vida física da
vida espiritual.
Vou expor uma forma de conceber a mediunidade. Os seres
humanos são dotados de uma mente superconsciente, de uma
subconsciente e da mente consciente. Na mediunidade, todos os


pensamentos, sensações e visões são transmitidos através da mente
superconsciente do médium, ou da mente espiritual. Constantemente,
captamos impressões espirituais dessa exata maneira, mas o
médium é capaz de interpretá-las. A mensagem então se transfere
para a mente consciente e é revelada.
O termo psíquico é usado freqüentemente como uma palavra
genérica para denominar todo aquele que se dedica ao trabalho
para-normal. Todo mundo é psíquico, em algum nível, mas nem
todos são médiuns. Um médium não é alguém que lê a sorte. Em
outras palavras, os médiuns são psíquicos, mas nem todos os
psíquicos são médiuns. Tanto o poder psíquico quanto a
mediunidade usam os mesmos mecanismos da mente, mas a
mediunidade difere de ser psíquico, ou do poder psíquico. Assim
como a mediunidade, o poder psíquico é dotado de telepatia.
Telepatia é apenas uma outra palavra para comunicação de uma
mente para outra. Por exemplo, você está com um amigo e, de
repente, diz exatamente o que ele está pensando. Seu amigo, então,
exclama: "Puxa, você tem poderes psíquicos!" Uma pessoa dotada
de tais poderes é capaz de ler um objeto inanimado ou uma outra
pessoa, sintonizando a energia que emana desse objeto ou pessoa. E
na aura desse objeto ou dessa pessoa que o indivíduo dotado de
poder psíquico capta o que a seguir interpreta em revelações sobre o
passado e o futuro daquele ou daquilo que lê. Uma pessoa com
poderes psíquicos pode também receber a energia de um objeto ou
de uma pessoa através de sensações ou olhando para ela. Ocorre
que, como não há a dimensão do tempo no mundo da energia,
poucos dotados são capazes de situar precisamente no tempo a
informação que recebem.
Por outro lado, um médium é uma pessoa capaz de sentir e/ou de
escutar pensamentos, vozes, impressões mentais do mundo
espiritual. Também os espíritos usam a telepatia. Um médium é
capaz de tornar-se completamente receptivo à freqüência mais alta
ou às energias em que os seres espirituais vibram. Assim, a mente


de um espírito se funde à mente superconsciente do médium ou
imprime-se nela. Dessa maneira, a mensagem vai para a mente
consciente, e o médium torna-se capaz de dizer o que o espírito está
pensando ou sentindo. A mediunidade exige mais envolvimento do
que o poder psíquico, porque o médium está lidando com uma
energia desencarnada. O poder psíquico não traz informações de um
espírito que está num nível de freqüência mais alta. Um
desencarnado utiliza muito da energia vital do médium para enviar
sua mensagem. O médium trabalha diretamente com o espírito, e
ambos precisam estar dispostos a tomar parte no processo de
comunicação -de outra forma, não haverá comunicação alguma.
O conceito de mediunidade fica mais evidente nos sonhos. Muitas
vezes, sonhamos com parentes ou com amigos que já morreram.
Alguns desses sonhos parecem tão reais que somos capazes de
afirmar que estivemos com eles. E nos despertam emoções muito
poderosas. Isso ocorre porque, enquanto sonhamos, estamos de fato
com nossos entes queridos em um plano espiritual. Quando
dormimos, nosso corpo astral ou etéreo viaja para regiões nãoterrenas
onde reencontramos aqueles que amamos e com quem
podemos nos comunicar.
A mediunidade em si pode ser dividida em muitas categorias. A
primeira, e a mais comum, é a mediunidade mental. Como a
palavra mental denota, essa forma de mediunidade se utiliza da
mente -da mente intuitiva, cósmica, não da mente racional e lógica.

Esse tipo de mediunidade manifesta-se de diversas maneiras:
clarividência, clariaudição, clarisensibilidade e pensamentos
inspiradores.

Clarividência
A palavra significa visão clara. Um clarividente aplica seu sentido
inato, sua visão interior, para ver objetos, cores, símbolos, pessoas,
espíritos, cenas. Essas imagens não aparecem para o olho normal e,
geralmente, surgem como um flash dentro da mente do médium,



como se ele as estivesse vendo fisicamente. Na maioria dos casos,
devem ser reconhecíveis para a pessoa que consulta o vidente, a
quem passarei a me referir como o consulente.

Clariaudição
O termo significa audição clara. Um clariaudiente possui o que se
pode chamar de ouvido psíquico ou ouvido sensitivo. É capaz de
escutar sons, nomes, vozes e músicas que vibram numa freqüência
mais alta. Assim como os cachorros, cuja audição capta freqüências
mais altas do que os humanos, os médiuns desse gênero são
capazes de ouvir sons em uma freqüência mais alta de vibração. A
clariaudição transmite ao consulente as palavras que o médium
capta na freqüência mais alta de vibração. Embora ele escute as
vozes dos espíritos ou seus murmúrios com a mesma inflexão que
usariam em suas vidas terrenas, transmite ao consulente as palavras
em sua própria voz.

Clarisensibilidade
Essa forma de mediunidade expressa-se através de sensações claras.
Um médium dotado de clarisensibilidade é capaz de sentir a
presença dos espíritos no ambiente. Um verdadeiro médium com
tal dom normalmente sente a personalidade espiritual penetrando em
seu ser como um todo. Ele é capaz de transmitir mensagens ao
consulente através de sentimentos e emoções fortes e empáticos
vindos do espírito. Não apenas a mente do médium é utilizada no
processo, mas também seu corpo emocional.

Pensamentos inspiradores

Também chamado de fala inspiradora, escrita inspiradora, arte
inspiradora. Nesse caso, o médium recebe pensamentos,
impressões, conhecimentos -sem nenhuma premeditação. Difere da
clarisensibilidade porque o envolvimento emocional não é tão


evidente quanto no contato com a personalidade espiritual. Os
pensamentos inspiradores são extremamente objetivos. Não
canegam nem a intensidade emocional nem a personalidade
espiritual acoplada à mensagem, como acontece na
clarisensibilidade. Embora os pensamentos inspiradores provenham
dos espíritos, a personalidade do espírito não se imprime no
receptor.
Em muitos casos, um grupo de almas pode imprimir um receptor
terreno com pensamentos inspiradores. O grupo de almas funde
seus pensamentos e os imprime na pessoa, que assim compõe uma
melodia ou pinta um quadro. Aqui também o processo não corre no
plano emocional, mas puramente através da inspiração. Grandes
artistas como Michelangelo, Monet, Renoir e compositores como
Bach, Mozart e Schubert eram médiuns. Famosos cientistas e
pesquisadores do passado também eram médiuns e utilizavam
pensamentos inspiradores. Bem à nossa volta, hoje em dia, temos
maravilhosos artistas, músicos, escritores, atores e oradores que
usam a arte mental mediúnica dos pensamentos inspiradores.
O segundo tipo de mediunidade é a física, e difere bastante da
mediunidade mental. Na mediunidade física, o corpo físico
desempenha um papel; na mediunidade mental, apenas a mente do
médium entra em ação. Recepção1 é uma forma bem conhecida de
mediunidade física.
Há uma substância que emana de nossos corpos, chamada
ectoplasma. A palavra vem do grego: ektos, que vem de fora, externo,
e plasma, algo moldado. O ectoplasma foi descoberto pelo Dr.
Charles Richet, um professor francês de fisiologia, depois de
observar uma substância nebulosa que emanava do corpo de
diversos médiuns. O ectoplasma é invisível, e ainda assim varia de
estado e de densidade. Pode aparecer como gás, líquido ou mais
comumente -como algo semelhante a uma gaze, como a utilizada
nas ataduras. Não tem cor nem cheiro e pesa algo em torno de 8,6

1 Em inglês: channeling.


gramas por litro. Pode ser encontrado na maioria das pessoas, mas é
especialmente desenvolvido nos médiuns. Pode ser melhor visto no
escuro, já que a substância é extremamente sensível à luz. O
ectoplasma pode emergir dos ouvidos do médium, da boca, do
nariz, ou da área do plexo solar. Esse material viscoso pode ser
utilizado de várias formas, como veremos a seguir.

A caixa de voz
Nesse tipo particular de mediunidade, o ectoplasma é utilizado
para formar uma caixa de voz artificial, através da qual emana a voz
do espírito. A voz é semelhante ou mesmo exatamente igual à do
indivíduo quando este vivia no plano terreno. Já presenciei quatro
sessões nas quais esse fenômeno foi apresentado. Tive a sorte de
consultar-me com o famoso Leslie Flynt, um médium inglês de dons
físicos. Leslie recebia muitas celebridades em suas sessões. Uma das
mais assíduas era Mae West -ela própria tinha o hábito de
promover sessões. Na minha terceira consulta, minha mãe apareceu
e sua voz soava exatamente a mesma de quando estava viva. Ela me
chamou pelo meu apelido, que ninguém mais sabia, somente nós
dois. A experiência foi, para dizer o mínimo, inspiradora e
inesquecível. Infelizmente, esse tipo de mediunidade é rara.
Conheço apenas um outro médium ainda vivo capaz de criar tal
fenômeno.

Materialização
Essa é a forma mais rara de mediunidade física e a mais impressionante.
Os espíritos podem moldar qualquer coisa, desde membros
do corpo, rostos, cabeças, torsos, até o corpo completo, réplicas
exatas de suas aparências terrenas. A densidade dessas materializações
depende bastante do estágio de desenvolvimento do médium.
Houve médiuns materializadores muito famosos no começo do
século. Entre eles, Jack Webber, Ethel Post-Parrish e Helen Duncan.


Transporte

O transporte é o fenômeno no qual diferentes objetos, tais como jóias,
flores, moedas e outros, materializam-se durante a sessão. Acredita-
se que esses objetos desmaterializam-se em algum lugar e
materializam-se em outro. Mas também se julga possível que o
objeto materializado seja moldado pelo mundo espiritual.

Cura espiritual
Uma outra forma de mediunidade é a cura espiritual. O corpo de
um médium é imbuído de energia curativa proveniente do mundo
espiritual. Depois de muita prática, um médium pode até mesmo
curar diversas enfermidades consideradas fatais. Trata-se de algo
diferente da cura magnética, na qual as próprias forças vitais do
médium são utilizadas na cura.

Fotografia espiritual
Esse tipo de mediunidade é mais comum. Figuras com aparência
fantasmagórica ou réplicas exatas de indivíduos desencarnados
aparecem em fotografias. Podem ser vistos também, nessas fotos,
luzes ou clarões esbranquiçados e flashes.
Sou um médium mental, que me utilizo dos dons da clarividência e
da clarisensibilidade. Usualmente, digo ao consulente que sou
apenas um telefone do mundo espiritual. Da mesma maneira como
captamos pensamentos diariamente, estou sempre atento e sensível
às freqüências de pensamento que os espíritos criam e enviam para
a minha consciência. Para sintonizar os pensamentos e sentimentos
dos espíritos, preciso elevar minhas vibrações e, em contrapartida, o
espírito precisa baixar as suas. Algumas vezes, isso pode ser muito
difícil. Geralmente, não escuto frases inteiras, como acontece numa
conversação normal com seres humanos. Quando um espírito diz:
-Olá, como você está hoje? Posso escutar:
-...á, como... je?


Quando atendo alguém, é importante que a energia do quarto esteja
em estado de muita harmonia para ambos -para mim e para o
consulente. Prefiro fazer minhas consultas em casa, onde as
condições estão sempre sob controle, onde há silêncio, paz e um
ambiente aprazível. Quando o consulente senta-se à minha frente,
posso imediatamente dizer se está nervoso, zangado, apreensivo,
assustado, meditativo, aberto ou fechado ao que irá acontecer. Em
outras palavras, posso sentir a energia que o rodeia. Se necessário,
conduzo-o a um relaxamento, por meio de uma breve meditação.
Depois disso, quando a pessoa se tranqüiliza, explico como eu
trabalho e o que ela pode esperar. Os clientes são sempre
autorizados a gravar em fita-cassete as sessões.

COMUNICAÇÃO COM OS ESPÍRITOS

Quando capto sutis energias intensificando-se em torno de mim,
relaxo e abro minha mente àqueles que desejam comunicar-se.
Repito para o consulente tudo aquilo que recebo, sem pensar nem
tentar interpretar as palavras. Mesmo que o pensamento não faça
sentido para mim, pode muito bem ser compreendido pelo
consulente. Embora tente não analisar o que escuto, acabo fazendo
isso algumas vezes. No entanto, preciso lembrar constantemente
que aquilo que pode parecer irrelevante para mim pode ser
importante para o consulente.
Mais ainda, na clarisensibilidade posso sentir a situação de morte,
associada ao indivíduo que empreende o contato. Quando o espírito
retorna à atmosfera terrena, capta a lembrança associada à sua
última experiência neste plano. Para quase todos nós, a morte é a
nossa experiência mais vívida. Por exemplo, quando determinada
pessoa morre de um ataque cardíaco, posso sentir sua presença
espiritual por meio de uma dor opressiva atravessando meu peito.
Se alguém morre de câncer ou de AIDS, posso sentir a degeneração
em meu corpo. Se uma morte ocorre de maneira súbita, tal como um


assassinato, pode acontecer uma espécie de solavanco no meu
corpo. Se a morte foi por suicídio, minhas sensações vão variar de
acordo com a maneira como o ato foi consumado. Em outras
palavras, se alguém se mata com pílulas, posso sentir um peso no
estômago e certa tontura. Se a pessoa se mata a tiro, a sensação é
uma dor aguda na região na qual a bala entrou. Minhas primeiras
impressões se manifestam em um nível emocional. Portanto, se o
espírito está contrariado e chorando, posso também sentir-me deprimido
e começar a chorar. Se um espírito está rindo, contando
piadas, também começo a rir.
A personalidade do espírito quase sempre acompanha os
pensamentos emocionais transmitidos. Por exemplo, se o espírito na
vida terrena tinha uma personalidade autoritária, minha voz pode
assumir um tom de comando. Se é uma personalidade do tipo
língua afiada, posso dizer coisas desagradáveis. Se o indivíduo era
pouco emotivo e fechado para seus sentimentos, nada expansivo,
portanto, o médium terá muita dificuldade em descrever suas
emoções.
Normalmente, os espíritos transmitem mensagens que o consulente
compreende com facilidade. No começo da transmissão, o espírito
dará seu nome, ou contará onde viveu, ou narrará um fato
insignificante, mas que forneça ao consulente a prova de que seu
ente bem-amado está presente. Muitas vezes, os espíritos fornecem
informações triviais, que apenas o consulente conhece. Por exemplo,
a avó de um consulente pode dizer que apreciava um forro florido
que cobria seu sofá. Ou poderá falar sobre aquelas caixas de livros
que o consulente, recentemente, desempacotara, arrumando os
volumes na segunda prateleira de sua estante.
Muitas pessoas me perguntam por que os espíritos se dão ao
trabalho de vir a nós para proferir tais banalidades, se há tanta coisa
mais profunda sobre os segredos da existência, a respeito das quais
poderiam falar. A resposta é muito simples: são as revelações mais


simples que provam ao consulente que o espírito existe e que está
de fato se comunicando com ele.
Se o espírito tinha um hobby ou alguma atividade particular,
enquanto esteve na Terra, é muito provável que revele esses
interesses durante a consulta. Por exemplo, tive uma cliente cujo
falecido marido lhe disse para certificar-se de encher sempre o
potinho no qual se alimentavam os pássaros, pendurado na árvore
no jardim de trás da casa.
-Meu Deus! -ela exclamou. -É ele. Toda manhã, ele ia até a árvore
e tornava a encher o tal potinho. Não posso acreditar. Ele tem razão.
Esqueci-me de botar mais sementes nele, esta semana. Tudo tem
estado tão confuso.
Para qualquer outra pessoa, essa mensagem pode parecer bastante
trivial, mas para a consulente era uma comprovação de que ela
estava realmente conversando com seu marido. Nomes já são
importantes, mas detalhes pequenos ajudam a demonstrar que a
comunicação com o espírito é autêntica. Fornecem a prova de que o
espírito é realmente quem diz ser.
Precisamos nos dar conta de que, quando alguém passa para o
outro lado da vida, isso não significa que tenha desvendado os
segredos do Universo. Na morte, apenas o corpo físico é descartado,
assim como nos descartamos de um casaco velho. De fato, a
personalidade permanece a mesma, completa, os gostos,
preconceitos, talentos e atitudes. Com o tempo, um espírito pode
progredir para um nível espiritual mais elevado e talvez iluminar-
se. Mas também isso varia bastante de um caso para o outro.
Precisamos entender que o conhecimento de um espírito sobre as
coisas em geral está apenas um pouco acima da nossa compreensão.

OS ESPÍRITOS NÃO PODEM INTERFERIR NA PROGRESSÃO
CÁRMICA

Muitos clientes vêm me ver buscando informações provenientes dos
espíritos sobre riqueza, amor ou carreira profissional.


Normalmente, aviso-os logo de que podem ficar desapontados. Os
seres espirituais podem fornecer ou não a informação. Tudo
depende de o espírito saber a resposta e de estar autorizado a
revelá-la. Quando uma alma vem à Terra para aprender
determinadas lições ou para progredir espiritualmente, nada mais
inútil do que um espírito lhe dando soluções para situações que
podem ser de um teste. Devemos estar cientes de que existem leis
espirituais e um espírito não pode interferir ou tentar influenciar a
progressão espiritual -ou cármica -de ninguém. Assim, certos tipos
de informação podem estar vedadas ou ocultas para o consulente. O
espírito nos ama o suficiente para proteger nosso crescimento.
Vou explicar mais um pouco do que estou falando quando me refiro
a lições espirituais:
Uma mulher chamada Mareie veio me ver e sua primeira pergunta
foi se deveria ou não ter um bebê. Seu avô veio a nós e disse-lhe:
-Primeiro, mude de residência e vá morar num lugar alto, acima da
água. Só depois tenha seu bebê, nunca antes.
A consulente contestou:
-Mas já tenho mais de quarenta anos. O que é que vou fazer?
-Vai acontecer quando Deus quiser... não quando você quiser respondeu
o avô.
Mareie recebeu informações adicionais a respeito de sua mudança
de residência e de sua família. Foi-lhe dito insistentemente que tudo
aconteceria no devido tempo. Um ano e meio mais tarde, Mareie me
fez outra visita. Contou-me que havia recentemente se mudado
para uma casa com vista para o oceano Pacífico e já estava no
terceiro mês de gravidez.
Um outro caso envolveu uma jovem chamada Nancy, que havia se
divorciado recentemente. A mãe de Nancy veio a nós e lhe disse
que ela se casaria novamente e, dessa vez, com alguém com quem
se desse melhor.
Nancy perguntou:


-Mas onde vou encontrar esse homem? Como ele é? Sua mãe
retrucou:
-Não tenho o direito de lhe dizer isso, mas pode acreditar. É a
verdade.


A mãe não podia dar a sua filha as respostas a essas questões vitais
porque a jovem precisava passar pelo processo de tomar decisões
difíceis por sua própria conta. Talvez, tomar essas decisões a
ajudasse em seu crescimento pessoal, no seu fortalecimento.
Uma comunicação bem-sucedida ocorre quando existe um forte
desejo de encontrar-se, de ambos os lados. Podemos todos nos
comunicar com nossos entes queridos já falecidos. Tudo o que
precisamos é abrir a mente e adotar uma postura de mútua
compreensão, amor, energia. Quando conseguimos, assombrosas
descobertas colocam-se ao nosso alcance.
Nos capítulos 10 e 11, vou explicar como podemos nos preparar
para nos tornarmos receptivos à mediunidade, e ensinarei vários
exercícios e métodos para nos sintonizarmos nos mundos mais
elevados.


CAPÍTULO 3

Guias Espirituais

A espécie humana sempre acreditou na existência de seres elevados,
ou anjos. Embora trate-se de uma concepção mitológica, a idéia de
alguém nos guardando lã de cima é amplamente aceita. De acordo
com os textos religiosos, um anjo é uma entidade evoluída, que


habita o Paraíso e nos protege contra o perigo imprevisto ou contra
desastres. A maioria de nós absorveu a crença nos anjos ainda na
infância, quando nos diziam que todos temos um anjo da guarda.
A idéia de um anjo da guarda é apenas um dos poucos truísmos
que a religião organizada não destruiu. De fato, possuímos anjos da
guarda ou guias que interferem por nós, que nos assistem em
nossas missões terrenas. Mas eles não são como nos ensinaram.
Nossos anjos da guarda, ou nossos guias, não possuem asas, não
ficam sentados em nuvens nem tocam harpas. Essas imagens são
originárias da mitologia e foram embelezadas por artistas plásticos.
Na verdade, as asas são as belíssimas faixas de cores que circundam
os anjos. Você pode dizer que se trata da aura ou do campo de
energia do anjo, algo que circunda de fato todo ser vivo, desde as
plantas, os animais e as árvores, até cada um de nós e nosso
precioso planeta Terra.

OS ESPÍRITOS-GUIAS SÃO EXCLUSIVOS PARA CADA
PESSOA


Há muitas espécies de guias e, para mim, anjos da guarda e guias
são a mesma coisa. Antes de nascermos, traçamos um projeto para
nossa jornada na vida. Quando nos desviamos de nosso

caminho, um guia nos ajuda a retomá-lo. Dependendo de nossa
evolução espiritual -algo bastante individual -e do trabalho que
temos pela frente na Terra, reservaremos para nós diversos guias,
entre três categorias distintas.
O primeiro grupo de guias são os guias pessoais. São pessoas que
conhecemos em encarnações anteriores ou com quem, através de
muitas existências, desenvolvemos certa afinidade. Esses guias nos
assistem, lá do seu plano espiritual, imprimindo em nossa mente
meios de nos envolver em diferentes situações. Essas impressões são
sinais de nossos guias espirituais. Na maioria das vezes, essas sutis


indicações passam despercebidas. Mas se dedicarmos algum tempo
para nos determos, escutar e avaliar nosso dia-a-dia, podemos
começar a enxergar e/ou ouvir essas mensagens espirituais.
Para a maioria das pessoas, é difícil sentir a assistência de um
espírito porque querem e/ou esperam por orientações precisas,
como se o anjo Gabriel aparecesse tocando sua corneta. Lamento,
mas não é assim que acontece. As mensagens e as orientações são
sutis, um contato delicado.
A seguir, vou dar um exemplo de como funciona uma comunicação
espiritual. É quinta-feira e você tem uma reunião com um sócio em
potencial, com vistas a alguma proposta comercial. No caminho,
você perde o endereço ou não consegue encontrar o lugar. E isto
parece muito estranho, porque você conhece aquele bairro. Depois
de meia hora dando voltas, você localiza o edifício, mas não acha
uma vaga para estacionar. Finalmente, a muitos quarteirões de
distância, consegue parar o carro. Quando chega ao prédio, a
portaria está fechada, e você precisa procurar outra entrada. Um
segurança abre uma porta, você toma o elevador e, quando desce no
andar determinado, o escritório está fechado. Há um bilhete na
porta, dizendo que você deve dirigir-se a outra sala, em outro
andar. Finalmente, você encontra o escritório e tem a tal reunião
com seu sócio em potencial. Você escuta a proposta e, ao longo da
conversação, seu estômago começa a doer. Você está sentindo
alguma coisa, mas não sabe o que é. Mesmo assim, você fecha o
negócio. Muitos meses mais tarde, depois de investir tudo o que
juntou na vida, seu sócio foge da cidade levando seu dinheiro, e
toda a parafernália do que parecia ser o negócio do século
desaparece no ar.
Claro que usei um exemplo bastante exagerado. Mas quis mostrar
como funciona a ajuda espiritual. Há um padrão em cada detalhe
dessa história -caminhos errados de sobra, informações enganosas,
portas fechadas. Se você tivesse parado para observar todas as


pistas, teria entendido que alguém estava tentando lhe dizer alguma
coisa! Seus guias espirituais estavam tentando alertá-lo!
Infelizmente, muitos de nós seguem pela vida como se estivessem
caminhando dentro de um nevoeiro e precisam levar uma pancada
na cabeça para ficarem atentos a alguma coisa que está acontecendo
bem ao seu redor.
Mas, para falar de forma positiva, a orientação espiritual pode
acontecer da seguinte forma: já há algum tempo, você está
procurando por um emprego. Não tem tido sorte. Uma amiga de
quem você não ouve falar há muito telefona, convidando-o para
almoçar. Você checa sua agenda e percebe que o único dia que tem
disponível é justamente aquele que sua amiga está sugerindo.
Quando se encontram, é como se jamais tivessem perdido contato.
Tudo parece perfeito. Você lhe conta sobre o que anda querendo,
profissionalmente, e ela promete ficar de olho para qualquer
oportunidade que lhe possa servir. No dia seguinte, ela telefona e
diz que existe uma colocação num departamento da empresa em
que trabalha que acabou de ficar vaga. Você imediatamente telefona
para marcar uma entrevista, usando o nome de sua amiga como
referência. O compromisso é facilmente agendado para o dia
seguinte. Você chega para a entrevista na hora marcada. Durante a
entrevista, a chefe do departamento, que geralmente se encontra
fora da cidade, está disponível para conhecê-lo -bem ali, no ato. Ela
chega, gosta de você e você consegue o emprego.
Percebe a diferença? Tudo no segundo exemplo acontece numa
seqüência de felizes coincidências. Só que não acredito em
coincidências nem em sorte. Nossos guias espirituais nos conduzem
para aquilo que fizemos por merecer. A pessoa em busca do
emprego tomou partido dos sinais deixados pelo seu guia. Ela tinha
a liberdade de não ir ao encontro da amiga, mas foi. A partir daí
tudo se encaixou.


Freqüentemente, recebo mensagens de ajuda semelhantes quando
dou consultas. Lembro uma vez em que disse a um consulente que
ele havia recentemente comprado uma casa.
-Isso mesmo! -ele me confirmou.
A seguir, disse-lhe que tudo parecia perfeito, em relação à casa, e
pedi que recordasse como chegou a comprá-la, se algo lhe parecera
estranho. Eu perguntei:
-Alguém acabara de cumprir alguma exigência legal para estar
habilitado a vender a casa? Ou será que o banco decidiu lhe oferecer
um financiamento em condições excepcionalmente favoráveis?
-Foi exatamente isso o que aconteceu.
Então, contei-lhe que sua falecida esposa o havia ajudado a
conseguir a casa, deixando-lhe sinais ao longo do processo.
-Tudo pareceu tão fácil... -ele comentou.
Ele de fato seguira os sinais, mesmo sem estar consciente do que se
tratava.
Uma das primeiras pessoas dotadas de poderes psíquicos que
encontrei em Los Angeles me disse algo bastante profundo. Lembro
disso até hoje e vou dividir com você. Se tudo está indo bem e parece
não haver obstáculo algum, você encontra-se aberto para os espíritos e
seguindo a orientação do seu guia. Por outro lado, se nada parece
funcionar, você não está escutando a orientação de seus guias e vai
terminar seguindo o caminho errado. Grande verdade.
Um guia pessoal pode também ser alguém que você tenha
encontrado nesta existência. Pode ser seu pai ou sua mãe, um avô,
um tio ou uma tia, um amigo que já tenha passado para o mundo
espiritual. Quando alguém se vai, não pára de pensar em você. Os
laços de amor gerados na Terra continuam a existir no mundo
espiritual.
Uma vez no Paraíso, um espírito pode rever toda a sua vida e
constatar que deveria ter feito mais para ajudar você, quando estava
vivo. Agora que tem essa oportunidade, pode tirar proveito de sua
condição e ajudá-lo da maneira de que for capaz. Pode ser nos


eventos do cotidiano, em assuntos familiares, ou amparando você,
em momentos de aflição ou de mudança.
Os guias pessoais possuem meios vigorosos de nos orientar em
nosso dia-a-dia ou de nos imprimir na mente o melhor meio de
superar alguma dificuldade. No entanto, ao mesmo tempo, é
importante perceber que esses seres bem-amados não podem
interferir nas lições e nos desafios que nos esperam na Terra, para
nossa aprendizagem e crescimento. Este processo nunca é fácil. Para
obter maiores benefícios de uma situação em particular, de uma
lição para a vida, muitas vezes tudo o que nossos guias fazem é
aguardar e observar as decisões que tomamos. Mesmo quando
determinada situação parece insuportável, é aí que temos melhores
chances de aprender.
Muitas pessoas querem saber se os guias estão conosco o tempo
todo ou se temos que nos esforçar para alcançá-los, de forma a
chamá-los em nosso auxílio. Minha resposta é: nunca estamos sós.
Nossos guias estão sempre junto a nós. Sua missão espiritual é
tomar conta de nós e nos ajudar. Os guias podem mudar, com o
correr do tempo, dependendo da tarefa em que estamos envolvidos.
Mas nunca precisamos chamá-los, porque eles conhecem nossas
necessidades e estão sempre dispostos a nos dar a mão.
A segunda categoria de guias é composta de espíritos especializados,
que vêm a nós por conta de determinadas atividades ou tarefas em
que estamos engajados. Guias especializados possuem certo
domínio sobre um campo, em especial -algo que estamos desejando
empreender. Geralmente, são experts em seu campo particular de
conhecimento. Por exemplo, se você decidir escrever uma história
de mistério, seus pensamentos lhe trarão um autor que ou trabalhou
ou mesmo se especializou nesse gênero. Esse guia pode imprimir
em sua mente certas técnicas ou caminhos para desenvolver suas
habilidades como escritor e para melhor expressar suas idéias. O
mesmo vale para músicos, artistas, matemáticos, cientistas,
professores, pessoas engajadas em trabalho social e outros. Guias


específicos virão a nós se pedirmos sua assistência. Quanto mais
você estiver aberto às impressões e às sensações, mais bem-sucedida
será a transmissão e o resultado final. Isso funciona com todo
mundo. É apenas questão de manter-se receptivo. Todo trabalho,
especialmente o dos grandes mestres, é inspirado pelo mundo
espiritual.
Por que esses guias desejam nos ajudar? A resposta é simples: esse é

o caminho! Quando passamos para o mundo espiritual, nos
tornamos conscientes de que cada ser no mundo é nosso semelhante.
Passamos a querer ajudar a humanidade a crescer, a aprender, a
compartilhar idéias, sempre com o sentido de aprimorar-se.
Imprimindo seus pensamentos nas mentes dos seres humanos e
ajudando-os, os guias espirituais estão auxiliando a humanidade a
sintonizar-se na força espiritual que emana de todas as coisas. Mais
uma vez, dependendo de quanto você estiver aberto, a inspiração
espiritual pode ser excepcional e fantástica, ou pode esperar
pacientemente até o dia em que será capaz de percebê-la.
A terceira categoria de guias compõe-se de nossos mestres espirituais.
Essas entidades podem ser bastante evoluídas espiritualmente, ou
podem até mesmo jamais ter vivido no mundo material, ou podem,
ainda, ter estado envolvidas em algum aspecto do trabalho
espiritual durante muitas encarnações, em sua vida na Terra. Assim
como nossos outros guias, eles também são atraídos por nós de
maneira variável, dependendo do nível de evolução espiritual e da
capacidade de compreensão de cada um. Os mestres espirituais
desejam fortemente nos ajudar em nosso progresso espiritual.
Freqüentemente, tentam imprimir em nós dons espirituais e nossas
potencialidades. Essa orientação tem imensurável valor para
qualquer um que está na trilha da iluminação espiritual.
Através de muitas existências físicas, um mesmo mestre espiritual,
ou dois, acompanhará a maioria de nós, cuidando da evolução de
nossa alma. Esses seres estarão sintonizados com nossa identidade
espiritual e nos auxiliarão a obter o crescimento espiritual que nos


cabe alcançar no plano terreno, assim como nos prestarão
assistência, entre uma vida e outra. Teremos também um mestre
espiritual específico durante uma vida determinada. Além disso,
baseado na evolução de nossa alma, um guia vem a nós para ajudar
em alguma lição importante ou com aspectos de nossa
personalidade que precisam ser aperfeiçoados. Por exemplo,
podemos ter um guia nos ajudando a aprender a nos envolver
incondicionalmente no amor. Ou um mestre espiritual pode nos
auxiliar com lições sobre o egoísmo. É muito verdadeiro o ditado:
"Quando o aluno está pronto, o professor surgirá."

TORNANDO-ME CONSCIENTE DOS MEUS GUIAS

Foram muitos os caminhos que me levaram a tornar-me consciente
de meus guias e de meus mestres. Certa vez, uma clarividente
muito dotada chamada Irene Martin-Giles, na Inglaterra, informou-
me de que havia uma freira da Ordem das Irmãs da Misericórdia
trabalhando comigo para ajudar-me a aprender sobre a compaixão.
Seu nome é Irmã Theresa. A clarividente descreveu Irmã Theresa
em detalhes, até mesmo o azul brilhante de seus olhos. Quando me
contou isso, fiquei estarrecido. Como já narrei, freqüentei uma
escola católica por oito anos -uma escola dirigida por irmãs da
Ordem da Misericórdia.
Irene prosseguiu, contando-me que um chinês de nome Chang era o
meu mestre espiritual. Chang veio a mim muitas vezes, ajudando-
me a transmitir mensagens aos meus clientes. Finalmente, Irene
começou a fazer um desenho do espírito que enxergou através de
seu olho mental. Quando vi o rosto caloroso de Mestre Chang,
senti-me atraído amorosamente por ele. Ele usava um pequeno
boné, com o topo laranja e a borda azul. Era um tipo de boné muito
popular na China do princípio do século. Trajava uma túnica muito
longa, azul-cobalto, que o cobria até os pés. A túnica tinha um


colarinho de mandarim de cor laranja, que combinava com os
punhos da mesma cor. As mãos se entrelaçavam dentro das
mangas. O rosto de Mestre Chang era alongado, fino, seus olhos
eram castanhos e transmitiam gentileza e sabedoria. Ele usava o
cabelo preso atrás em um rabo-de-cavalo bem tradicional na China
daquele período. A rigidez de sua cabeça calva era aliviada por um
imponente cavanhaque. Em sua túnica, à altura do chakra do
coração, havia uma estrela dourada de dez pontas que significava a
sabedoria espiritual. No centro da estrela havia uma gema verde
que representava amor incondicional. Ele era circundado pela luz
dourada própria do mais alto reino espiritual. Essa luz dourada
distinguia Chang como um mestre.
Não tinha conhecimento de sua vida terrena mais recente, ou se
alguma vez vivera na Terra. Muitas vezes, um espírito veste-se em
um estilo característico da época que mais aprecia ou com o qual
sente-se mais identificado. Olhando o retrato desenhado de Mestre
Chang, percebi tratar-se de um espírito que vivenciara a experiência
humana diversas vezes. Era um mestre espiritual, no pleno sentido
da expressão.
Conheci outros dois de meus guias de uma forma pouco ortodoxa.
Como um médium em formação, era importante aprimorar sempre
minha capacidade mediúnica. Para isso, uma vez por semana,
promovia uma sessão -eu e seis pessoas escolhidas por mim,
sentados numa sala na penumbra. Na verdade, essa rotina, ou algo
parecido, é bastante comum entre pessoas dotadas de habilidades
psíquicas que visam atingir o pleno desenvolvimento de sua extrasensorialidade.
Na quarta semana de treinamento, durante a sessão,
comecei a me sentir extremamente cansado e caí em um leve estado
de transe. Nesse estado, a mente consciente se apaga e qualquer
sensação proveniente de nosso corpo e de nossos pensamentos
desaparece. E mais comum do que imaginamos. Por exemplo, é o
que acontece conosco quando nos concentramos num programa de
tevê ou quando estamos lendo um livro que não conseguimos


largar. O mais comum é entrarmos em estado de transe logo antes
de pegarmos no sono.
Meia hora depois, quando saí do transe, perguntei o que havia
acontecido. Meu grupo mal podia esperar para me pôr a par de
tudo.
-Um médico inglês veio a nós através de você. Disse que seu nome
é Harry Aldrich -contou-me um de meus companheiros.
A seguir, disseram que Henry Aldrich viveu na parte noroeste de
Londres. Parece que morreu nos anos 30. Um dos participantes do
grupo gravou toda a sessão e, quando escutei a fita, mal podia
reconhecer minha voz. Ouvi, distintamente, um sotaque britânico e
um modo de falar sóbrio, decidido. Ele tinha um certo tom quase
ditatorial, mas foi muito acurado nos conselhos que deu sobre
minha saúde e sobre as futuras sessões com aquele grupo. Declarou
que havia decidido vir a nós para me auxiliar no meu trabalho
mediúnico.
Uma das maneiras que esse guia tem de me ajudar é ampliando a
energia que rodeia meu corpo físico durante as consultas. Ele
também é capaz de identificar enfermidades que meus clientes
possam estar sofrendo. Harry Aldrich é um homem gentil, mas
consigo identificar sem hesitação sua personalidade autoritária,
toda vez que surge.
Algumas semanas mais tarde, estávamos mais uma vez sentados
em círculo e eu caí em transe. Outra fantástica manifestação
aconteceu. Quando despertei, minha esposa falou:
-Você não vai acreditar no que aconteceu!
-O que foi? -indaguei.
-Um homem surgiu... Chama-se Pena Dourada -ela disse.
-Um índio?
-Um índio norte-americano, para ser exata.
Um dos membros do grupo deu retorno na fita e a seguir apertou o
play. De fato, não podia acreditar no que meus ouvidos escutavam.
Estava ouvindo o som de... tambores!


-Mas de onde vieram esses tambores? -perguntei. A resposta foi:
-Não havia nenhum tambor aqui! Era esta mesa fazendo o barulho.
No princípio daquela noite havíamos colocado uma mesa no centro
da sala. Baixei os olhos para a mesa... Era de fato espantoso que o
som inconfundível de um tum-tum indígena emergisse daquele
móvel.
Continuamos a ouvir o toque dos tambores. De repente, escutei um
som vociferante -um índio, cantando em sua língua nativa. Era um
som ao mesmo tempo belo e capaz de nos enfeitiçar. Depois de
cinco minutos, cessou abruptamente e foi aí que o índio começou a
falar:
-Somos todos irmãos. Você e eu somos irmãos. Viemos a você
trazendo amor. Tudo é amor. Você precisa ver o amor em todas as
coisas. Meu nome é Pena Dourada. Sou da Irmandade. Estamos com
você, sempre. Nós lhe trazemos amor. Como sinal, damos uma pena
de nosso cocar a cada um, para ser usada como símbolo de nosso
amor.
Fiquei ali sentado, estarrecido. Era tão real, e apesar disso não me
lembrava de ter dito nenhuma daquelas palavras. Sabia que se
tratava de um momento especial e o mais fantástico é que havia
sido registrado em um gravador e testemunhado por outras
pessoas. Desde essa noite, nosso grupo continuou se reunindo toda
terça-feira. Vez por outra, Pena Dourada vinha a nós através de
mim, com suas prodigiosas mensagens de amor.
No mínimo, essas experiências me fizeram ter a certeza de que não
estou fazendo as coisas sozinho. Sei que existem esses seres
espirituais, invisíveis e desconhecidos, que trabalham para o nosso
benefício, ajudando-nos, quando precisamos realizar mudanças em
nossas vidas. Ajudando-me, meus guias ajudam também a todos
aqueles com quem tenho contato.


COMO DESCOBRIR SEUS PRÓPRIOS GUIAS ESPIRITUAIS

Nunca pensei nos meus guias, até que apareceram para mim e
outros médiuns os descreveram. Acho que não é necessário saber
quem são os seus guias, mas algumas pessoas precisam saber com
quem estão falando. É uma maneira de tomar consciência de que
alguém em espírito está próximo, ajudando. Não é suficiente saber
que possuem mestres, querem dar à conexão a forma de uma
pessoa. É compreensível. Há muitas técnicas que podem facilitar o
reconhecimento dos guias espirituais.
O primeiro passo é a meditação. (No capítulo 11, explico melhor
como meditar.) Você pode praticar a meditação com o propósito de
conhecer um de seus guias espirituais. Quando conseguir alcançar
um estágio suficientemente profundo de relaxamento, comece
mentalmente a pedir ao seu mestre ou aos seus mestres que se
revelem ao seu olho mental. Se você está suficientemente relaxado e
sem grandes expectativas, estará apto a captar com os olhos da
mente a imagem do rosto de alguém, ou talvez de alguma parte de
suas roupas. Por exemplo, você pode visualizar uma pena e dar-se
conta de que ela pertence a um índio americano. Nessa altura, você
pode pedir para ver mais alguma coisa e permitir ao seu guia que se
mostre. Quando tiver uma visão satisfatória desse seu guia, pode
pedir para ver outro. Ou pode pedir a esse primeiro que conte quais
lições você deve aprender.
Antes de sair da meditação, agradeça ao seu guia. Sugiro que inicie
um diário e que tome nota de todas as revelações que ele lhe fizer,
especialmente sobre qual é a missão que seu guia tem junto a você.
O sucesso do primeiro exercício vai depender da profundidade do
seu estado de meditação e de relaxamento. Se você encontrar
dificuldades para distinguir ou mesmo para enxergar quais são os
seus mestres, aqui vai outra maneira de obter essa informação.
Quando deitar-se e começar a ficar sonolento, peça ao seu mestre ou
aos seus mestres para se mostrarem a você em seus sonhos. Repita o
pedido várias e várias vezes, mentalmente, como se fosse um


mantra. Quando cair no sono, deverá sonhar com seu mestre ou
com seus mestres. Por favor, seja paciente, porque os resultados
podem não ser imediatos. Você pode precisar repetir seu pedido
toda noite, até conseguir satisfazê-lo.

Parte 2
As Sessões


CAPÍTULO 4
Transições Trágicas


Quando os clientes entram em meu escritório, nunca sei que
situação estão vivendo ou a razão de sua visita. E muito menos
tenho qualquer conhecimento sobre os eventos das suas vidas ou
quem desejam contatar. Ainda assim, em uma hora, terão
compartilhado comigo algo de muito íntimo. Sua dor, seu sofrimento,
seus grandes desejos -tudo isso será exposto, quando conectarem
seus entes queridos. Muitas vezes, durante esses contatos,
uma revelação impressionante pode ocorrer. Ganham novo alento,
quando descobrem que aqueles que lhe eram tão caros continuam a
existir e a comungar com eles o seu dia-a-dia. Para aqueles que
ficam no plano terreno, a estrada à frente torna-se, então, mais clara
-é como se saíssem de um nevoeiro. De alguma forma, começam a
sentir que a vida volta a ter sentido.


O avião

Quando chegam à sessão, muitos de meus clientes estão
extremamente perturbados e nervosos. Ainda choram pelos que
perderam, sentem-se inseguros do que podem esperar e nervosos
sobre o que irão encontrar. Essas fortes vibrações emocionais interferem
com a qualidade da comunicação de maneira muito semelhante
à estática que um liqüidificador ou um aspirador de pó
pode gerar em um aparelho de tevê. Para serenar essas vibrações e
ajudar a sincronizar as energias presentes na sala, é comum iniciar a
sessão conduzindo meus clientes por uma sessão de relaxamento e
de meditação, para tranqüilizar suas mentes, ajudando-me a
comunicar-me com os seres espirituais mais facilmente.
Marilyn estava visivelmente mais calma, quando terminamos a
meditação. A dor enorme que captei no momento em que ela entrou
em meu consultório fora substituída por uma receptividade
tranqüila. Recebi-a em minha sala de sessões e tentei fazê-la sentir-
se o mais à vontade possível. Da forma mais resumida, expliquei-
lhe o que deveria esperar. Quase imediatamente, senti uma
presença masculina, em pé, ao lado de Marilyn.
-Conhece alguém chamado Roger? -perguntei. Ela respondeu que
esse era o nome de seu marido.
-Eu o vejo, cabelo louro-avermelhado. Ele está sempre penteando-o.
Eu imitei o gesto de pentear o cabelo, e os olhos de Marilyn se
encheram de lágrimas.
-Ah, sim... ele fazia assim mesmo...
-Ele está me mostrando a cabine de um avião. Os ponteiros e os
medidores do painel deixaram de funcionar. Vejo fumaça... fogo... e
tudo apaga. Isso faz algum sentido para você?
Marilyn começou a tremer, levando um lenço de papel aos olhos,
para enxugá-los.
-Roger morreu num desastre de avião, faz um ano. Seu avião caiu,
durante a noite. Era com ele que eu esperava ter algum contato hoje.


-Ele diz que a ama muito e que estava esperando ansiosamente
para conversar com você. Ele está muito animado. Quer lhe desejar
um feliz aniversário.
Ela ficou espantada:
-Nosso aniversário de casamento foi na semana passada. Meu
Deus!
-Alguém que você conhece está de pé ao lado dele. Marilyn havia
perdido a fala.
-É um garoto pequeno. Seu nome é Tommy. Você o conhece?
Marilyn ficou tão excitada que, praticamente, berrou, ao exclamar:
-Sim, sim... Tommy é o meu filho. Ele estava no avião com
Roger. Foi assim que aconteceu... Tommy pediu ao seu pai que o
levasse para passear de avião.


-Ele está dizendo: "Mamãe, não fique assustada. Estou aqui com o
papai." Ele pede a você que vá ao quarto dele e tire da parede o
poster do Guerra nas estrelas. Ele diz que não precisa mais do poster.
Marilyn balançou a cabeça, sem conseguir acreditar:
-O poster está pendurado na parede acima da cama...
-Ele acabou de mencionar o nome Bobby... Quer dizer alguma coisa
a Bobby...
-É o meu outro filho -explicou Marilyn.
-Tommy está dizendo que não está zangado, de verdade, por
Bobby ter tirado sua camisa vermelha da segunda gaveta, nem por
ele vesti-la.
Marilyn emudeceu novamente. Perguntei a ela se sabia o que aquilo
significava.
-Bobby está usando essa camisa vermelha hoje. Ele a vestiu logo
antes de eu sair.
Marilyn ficou convencida de que estava em contato com seu marido
e com seu filho. Roger prosseguiu, dando-lhes outras informações.
Mencionou o nome de um amigo na força aérea, onde esse amigo
estava lotado e quais suas funções.



A perda súbita de um membro da família é uma experiência
devastadora. O impacto é ainda mais esmagador quando envolve a
perda de um cônjuge e um filho de morte violenta. São feridas
difíceis de serem curadas. Ao final da sessão, Marilyn estava
sentindo-se muito mais leve. Fui levá-la ao seu carro e ela me disse:
-James, você mudou minha vida! Sinto-me como se uma nuvem
negra houvesse saído de cima de mim. Bastou saber que eles estão
bem e que estão juntos, para me confortar imensamente. Obrigada.
Eu lhe disse que estava contente por ela ter obtido a informação de
que precisava.
Já dentro do carro, ela parou por um instante, então baixou o vidro
da janela e me fitou direto nos olhos:


-Para dizer a verdade, é mais do que estar me sentindo melhor...
Agora, posso começar a viver outra vez.
Ao sair com o carro, ela estava sorrindo.


Afogamento
Muitas vezes, mal sento-me com meu cliente, o quarto é ocupado
pelos espíritos de seus amigos ou de seus familiares, que tentam
enviar seus pensamentos, todos ao mesmo tempo. Da mesma
maneira que no plano terreno, quando estão todos falando juntos,
torna-se difícil decifrar o pensamento de cada um e identificar de
quem está chegando a mensagem. Na maioria dos casos, entretanto,
se o cliente está pensando em alguém em particular, é exatamente
esse espírito que primeiro virá a nós. Mas acontece também, às
vezes, de um espírito irromper de repente, surpreendendo enormemente
o consulente.
Espíritos que não são aguardados geralmente emergem ao final da
sessão. É reconfortante saber que, mesmo no outro lado, boas
maneiras são respeitadas. Um espírito que não está sendo
aguardado irá esperar até o consulente ter se reunido com seus
entes queridos ou até que ocorra uma oportunidade apropriada.


Freqüentemente, são os espíritos que chegam sem serem chamados
que trazem as mensagens mais interessantes para compartilhar com

o consulente.
Mark havia acabado de ter uma magnífica conversa com seu pai,
que falecera há vários anos. Fora uma sessão comum, até então -
Mark recebera respostas para todas as perguntas que fizera.
Quando já me preparava para encerrar a sessão, senti uma outra
presença. Perguntei a meu cliente se conhecia alguém chamado
Doug.
Mark ficou pálido e só conseguiu balançar a cabeça, murmurando:
-Sim... o que ele está dizendo?
-Diz para você parar de sair na chuva. E pede a você o favor de
dizer aos pais dele que ele está bem. Você compreendeu?
Mark assentiu, sempre murmurando:

-Sim... o que mais?
-Ele está dizendo alguma coisa sobre ser pego numa enchente e
também que lamenta não ter percebido como era perigosa a
situação. É estranho... Ele está falando sobre ter arranjado uma nova
bicicleta.
-Eu... estou entendendo...
-Esse garoto morreu afogado? Ele está me passando a sensação de
ameaça... um redemoinho... água... Está me mostrando uma imagem
dele afundando, vindo à tona, afundando de novo... e seus
pulmões... enchendo-se de água.
Pude sentir a opressão em meu peito, à medida que Doug
transmitia para meu corpo suas últimas sensações terrenas.
-Estou muito zonzo! Ele está começando a perder a consciência...
tudo está escurecendo...

-Minha nossa! -exclamou Mark.
-Você sabe se havia bombeiros, ou alguém tentando salvá-lo, por
perto?
-Sim... havia uma turma de salvamento que fez de tudo para içá-lo,
em vários trechos do rio.


-Ele está contando... que tentou agarrar-se a uma corda, mas não
conseguiu alcançá-la.
-Mais alguma coisa? -perguntou Mark, muito sombrio.
-Está pedindo para você dar um abraço em Max. Isso faz sentido?
-Meu Deus! Max é meu filho... Doug costumava cuidar dele,
quando saíamos. Eles se tornaram grandes amigos. É incrível!
-Ele está falando sobre a Flórida. Está me mostrando um boné de
beisebol, que tem alguma coisa a ver com... Não estou entendendo.
Espere um pouco. Ele está me transmitindo um pensamento... está
dizendo... Maria ou Marlin.
-Os Florida Marlins -berrou Mark. -Acabei de dar a Max um boné
de beisebol que pertencia a Doug. Era um boné dos Florida Marlins.
Max o adora, porque o lembra Doug.


-Ele espera que Max aproveite bem o presente. E está pedindo a
Max para dar um abraço em todos os outros garotos da rua.
Mark explicou que todos gostavam de Doug. Era um garoto maluco
por todo tipo de esporte e todos os garotos da vizinhança o
adoravam.
-Doug está falando de novo sobre uma nova bicicleta. Ele está
apaixonado por sua nova bicicleta e... não sei por quê... -confessei ele
não pára de falar nesse assunto.
A essa altura, Mark estava sentado na beirada da cadeira.
-Não dá para acreditar! -ele exclamou. -Tudo aconteceu por causa
da tal bicicleta. Ele ganhou uma bicicleta nova dois dias antes de a
tempestade desabar. A chuva parou e Doug foi pedalando até a
margem do rio checar o que a enchente havia carregado. Mas parece
que chegou perto demais e a bicicleta foi pega pela água. Ele tentou
recuperá-la e então caiu no rio também. A correnteza estava muito
forte e carregou-o.
-Ele quer que você mande um beijo para Linda.
-Linda é minha mulher. Vou dar o recado.
-Ele está feliz que você tenha vindo aqui e quer que conte a todos
que ele está muito bem.



-Deixa comigo, amigão! -Mark assegurou, voltando seu olhar para

o alto.
Poucos dias mais tarde, recebi um telefonema da família de Doug.
Estavam impressionados com o detalhamento das informações que
haviam obtido de Mark, que não haviam sido divulgadas pelas
emissoras de tevê e das quais ninguém mais sabia. Marcaram uma
consulta comigo e, semanas mais tarde, estavam conversando com
seu filho e se certificando de que ele, agora, desfrutava de um outro
tipo de existência. Como o próprio Doug explicou a seus pais, sua
vida não havia terminado naquela enchente causada pela chuva. Ele
lhes disse que estava planejando terminar a escola e até mesmo
arrumar uma namorada, algum dia. Seus pais ficaram felizes por
constatar que Doug continuava a viver.
Não é o que você pensa
Quando estava escrevendo este livro, precisei rever muitos anos de
minha atividade, um número incontável de sessões, com o objetivo
de apresentar o que considerava como sendo os tipos mais comuns
de encontros entre pessoas saudosas e aqueles que haviam
atravessado o véu da morte. Nessa minha pesquisa, deparei-me
com determinadas sessões que se destacavam das demais. Talvez
por serem muito particulares, ou por demonstrarem certos poderes
miraculosos dos espíritos, ou porque a comunicação mantida
durante essas sessões trouxera fatos ou revelações surpreendentes.
A sessão a seguir exemplifica magnificamente esse último caso. É a
história de um casal cuja vida foi despedaçada pela morte de seu
filho. Foi uma morte que provocou mais perguntas do que
respostas. O espírito de seu filho ficou extremamente agradecido
pela oportunidade de esclarecer seus pais a respeito dos incidentes
controversos que cercaram sua morte. Ao final da sessão, foi não
apenas capaz de restabelecer a paz de espírito de seus pais como
também, o mais importante, sua alma, finalmente, pôde descansar.


Alan e Sandra vieram até mim por recomendação de amigos.
Pareciam muito céticos e muito inseguros quanto a se envolverem
em algo tão insólito (para eles) quanto o espiritualismo. Eu fiz a
minha introdução de costume, explicando como recebo as
informações, o que se pode e o que não se pode esperar. Eles
escutaram com atenção e entenderam que deveriam estar
preparados para o que quer que fosse acontecer.
A primeira pessoa que captei foi a mãe de Sandra. Eu avisei:
-Sandra, sua mãe está aqui. Ela a acompanha muito de perto e diz
para você ter cuidado com aquela faca na cozinha.
-Meu Deus! -exclamou Sandra. -Eu a estava afiando hoje e quase
cortei meu dedo. Ela estava me observando?
Eu respondi:
-Só podia ser a sua mãe, porque eu não estava na sua cozinha.
Sandra sorriu e sua mãe continuou me enviando mensagens.
-Sua mãe diz que gostou muito dos novos móveis do pátio.


-Sim, isso mesmo. Acabamos de comprar alguns móveis. Minha
mãe gostava muito de sentar-se no pátio quando morava conosco.
-Ela tem muito senso de humor. Acabou de dizer que se sentava ali
esperando a morte.
Subitamente, fui interrompido pelos pensamentos de outro espírito
que insistia em ser ouvido.
-Sim, eu escuto você... -disse ao espírito. -Há alguém com a sua
mãe, Sandra. É um jovem... alguém que viveu muito pouco. Sua
mãe me diz agora que você esteve chamando por ele.
Os olhos do casal encheram-se de lágrimas. Prossegui,
perguntando:
-O nome Steven quer dizer alguma coisa para vocês?
Eles ficaram pálidos e começaram a chorar. Steven era o filho do
casal e, aliás, a principal razão de terem vindo me ver.
-Steven está muito agitado! -continuei. -Ele não se sente em paz.
Tem tentado chegar a vocês há algum tempo. Ele teria falecido há
dois anos, aproximadamente?



-Não... faz apenas dez meses, quase um ano.
-Hum... Ele diz que sabe que sua morte destruiu a vida de vocês
também e diz que lamenta muito pelo que passaram. Ele tentou
corrigir um erro... Não sei do que está falando. Vocês entendem?
-Acho que sim -disse Allan. -O que mais ele está dizendo?
-Nossa... Ele está me enviando uma sensação fortíssima de
ardência. Sinto como se minha cabeça fosse estourada... reduzida a
pedaços. Sinto muito, mas essa é a sensação que ele está me
transmitindo. Ele levou um tiro? Foi isso?
-Sim...
-Steven diz que foi encontrado morto em seu quarto...
-Foi isso mesmo!
Ambos enxugaram os olhos.
-Sinto muito ter que lhes contar isso... Mas creio que seu filho
estava envolvido com drogas... ou pelo menos que as vinha
experimentando.


-Nós descobrimos isso também! -afirmou Sandra.
-Seu filho é muito forte. Ele está gritando... foi Ronnie! Quem é
Ronnie?
-Era um de seus amigos.
Foi então que transmiti a informação que mudou completamente a
atmosfera daquela sala, não apenas os sentimentos do casal, mas
mesmo os meus.
-Seu relógio. Ele está falando sobre seu relógio de ouro...
-Não conseguimos encontrá-lo, depois que Steven morreu explicou
Allan. -E procuramos em todos os cantos.
-Seu filho o deu a Ronnie, como pagamento. Ronnie estava muito
zangado. Sabem se houve alguma briga entre eles?
-Não...
-Steven está gritando para mim: "Eu não me matei. Foi Ronnie. Foi
ele que fez isso comigo!"
Baixou um silêncio quase mortal entre nós. Não conseguíamos
acreditar no que havia sido dito. É muito raro um espírito vir até



nós para revelar o nome de seu assassino. Nesse caso, Steven queria
justiça. Recostei-me em minha cadeira e tentei me recompor, antes
de continuar.
-Steven está dizendo alguma coisa sobre suicídio. Vocês acreditam
que ele cometeu suicídio?
Ambos confessaram que sim...
-Seu filho está tentando dizer que estão enganados. Ele não se
mataria. A polícia chegou a questionar a hipótese de suicídio?
-Não -disse Sandra. -Foi o que todos acreditamos. Que Steven se
matou porque estava envolvido com drogas. Acharam drogas em
suas roupas.
-Estou captando com muita clareza que seu filho e esse garoto
chamado Ronnie tiveram uma briga a respeito de drogas e de
dinheiro. Alan, você possui uma pistola? Uma arma pequena?
-Sim... foi essa a arma utilizada...
-Ele me disse que a apanhou de uma gaveta do fundo do armário.
É isso mesmo?


-Jesus Cristo! Como é que você poderia saber disso? Sim, foi isso
mesmo.
-Sabem se esse Ronnie tem antecedentes criminais?
-Acho que não... -falou Sandra.
-Seu filho continua a me mostrar uma briga, por causa de dinheiro.
Steven devia dinheiro a Ronnie. Este rapaz estava realmente
perturbado, sob efeito de alguma substância, na hora. Seu filho
agora está me mostrando uma garagem. É uma garagem de tijolos,
com uma porta branca. Tem três janelas pequenas. Ele a abre e vai
em direção a uma parede lateral, para a esquerda.
-Mas nós não temos uma garagem. O que quer dizer isso?
-Não sei. Mas guardem isso... Por favor. Pode fazer sentido mais
tarde. Seu filho está bem e feliz agora, por ter lhes contado isso. Ele
disse que vocês compreenderão tudo, algum dia. Peguem o tal
Ronnie. Steven está mencionando um nome... Sharon, ou Sherry...
-É a irmã de Ronnie -informou Alan.



-Ela acabou de ter um bebê, por acaso?
-Não...
-Bem, não sei o que significa. Mas guardem a informação e verifiquem
se fará sentido, mais tarde. Sua mãe está entrando de novo.
Ela diz que vocês ajudaram muito ao Steven. Ele está bem, agora.


-Obrigada... -murmurou Sandra.
-Está me mostrando agora alguma coisa... que tem a ver com
descascar batatas...
-Eu estava fazendo ontem uma sopa de batatas. A receita é da
minha mãe. Pensei muito nela.
-Ela me disse que ficou uma delícia.
Ambos sorriram. A sessão prosseguiu por mais um pouco. Steven
falou a respeito do seu funeral e quanto desejou que sua mãe não
sofresse tanto, à beira do túmulo. Enfim, encerramos e nos
despedimos. O casal estava convencido de que fizera contato com
seu filho. Garantiram que escutariam a fita outra vez para tentar
entender melhor a incrível informação recebida.

Muitos meses mais tarde, recebi um telefonema de Sandra. Ela
queria agradecer a ajuda que sua família recebera de mim e me pôr
a par de tudo o que acontecera, nesse ínterim. Eles haviam
contatado a polícia e conversaram com um detetive que sabia da
morte de seu filho. O detetive foi investigar a história sobre Ronnie.
Quando visitou a casa de Ronnie, encontrou a garagem de tijolos
com as três janelas. À esquerda, por trás de um painel de parede,
havia um quilo de heroína escondida, além de outras drogas, e o
relógio de ouro de Steven. O detetive levou Ronnie em custódia e,
depois de interrogado, o rapaz finalmente admitiu que Steven lhe
devia algum dinheiro, por compra de drogas. Steven ofereceu-lhe
seu relógio como pagamento. Ronnie ficou com ele, mas ainda
exigia mais -queria dinheiro. Certo dia, Ronnie foi à casa de Steven
querendo receber, e Steven pegou o revólver de seu pai para se
proteger. Quando Steven disse a Ronnie que não tinha mais
dinheiro, Ronnie tomou-lhe a arma e disparou-lhe um tiro na


cabeça. Ronnie admitiu também que estava sob o efeito de drogas,
na ocasião. Ele foi julgado e está cumprindo sentença de prisão
perpétua em uma penitenciária estadual.

O fuzileiro naval
As pessoas deixam esta vida de variadas formas. Algumas se vão
serenamente, durante o sono, outras tomam a iniciativa, outras
ainda sofrem algum tipo de acidente. Embora escolhamos a maneira
como vamos morrer muito antes de entrar no plano terreno,
nenhuma parece mais trágica do que uma transição violenta. Pelo
menos é a que parece exercer maior impacto sobre aqueles que
ainda permanecem na forma física.
Em muitos casos, uma pessoa que parte violentamente ou de modo
súbito não está ciente de que o processo da morte ocorreu. O trauma
acontece tão repentinamente que o corpo espiritual pode ser
literalmente arrancado do corpo físico. O espírito pode até mesmo
permanecer desconhecendo sua nova situação por muitos anos.
Durante esse tempo, um espírito pode visitar todos os lugares
familiares à sua existência terrena e pode até mesmo acreditar que
ainda esteja vivo, talvez sonhando. Chama-se a esse fenômeno
espiritual de alma perdida ou, como muitos o denominam, fantasmas.
Se um espírito está atormentado, infeliz ou sem descanso, nós o
colocamos na categoria do poltergeist. Felizmente, muitos espíritos
no outro lado empenham-se em resgatar essas almas perdidas e
confusas.
Existem diversas maneiras de se lidar com as almas perdidas,
quando passam a perturbar-nos. É só lembrar que possuem a força
e a capacidade de controle que lhes permitirmos ter. Você está
sempre no comando e precisa conscientizar-se disso a cada
momento. Na maioria dos casos de poltergeist, o espírito não se dá
conta de que já não pertence ao mundo físico -assim, deve-se
sempre iniciar o contato com essa idéia. E também cada espírito
passou por determinada série de circunstâncias, cercando sua


morte. O que aconselho é ir ao lugar da casa mais afetado pelos
distúrbios. O tempo necessário para se remover esse tipo de energia
varia de caso para caso. Antes de começar, aconselho-o a realizar
um ritual de proteção e pedir aos seus guias espirituais e anjos da
guarda para permanecerem com você e para auxiliá-lo. Isso deve
anteceder qualquer trabalho do tipo mais intuitivo.
A primeira coisa a fazer é gerar dentro da casa ou do aposento uma
atmosfera apropriada, elevando as vibrações naquela área
localizada. Isso pode ser conseguido, por exemplo, colocando-se
para tocar músicas espiritualizadas e religiosas, ou algum hino, ou
canção de elevada vibração espiritual. A seguir, purifique a área
afetada. Queimar artemísia no aposento é recomendável. Outras
essências também são eficazes, tais como olíbano e mirra. Esses três
aromas são sensíveis a freqüências extremamente altas e ajudam a
remover as energias negativas. Em terceiro lugar, ilumine o local
com o máximo de luz natural que você puder conseguir. Erga as
persianas e abra as cortinas. Finalmente, é importante meditar, para
alcançar o espírito perturbado. Não é preciso vê-lo ou senti-lo,
convença-o de que ele já passou para outra dimensão e diga-lhe
para pedir a um parente que o guie para a próxima dimensão.
Recorde muitas vezes ao espírito atormentado que ele não precisa
permanecer no lado terreno do véu e que tem a possibilidade de ir
para um lugar muito mais feliz, no mundo espiritual, onde nunca
mais se sentirá escravizado a nada. Por favor, assegure-se de enviar
esses pensamentos ao espírito com amor e compaixão. Dependendo
da gravidade da situação, uma limpeza poderá durar alguns dias ou
mesmo semanas.
Existem também muitas situações em que a pessoa se vai
violentamente, como no caso de um assassinato. O espírito,
normalmente, toma conhecimento de sua nova condição depois de
um breve período de ajustamento. De maneira geral, um parente ou
um guia vem ao encontro do espírito, de imediato. As sessões que


se seguem oferecem uma descrição única por parte de um espírito
que descreve sua própria morte.
Antes de prosseguir, é importante salientar que, toda vez que dou
uma consulta, transmito ao consulente tudo aquilo que passa por
minha cabeça. Tenho um acordo com o mundo espiritual -se eles
me passam uma informação, então é cabível que eu a transmita às
pessoas que vieram consultar-se comigo. Sou apenas um médium.
Não faz parte do meu trabalho censurar a informação que me é
dada. Além do mais, pode haver um fato em particular que o
consulente não entenda, se eu não lhe contar tudo. Portanto,
descrevo, e da maneira mais vívida de que sou capaz, os detalhes
visuais, as cenas, incluindo as cores e todos os sentimentos, mesmo
os que não forem alegres e reconfortantes.
Um jovem veio ao meu consultório por recomendação de um
amigo. Não conhecia nada a respeito dele, assim como não compreendi
a ansiedade que captei, do outro lado. Alguém desejava falar
urgentemente. Foi assim que começamos...
-Parece que você está bastante separado da sua família. É verdade?
Quero dizer, será que eles vivem em outro estado?
-Sim! -ele respondeu.
-O nome Laura significa alguma coisa para você?


-Sim, é minha irmã. Ela mora no Arizona.
-Não sei por quê, mas sinto a necessidade de me ater à vibração
familiar. Há três filhos na família? Dois rapazes e uma moça?
-Sim... quer dizer... havia!
-Sim... Estou captando uma vibração muito forte aqui... Um jovem.
Acho que é seu irmão. Isso está correto?
-Estava pensando nele...
-Ele me dá o nome de Mike... é isso mesmo? Meu jovem
consulente começou a ficar agitado...
-Sim! Esse é o nome dele!



-Ele está dizendo que está bem, e muito feliz por você ter vindo
aqui hoje. Ele quer que diga aos seus pais que ele está bem. Ele está
mencionando... Texas.
-É onde meus pais vivem. Fui criado lá. Como Mike está?
-Muito bem... Acha difícil acreditar que posso ouvi-lo. Tem
desejado comunicar-se há tanto tempo... Ele encontrou-se com
alguns amigos, no mundo espiritual. Amigos do exército. Seus
colegas... Você compreende isso?

-Sim, claro. Por favor, continue.
-Ele esteve no Vietnã? Está falando muito rápido a respeito da
guerra. A Guerra do Vietnã. Ele diz que se juntou aos seus companheiros
da tropa do Vietnã. Ele não queria ir para lá.
-É isso mesmo! Eu era muito jovem, naquela época, mas minha
mãe me contou que Mike não queria ir para a guerra.
-Parece que ele faleceu muito repentinamente.
Senti-me mergulhando em um transe profundo. Fui visualmente
lançado dentro de um mundo de dor e fogo. Estava no Vietnã e
parecia que tudo em volta havia enlouquecido. Bem junto a mim,
escutei uma explosão muito forte. Olhei para o meu cliente e lhe
disse que teria que parar por um minuto. Pedi aos meus guias que
removessem a experiência dessa morte de minha lembrança -estava
afetando demasiadamente meu corpo físico. Meus guias
imediatamente a levaram embora. A cena recomeçou, mas agora eu
era apenas um observador.

-Surgiu para mim um homem no meio da mata. Está muito escuro.
Creio que o homem é seu irmão. Ele parece muito nervoso. Ele está
marchando com o resto da tropa. Ele tenta tirar o casaco, mas parece
que o casaco ficou preso em alguma coisa pendendo do cinto.
Meu cliente tentava inutilmente prender as lágrimas. Ele já
adivinhara que eu estava lhe descrevendo a cena da morte de seu
irmão. Vi a argola sendo arrancada da granada pelo zíper do casaco.
O ar explodiu com toda violência, atravessando o corpo do soldado
e ele foi decapitado. A cena se apagou...


Encarei meu cliente:
-Seu irmão foi morto por uma granada que explodiu por ter ficado
presa em suas roupas?
O rapaz recostou-se, abalado, na cadeira. Sua boca movia-se
vagarosamente, tentando dar forma às palavras:
-Sim, foi isso que o relatório do governo registrou.
Não podia acreditar. Nunca havia experimentado uma visualização
tão vívida. Era difícil conter minha excitação. Mesmo assim,
prossegui.
-É impressionante! Seu irmão é um comunicador fantástico.
Espere... vamos ver o que mais ele quer nos dizer. Ele está
descrevendo como se sentiu, ao despertar. Ele diz que parece terem
transcorrido apenas um ou dois segundos, quando voltou a si. Ele
olhou em volta e deu-se conta de que se sentia diferente. Não estava
mais tão cansado. Viu então um grupo de seus companheiros de
pelotão em pé, formando um círculo e gritando. Mas não conseguiu
escutar o que diziam, até que se aproximou. Estavam chamando por
seu nome: "Mike! Mike!" Ele lhes respondeu, mas não podiam
escutá-lo. Ele se aproximou do círculo e percebeu que estavam
olhando para baixo, para o que restava de uma carcaça humana. De
repente, uma sensação estranha e lúgubre percorreu seu corpo.
Olhou para a plaqueta de identificação que um colega de pelotão
tinha entre os dedos. Seu nome estava gravado nela.
Meu consulente estava fascinado.
-É incrível. Ele de fato compreendeu o que estava acontecendo?
-Ele diz que estava um pouco confuso, mas se deu conta de que
estava morto. Está descrevendo uma sensação de muita paz e
serenidade. Espere... Ele me pede para lhe dizer que foi Alice quem
lhe deu as boas-vindas. Você conhece alguma Alice?
-É a nossa avó.
-Bem, Alice veio ajudá-lo. Ele estava em estado de choque e, ao
mesmo tempo, feliz e aliviado. Ele conta que ela ficou junto a ele. E


também me pede para lhe dizer que viu Pappy e que ele ainda tem
Jo Jo com ele.
-Pappy era nosso avô e Jo Jo o seu pastor alemão. Mike e Jo Jo
estavam sempre juntos. É inacreditável. Então, os animais também
continuam a viver?
-Todas as criaturas vivas... Seu irmão quer que eu lhe diga que
lamenta ter causado tanta dor e preocupação, mas que vocês podem
estar certos de que ele está bem e vivendo plenamente.
-Diga a ele que não precisa lamentar nada... E também que todos
nós o amamos muito e que estamos felizes que ele esteja por perto.
Estamos ansiosos para revê-lo, algum dia.
-Ele diz que todos lá estarão esperando por esse dia... até... ele está
rindo... até Jo Jo.
Quando um animal nos chega durante uma consulta, como neste
caso, isso sempre deixa o cliente perplexo. Nunca imaginamos que
nosso pequeno Totó ou o Pintado possam sobreviver à morte. Mas,
por que não? Os animais são feitos da mesma força divina que os
seres humanos. Quando um animal atravessa para o nosso lado, sua
vibração é semelhante à que posso ler nos seres humanos. Os traços
da personalidade de um animal chegam com muita clareza para
mim. Muitas vezes, um animal irá expressar o quanto amava
determinado tipo de comida ou como gostava de sentar-se numa
determinada cadeira. Como seus companheiros humanos,
ocasionalmente um animal poderá descrever em detalhes como
morreu ou como era difícil engolir a comida quando ficava doente,
ou caminhar no fim da vida.

A seguir, uma bela história sobre uma consulta realizada por um
médium inglês já falecido. Acredito que ela demonstra o verdadeiro
significado do amor incondicional que os animais nos devotam.
Havia, há muito tempo, um modesto fazendeiro que vivia na
Inglaterra. Como ocasionalmente acontece, atravessou um período
ruim e acabou perdendo sua fazenda. Todos em sua família morreram.
Tudo o que lhe restou foi sua égua já mal das pernas, uma


égua branca chamada Patty, que ele ajudou a vir ao mundo. Patty e

o fazendeiro permaneceram juntos por muitos e muitos anos, até
chegar o dia em que o cavalo se foi também. O fazendeiro, agora
completamente só, ficou muito transtornado. Anos mais tarde,
quando chegou sua hora, o fazendeiro acordou já como espírito e
encontrou-se sentado num belíssimo prado. Ele não sabia onde
estava e imaginou que poderia estar sonhando. Olhou para o alto de
um morro, a distância... E de repente um cavalo surgiu de trás
daquele morro e veio galopando em sua direção. Era a sua velha
amiga Patty, mas não o velho animal alquebrado e com artrite de
que ele lembrava. Em vez disso, era uma égua com o pêlo brilhante,
jovem e vigorosa. Quando a égua chegou mais perto, o fazendeiro
finalmente a reconheceu e sentiu-se tomado pelo amor que sentia
por Patty. Foi o amor de Patty que o guiou para o mundo espiritual.
Os laços de amor entre nós e nossos animais queridos nos
acompanham, quando vamos para o outro lado. Laços de amor, não
importa com quem, são sempre imortais.
CAPÍTULO 5
Acidentes Fatais


Ai gum dia, todos retornaremos ao nosso lar espiritual -disso
podemos estar certos. No entanto, a maneira como vamos deixar o
plano terreno, e para onde iremos, varia de pessoa para pessoa.
Muitos deixam seus corpos de uma maneira trágica e inesperada,
como aconteceu com Mike, no Vietnã. Infelizmente, mais pessoas
ainda morrem em acidentes de carro. Como intermediário entre o
mundo espiritual e o terreno, recebi a impressão mental de muitos


pensamentos de pessoas que morreram em acidentes. Por que isso
ocorre é que precisa ser explicado.
Em primeiro lugar, não existem acidentes. Acontecimentos desse
tipo são resultado direto das leis espirituais de causa e efeito, ou do
carma. Permitam-me explicar melhor: uma pessoa vai para uma
festa e toma conscientemente a decisão de beber. Depois de bastante
intoxicada, resolve ir dirigindo para casa. Ao mesmo tempo, um
casal está voltando do cinema. A pessoa embriagada não consegue
enxergar direito e não vê o carro vindo em sua direção.
Infelizmente, colidem -batem em cheio -, matando o casal
instantaneamente.
Nesse contexto, pode-se considerar que o acidente foi efeito ou
resultado da decisão de beber daquela pessoa. Sua imprudência
causou a tragédia e ela tornou-se responsável pela morte de duas
pessoas. Essa é uma situação cármica. Ela se verá forçada a oferecer
uma espécie de compensação -ou equilíbrio -em uma outra
existência, por ter posto fim à vida daquele casal. Em outras
palavras, todas as nossas ações são cobradas, como crédito ou
débito, nesta vida ou em outra. Essa lei de causa e efeito é lei
natural, imutável, do Universo. Há uma conseqüência para cada
uma de nossas ações, uma conseqüência cármica -ou um desígnio
divino, se você preferir.
Um acidente ou mesmo um desastre natural pode não ser aquilo
que parece. Nada acontece por acaso. As coisas são sempre baseadas
em obrigações cármicas, e uma alma, ou um grupo de almas,
faz um acordo quando ainda é um espírito, antes de entrar no
mundo físico. Tudo na vida faz parte de um plano espiritual. Tudo
tem o objetivo de fazer-nos aprender com nossas experiências. Para
compreender o sentido pleno da vida, toda alma deve experimentála.
Por isso, uma alma deve passar tanto por experiências positivas
quanto por negativas. Todo mundo deve aprender a dualidade da
natureza. É através do negativo que aprendemos a apreciar o
positivo.


Com isso em mente, certas almas concordam, ainda enquanto
espíritos, em vivenciar alguma espécie de desastre natural, ou uma
queda de avião, ou seja, concordam em deixar seus corpos dessa
forma. Trata-se de uma decisão consciente? Não, acho que isso seria
impossível. Nossos egos não permitiriam que nossos corpos
sofressem tal agressão. Uma outra maneira de olhar os desastres e
acidentes é: essas almas podem estar finalizando um carma
passado, algo pendente que trouxeram de outra existência. Então,
ainda aqui, fica a pergunta: seria esse acidente ou desastre alguma
forma de auxílio a outras pessoas? Em outras palavras, como a
família e os amigos próximos seriam afetados por essa morte?
Poderia a morte de um ente querido ser valiosa para o
desenvolvimento espiritual dos que ficam? Não somos capazes de
entender essas coisas com nossa mente racional porque são assuntos
de natureza espiritual. Pode ser suficiente dizer que nossas vidas
são parte de um contexto muito maior que não podemos
compreender profundamente.
Muito freqüentemente, alguns clientes vêm a mim perguntando se
seus entes queridos sofreram alguma dor, no momento do impacto.
Na maioria dos casos, o espírito como que desfalece e não lembra
nada. É muito comum os espíritos contarem que viram o veículo
acidentado e ficaram se perguntando quem seriam aquelas pobres
pessoas mortas. Até darem-se conta de que já não estão entre os
vivos, não percebem que foram eles que sofreram a experiência.
Quando os espíritos tomam conhecimento de sua própria morte, a
princípio podem ficar muito contrariados, para dizer o mínimo,
principalmente quando ainda se sentem como se estivessem vivos.
Quando a morte acontece por acidente, e um espírito é literalmente
lançado para fora do seu corpo, um parente, um amigo ou um guia
estará sempre por perto, para ajudá-lo na transição que a morte
representa. Logo o indivíduo compreende que existe vida na forma
espiritual. Olha para o seu corpo espiritual e percebe que este tem a
mesma forma que seu corpo físico. Algumas vezes, um espírito


pode despertar em um hospital -não se trata de um hospital nos
moldes terrenos -e ser recebido por um parente ou amigo morto
que lhe dá as boas-vindas e o informa de que ele faleceu em um
acidente.
É preciso estar ciente de que em qualquer morte, especialmente nas
repentinas, um espírito precisa de assistência e compreensão para
adaptar-se ao novo ambiente. Graças a Deus, existem sempre belas
almas para ajudá-lo. Seriam o equivalente a assistentes sociais ou
terapeutas, porque, assim como eles, os espíritos dedicados à
assistência ajudam mentalmente os que chegam a esse domínio tão
pouco familiar.
Quando trabalho com pais ainda de luto, ouço-os dizer que a perda
de uma criança é a pior experiência que alguém pode passar na
vida. Ninguém está preparado para a morte de um filho. Os pais,
imersos em dor, culpam-se inevitavelmente pela morte da criança,
como se fossem capazes de evitá-la. Mas somente Deus possui tal
poder.
Como veremos na sessão que se segue, um filho tenta assegurar à
sua mãe de que está bem e de que não deve se culpar por sua morte.
Com palavras de amor, com o riso e informações compartilhadas
apenas entre eles, o garoto buscará confortá-la.

Quando a sessão terminou, percebi uma mudança radical na mãe.
Não chorava mais e conseguiu encontrar sua paz.

Garoto na motocicleta
Essa sessão aconteceu na casa de uma consulente. Havia oito
pessoas no grupo. Nunca encontrara aquelas pessoas nem tinha
qualquer conhecimento sobre quem queriam contatar.
Depois de três manifestações, subitamente virei minha cabeça para
a esquerda, na sala, e reparei em uma senhora sentada no sofá. Ela
estava chorando.
-Posso me aproximar? -perguntei. Ela parecia hesitante, mas
respondeu:


-Claro, tudo bem.
-Há um jovem louro, que tem estado sentado nesse sofá com você a
noite toda. Você sabe de quem se trata?
-Creio que sim...
-Ele me disse que seu nome é Stephen. O nome significa alguma
coisa para você?
A mulher começou a chorar convulsivamente e disse:
-Sim, é o meu filho. Eu continuei:
-Ele parece ter um excelente senso de humor e um riso muito solto.
Isso é familiar?
-Muito...
-Seu senso de humor é um tanto ferino... Ou picante, entende o que
quero dizer?
A mulher balançou a cabeça afirmativamente. Ela sorriu,
suavemente. Já havia se convencido de que estava em comunicação
com seu filho.
-Ele manda um abraço para Diane... e diz alguma coisa a respeito
de uma festa...
-Diane era sua namorada.
A mulher refletiu um pouco sobre a referência a respeito da festa,
mas não conseguiu descobrir do que se tratava. De repente,
exclamou:


-Meu Deus! Diane estava em uma festa com ele, na noite em que
meu filho morreu. Era uma festa na casa de amigos.
-Ele está me mostrando uma motocicleta, numa estrada com asfalto
derrapante... Você sabe do que se trata?
-Sim... -ela respondeu.
-Ele faz uma curva, muito veloz, depois desce uma lombada...
Hum... Você sabe... ele tornava-se um pouco imprudente, quando
andava de motocicleta.
A mulher continuava assentindo de cabeça e escutando...
-O que significa Greenleaf...? Ele está me mostrando uma placa
com esse nome.



-É o nome da rua onde aconteceu o acidente.
-Sim... Agora ele me mostra um carro... de cor azul-escura... A
motocicleta chocou-se com o carro? Foi isso?
-Foi. Stephen foi atirado fora da moto e entrou por debaixo do
carro. -Ela praticamente desmoronou diante de mim, ao contar isso.
-Stephen quer que eu lhe diga que ele adorou a fotografia no Livro
Anual de sua escola, com a bela inscrição embaixo.
-Sim... temos uma fotografia igual, pendurada na parede da sala.
-Ele quer que você saiba de uma coisa muito importante. Ele diz
que você carrega muita culpa, pelo acidente, e que isso é errado.
Você não foi responsável por nada.
-Bem... Se eu tivesse telefonado para ele, naquela noite, talvez não
houvesse ido para a tal festa.
-Stephen está dizendo que teria ido de qualquer jeito. Você sabe
disso. Ele sempre fez o que quis.
-Sim, é verdade -ela retrucou. -Ele está certo. Acho que não havia
mesmo jeito de evitar o acidente. Eu apenas sinto um pesar muito
grande... por não ter podido fazer nada.
-E você compreende que não foi sua culpa?
-Sim, agora eu compreendo... Obrigada. Ela balançou a cabeça e
continuou escutando.


Stephen mencionou diversas coisas que sua mãe sabia que seu pai e
sua irmã iriam reconhecer. Até esse momento, tratou-se apenas de
uma manifestação, como muitas outras. A informação que chegou a
seguir, entretanto, foi intrigante e quase inacreditável. Stephen
revelou-se um comunicador excepcional -do tipo que é o melhor
amigo dos médiuns. Era capaz de descrever em detalhes as coisas,
sempre imprimindo-lhes o tom carinhoso e divertido que fazia
parte de sua personalidade.
-Stephen está mandando um abraço para seus amigos. Meu Deus,
ele tinha uma porção de amigos.
-Tinha sim...



-Você sabia que os amigos dele promoveram reservadamente uma
cerimônia fúnebre para ele?
-Acho que não... Quer dizer... Eles colocaram flores no local do
acidente, mas...
-Ele está me mostrando as iniciais J.D., e alguém está erguendo um
brinde. Não sei o que pode significar isso...
A mulher começou a rir e exclamou:
-Ah, sim... seus amigos pularam a cerca do cemitério e entornaram
uma garrafa de Jack Daniel's na beira do túmulo dele. Acho que isso
poderia ser chamado de uma cerimônia fúnebre...
Todos na sala riram. E aproximaram-se da mulher para abraçá-la.
Stephen assegurou-lhe que ficaria junto dela todo o tempo e pediu-
lhe para ir manso nas coisas. Sua mãe levantou os olhos para o teto e
começou a falar diretamente com Stephen. Ela tornara-se não
apenas capaz de aceitar sua morte como se livrara de sua culpa
irracional. Ela estava contente de saber que o filho a acompanhava a
todo momento.

A animadora de torcida

Da mesma forma como acontece no plano terreno, igualmente no
reino espiritual, quando certas coisas incomodam, sente-se que é
preciso resolvê-las. Quando passamos para o mundo espiritual,
nossa existência continua baseada em pensamentos e ações de nossa
vida terrena. Se fizemos alguma coisa da qual nos envergonhamos,
quando estávamos na forma física, nosso sentimento negativo a
respeito daquele evento, ou os efeitos deste sobre nós, pode
permanecer em nossa consciência por muito tempo.
Se morremos deixando coisas por resolver, não conseguimos
descansar em paz nem prosseguir em nosso desenvolvimento
espiritual, até termos encontrado uma solução para as questões
pendentes. Uma das recompensas do meu trabalho é a
oportunidade de auxiliar um espírito a buscar e receber perdão por
algo de errado que tenha feito. Assim, o espírito liberta-se de sua


ligação negativa e pode ir adiante com seu crescimento no outro
lado da vida.
Como já mencionei, ocorre muito de virem a mim espíritos que não
estão sendo aguardados. Quando isso acontece, é porque há uma
coisa muito importante que o espírito precisa transmitir ao
consulente. No exemplo a seguir, o espírito é uma antiga colega de
colégio que precisa obter perdão por um ato praticado no passado.
Em uma sessão de grupo, sábado à noite, já estava quase
encerrando os trabalhos quando me vi sendo direcionado para duas
mulheres e um homem, sentados em um sofá à minha frente. Não
sei como, mas tinha a consciência de que aquelas pessoas possuíam
alguma espécie de ligação entre si. Dirigi-me à mulher que se
sentava no meio:
-Com licença, posso me aproximar?
-Claro -ela respondeu.
-Há uma jovem mulher aqui, mais ou menos da sua idade. Parece-
me que ela está perturbada por alguma coisa... algo a está
preocupando... O nome Stacey significa alguma coisa para você?
-Sim. Era minha colega, no colégio secundário.
-Ela morreu de forma muito abrupta. Está me mostrando vidro e
sangue, e agora está apontando para sua cabeça. Não estava
preparada para morrer. Isso faz sentido para você?


-Sim, claro que faz. Estava sentada aqui, este tempo todo,
justamente pensando nela...
-Ela diz que não perderia esta sessão por nada no mundo. Acho...
que Stacey era o tipo de garota que adorava festas.
-Tem razão.
-Estou com a sensação de que ela era muito popular na escola, e a
primeira que convidavam, quando havia uma festa.
Todos começaram a rir.
-Antes de morrer, sua mente estava muito confusa, como se ela
estivesse drogada ou bêbada. Eu a vejo no carro. Houve a colisão, a
pancada em sua cabeça. Muito vidro e... muito sangue. Ela sofreu



uma acidente de carro e... lamento dizer isso, mas sinto que ela foi
projetada através do vidro do pára-brisa.
As duas jovens começaram a chorar:
-Foi isso mesmo.
-Ela diz que o acidente aconteceu num cruzamento. Ela vinha de
uma festa e ficou... toda ferrada.
-Sim...
-Ela afirma que conhece vocês duas... É isso mesmo?
-Sim, nós fomos colegas de escola.
Passei a dirigir minhas perguntas a Julie, a outra mulher sentada no
sofá.
-Ela está me mostrando uma foto com vocês duas. Você possui essa
foto, não é?
-Sim, e acabei de dar uma olhada nela.
-Estranho... Agora ela está me mostrando algo que parece... material
esportivo. Não sei ao certo se é algo relacionado a futebol ou a
atletismo... Ela está me mostrando uma letra pregada no seu
suéter...
Foi Julie quem respondeu:
-Nós éramos animadoras de torcida, na escola. Nessa foto,
estávamos com o nosso uniforme. Os uniformes têm uma letra
costurada nos suéteres.
Enxuguei a testa e suspirei aliviado. Estava feliz que tivessem
compreendido a mensagem. Prossegui:


-Ela sempre quis ser mãe...
-É verdade! Ela vivia falando em ter uma família e em todas as
coisas que nós três faríamos juntas.
-Ela me pede que lhes diga que ela toma conta de crianças, lá onde
está agora. É como se fosse uma assistente social, e ela adora seu
trabalho.
As duas mulheres sorriram. De repente, Stacey passou a me enviar
um outro tipo de sensação.



-Isso é esquisito... Ela está me transmitindo uma sensação pesada...
começou a chorar... Está muito triste pela maneira como tratou
vocês. Ela está me dizendo que foi uma verdadeira... sacana com
vocês duas.
As duas mulheres concordaram, com um balanço de cabeça.
-Ela está dizendo que terminou a amizade com vocês porque
queria ficar amiga de uma turma mais popular no colégio, um
pessoal mais animado. Ela está contando que era uma pessoa muito
ciumenta e que vivia criando atritos com outras pessoas. Ela queria
ser sempre o centro das atenções. Vocês pararam de falar com ela
por um tempo, não foi?
-Foi, sim. Aconteceu poucos meses antes de ela morrer.
-Ela pede que eu diga que lamenta muito. Ela estava errada e pede
a vocês que perdoem seu procedimento. Ela diz que era tão
obcecada com a idéia de ser a pessoa mais popular do colégio que,
muitas vezes, deixava de prestar atenção aos sentimentos dos
outros. Era uma maneira de agir muito boba.
As moças começaram a chorar.
-Por favor, perdoem-na. Ela está muito desgostosa com a maneira
como se comportou com vocês.
-Mas é claro que perdoamos -exclamou Julie.
-Ela diz que entende a mágoa de vocês, por experiência própria,
e que odeia ter feito o que fez.
As moças enxugaram suas lágrimas.
-Julie... Você e esse rapaz ao seu lado casaram-se no último verão?


-Sim, isso mesmo.
-E você chegou a pensar que seria bom ter Stacey como uma de
suas damas de honra?
-Sim... Mas é incrível! -Conversei com ela sobre isso.
-Ela está me mostrando um vestido cor-de-rosa e seu cabelo preso
com um laço também cor-de-rosa.
Júlia gritou:



-Meu Deus! Rosa era a cor das roupas das damas de honra. Seus
vestidos e laços nos cabelos eram cor-de-rosa.
-Stacey está dizendo: "E você acha que iam poder dar uma festa
sem me convidar?" Ela diz que esteve presente, em espírito.
Todos riram muito e agradeceram a Stacey por seu comparecimento.
Stacey também agradeceu a suas amigas, pelo amor que
continuavam lhe devotando e pelo seu perdão. Naquele momento,
vi Stacey aproximar-se das duas moças, dar um abraço em cada
uma e depois voltar-se para mim, com uma expressão de agradecimento.
Depois, lentamente, foi desaparecendo. O grupo levou
alguns minutos para absorver a experiência e depois foi invadido
por um intenso sentimento de paz e amor.
O mais importante é compreender que temos outras oportunidades
para mudar nossas atitudes e nosso comportamento depois de
deixarmos para trás nossos corpos físicos. Se alguém nos
prejudicou, ou portou-se de maneira agressiva conosco, quando
estava vivo -como Stacey admitiu ter feito -, a pessoa pode ter uma
nova compreensão de si mesma, no outro lado. Ela percebeu o
quanto seu procedimento fora errado, quantas chances tivera de
transmitir seu amor e como se enganara na escolha que fez. A
consciência disso leva à compreensão e ao desejo de ser perdoada.
Em quase todas as consultas, o desejo mais comum dos seres
espirituais é serem perdoados. Arrepender-se de um ato praticado
tem o efeito de cura para o espírito, além de servir como inspiração
para aqueles que permanecem no plano terreno, estimulando-os a
procurar resolver suas diferenças e atritos com outras pessoas. Os
seres espirituais querem que iniciemos uma vida sem preconceitos
nem julgamentos. Repetidamente, insistentemente, os espíritos nos
dizem que o único caminho é o do amor e do perdão.

O policial
Uma das coisas que mais me perguntam é: se os espíritos são capazes
de enxergar o que vai acontecer, por que não nos contam? É preciso


entender que os seres espirituais só nos podem dizer o que sabem e

o que é apropriado revelar. Embora todo espírito desenvolva certa
percepção extremamente apurada e expanda impressionantemente
sua consciência, pode apenas dar as informações que detém no nível
em que se encontra.
Deixe-me explicar melhor... A Terra é nossa sala de aula. Viemos
para cá com o objetivo de aprender diversas lições -e essas lições
variam muito de pessoa para pessoa. Cada um de nós encarna em
um estágio diferente de crescimento, e cada um de nós precisa
atravessar diferentes experiências para obter sabedoria e expandir
nossa consciência a respeito do contexto maior da vida. Como Jesus
disse: "Na casa do meu pai há muitas moradas." Isso significa que
há diversos níveis espirituais da existência. Quando morremos,
entramos em um nível espiritual que irá se adequar às idéias e atos
que praticamos no plano terreno. Um espírito só pode nos
transmitir conhecimento a partir do nível espiritual ao qual
pertence. Mais do que isso, no mundo espiritual, os seres respeitam
as leis espirituais, e realmente as cumprem. Se desafiarem essas leis,
estarão na verdade se levantando contra o estado natural de
harmonia e de equilíbrio e perderão a oportunidade de evoluir
espiritualmente. Assim, em vez de nos contar o que está para
acontecer, eles se curvam às leis espirituais e nos permitem tomar
nossas próprias decisões.
Por exemplo, se alguém indaga de sua falecida mãe se deve ou não
se casar, existirão duas possibilidades. A mãe pode estar habilitada
a fornecer a informação pedida e imprimir a resposta em minha
mente. No entanto, se aquele casamento for uma lição cármica para
sua filha, a mãe não desejará comprometer o crescimento espiritual
dela, revelando-lhe algo que irá tornar inútil seu teste cármico. Cada
indivíduo deve atravessar a experiência humana sozinho. Mesmo
com nossos guias e anjos, precisamos tomar nossas próprias
decisões com base em nossa consciência. Pode-se dizer que estamos,
continuamente, sendo submetidos a algum tipo de teste.

A sessão que apresento a seguir é um maravilhoso exemplo de
como um espírito podia não ter conhecimento do que iria acontecer
na vida terrena, mas torna-se agora capaz de enxergar
determinados detalhes de um evento futuro. Devo salientar que se
trata de uma circunstância rara, mas, como você verá, é
impressionante quando ocorre. Esta sessão aconteceu em um
trabalho de grupo. Dirigi-me a uma senhora e sintonizei-me com
sua avó, que estava de pé bem ao seu lado. A avó veio através de
mim com informações muito objetivas. Ela relatou como morreu e
fez comentários sobre as novas almofadas do sofá de sua neta.
Pensei que isso seria tudo, até que algo muito estranho aconteceu.
-Carla, você conhece uma pessoa no plano terreno chamada
Joanne?
Ela pensou, mas não foi capaz de lembrar de ninguém com esse
nome. Eu prossegui:
-Bem, parece que há um homem de pé perto de mim que insiste
que você conhece tal pessoa. Ele está falando de um acidente de
moto. Ele morreu nesse acidente e diz que estava no seu caminho
para casa.
A senhora continuava tentando recordar alguma coisa. De repente,
ficou pálida e gritou:
-Oh, meu Deus! Deve ser isso mesmo!
-Ele está mencionando um nome... Kathy?
-Exatamente! Minha melhor amiga chama-se Kathy. Paul era o
nome do seu marido. Ele morreu em um acidente de motocicleta.
Carla ficou agitada demais -tanto, que precisamos interromper a
sessão por um ou dois minutos, até que ela se recuperasse. Então,
continuei:
-Paul está me mostrando um uniforme de policial. E também uma
parada de carros de polícia -parece uma espécie de procissão...
-Sim... foi o funeral dele.
-Vejo policiais carregando o caixão. Você se lembra se seu túmulo
ficava perto de uma espécie de muro?


-Não, não me lembro... Vou ter que perguntar a Kathy.
-Você sabe se Kathy pendurou na parede uma placa na qual está o
distintivo dele e sua foto?
-Não, não sei.
-Por favor, pergunte a ela. Ele disse que a viu parada em frente à
placa, conversando com ele.
-Está bem, vou perguntar.
Foi então que Paul nos transmitiu uma informação inesperada e
quase inacreditável. Nem sempre sou capaz de interpretar o que
recebo. Naquele caso, não pude compreender coisa alguma.
-Paul está dizendo que viu o bebê... Ele soube a respeito do bebê
assim que morreu. Ele está se referindo a uma menininha, e diz que
estava presente, quando ela nasceu. Sabe do que ele está falando?
Carla tinha uma expressão atônita na face. Ela começou a chorar,
cobrindo a boca com as mãos. Murmurava, soluçando entre uma
palavra e outra:
-Sim... sim... Quando Paul foi morto, Kathy estava grávida de dois
meses, mas ele não sabia. Ela teve a criança há cinco meses. Deu-lhe


o nome de Joanne...
Todos na sala, inclusive eu, soltaram uma exclamação.
Mais tarde, Carla soube que Paul foi de fato sepultado perto de um
muro -na lateral de um mausoléu. Kathy havia emoldurado o
distintivo de Paul, junto com a fotografia, e pendurado o quadro na
parede da sala. Kathy contou a Carla que se detivera em frente à
foto de seu marido, pedindo algum sinal de que ele estivesse bem.
Ela ficou muito emocionada, ao receber os resultados da sessão.
Desse dia em diante, Kathy teve a certeza de que seu amado marido
estaria olhando por ela e por seu bebê, lá do Paraíso.
Minha mãe e o ônibus

A sessão que vou relatar a seguir aconteceu em benefício do AIDS
Project Los Angeles, em 1992. Fui convidado para fazer uma


demonstração aberta ao público. A idéia era mostrar a morte a
partir de uma perspectiva pouco ortodoxa. Demonstrações abertas
às vezes reúnem algo em torno de 500 pessoas e é preciso haver um
meio de estabelecer uma ligação entre o mundo espiritual e os
participantes terrestres. Isso é obtido graças aos meus guias espirituais,
que verificam a situação de um espírito e cuidadosamente o
posicionam atrás de mim -não cabe a mim dizer nada a respeito da
posição em que o espírito chega, nem a respeito da ordem em que
me vêm as mensagens. Nunca sei quem vai aparecer.
Durante minha quarta manifestação, um espírito feminino começou
a falar comigo.
-Há uma senhora aqui que me diz que morreu no México. Isso faz
sentido para alguém neste salão?
Não houve resposta. Eu continuei.
-Ela está me dizendo que foi vítima de um acidente de carro, algo a
ver com um ônibus. Sim, creio que ela bateu contra um ônibus. Isso
faz sentido para alguém aqui?
Ainda sem resposta. É raro acontecer de ninguém no salão
reconhecer a informação. Geralmente, quando isso ocorre, descubro
mais tarde que alguém na audiência, de fato, sabia do que eu estava
falando, mas ou ficou chocado demais pela exatidão da informação
e não quis se expor diante de uma platéia, ou não foi capaz de
interpretar corretamente o que eu transmiti, até que o evento
estivesse encerrado.
Foi isto o que aconteceu naquela noite. Depois de uma
demonstração de duas horas de duração, despedi-me do auditório e
já estava arrumando minhas coisas para ir embora, quando um
homem de cabelos negros apresentou-se a mim.
-Com licença, meu nome é Ed Auger.
-Olá! Em que posso ajudá-lo?

-Estava aqui pensando se o que você disse sobre a tal mulher que
morreu no México poderia ter a ver comigo. Minha mãe morreu em


um acidente no México, mas ela não bateu contra um ônibus... bateu
num caminhão.
-Não... -eu lhe respondi. -O que aquela senhora estava me
mostrando era nitidamente um ônibus. Havia uma inscrição na
lateral da carrocería do veículo. Você tem certeza de que a sua mãe
bateu contra um caminhão?

-Acho que sim... Mas vou checar com meu pai. Muito obrigado!
Depois disso, saímos do salão e cada qual seguiu seu caminho. Um
mês mais tarde, recebi um telefonema urgente de Ed. Ele me contou
que havia falado com seu pai no México, que confirmara que o
acidente com sua mãe fora uma colisão contra um ônibus. Chegou
mesmo a mandar para Ed um recorte de jornal, que noticiava o
desastre. Ed estava muito entristecido, por não haver reconhecido a
informação, logo de início, e estava torcendo para que sua mãe não
houvesse ficado zangada com ele. Ele me disse que, na época do
acidente, tinha apenas dois anos de idade -por isso não se lembrava
ao certo do que havia acontecido. Marcamos um encontro,
esperando que Ed pudesse encontrar a mãe, que ele mal conhecia.

-Ed, sua mãe era uma mulher muito bonita. Ela tinha lindos olhos

castanhos e cabelos escuros. Posso vê-la, arrumando-os para trás.
-Tudo que tenho é uma foto dela... e é assim mesmo que ela se
parece -respondeu Ed.

-Bem, sua mãe está dizendo que está enganado, que você tem uma
outra foto dela, na sua sala.

-Não, não que eu saiba.
-Ela diz que não é uma foto normal. Há alguma coisa diferente a
respeito dela. Ela diz que foi uma foto tirada logo depois que se
casou com o seu pai. Você sabe alguma coisa a respeito da pintura
de um retrato dela?

-Minha nossa! É claro que eu sei. Tenho um retrato pintado da
minha mãe quando ela tinha dezenove anos, pendurado na parede
da sala. Foi pintado logo depois de ela conhecer meu pai.


-Ela está rindo. Diz que você é tremendamente ciumento a respeito
de tudo o que há nessa sua sala. Ela está me mostrando objetos que
parecem ser... máscaras. Artesanato tribal, é isso?
-Sim... Estão penduradas na parede oposta. Coleciono máscaras
africanas. E incrível!
-Ela está falando a respeito do seu pai. Diz alguma coisa a respeito
de ele possuir uma medalha. Espere, deixe eu entender direito...
Certo... Seu pai possui algum tipo de condecoração? Uma medalha
pendurada numa fita?

Ed não tinha certeza.
-Sua mãe pertencia a uma família muito conceituada. Tenho a
impressão de que eram bastante influentes na política. É verdade?
-Sim, é isso mesmo. No México, o pai dela tinha um cargo
equivalente a um prefeito. Era uma autoridade bastante influente.
-Ela está tentando me dizer seu nome. São três palavras separadas.
Espanhol. Uma das palavras soa como Camille... ou Camilla?
-Inacreditável. Seu nome era Camilla Dolores Garda.
-Ah, muito bem. Isso foi ótimo. Sua mãe é uma comunicadora
excelente.
Houve uma pausa de alguns minutos.
-Lamento dizer isso... -eu falei. -Mas preciso transmitir tudo o que
é passado para mim. Não faço censura nenhuma à informação que
recebo.
-Tudo bem, vá em frente.
-Você sabe que sua mãe foi obrigada a se casar?
-Como assim?
-Bem, ela está me dizendo alguma coisa sobre ser forçada a se
casar.
Ed ficou chocado. Nunca havia escutado isso antes e achou difícil de
acreditar. Disse a ele que eu poderia não estar interpretando
corretamente a mensagem. Seria melhor que fosse consultar seu pai
a respeito. A sessão ainda prosseguiu por algum tempo. A mãe de
Ed mencionou um anel de diamantes, comentou o trabalho de Ed


no mercado financeiro e algo sobre sua mudança recente de
emprego.
Ed deixou o encontro muito satisfeito -mas também extremamente
intrigado. Poucos dias depois, telefonou-me e disse que havia
falado com seu pai a respeito de nosso encontro. Seu pai confirmou
a existência da medalha -que ele recebera no exército. Disse que a
mantinha em seu quarto, em uma gaveta, junto ao anel de
diamantes com que presenteara sua esposa.
Ed conseguiu esclarecer o que sua mãe dissera sobre um casamento
forçado. Seu pai havia se casado de novo, dois anos depois da morte
da mãe de Ed. Fora obrigado a casar-se porque a mulher havia
ficado grávida e o escândalo arruinaria a reputação da família, se
ele se recusasse a desposá-la. Seu pai nunca contou nada a ninguém
a respeito do assunto, manteve tudo como um segredo de família.
Ed ficou convencido de que havia conversado com sua mãe. Ele
estava feliz em saber que ela sempre estaria com ele e que também o
acolheria, quando fosse a vez de ele retornar ao lar do mundo
espiritual. Ele disse que estaria aguardando ansiosamente pelo
momento em que se reuniriam novamente, e para sempre.

CAPÍTULO 6

AIDS

A raves da História, cada geração tem sido vítima de alguma praga
devastadora. Infelizmente, isso me leva a escrever um capítulo a
respeito do assunto. Acontece que a AIDS é uma discussão que tem
mobilizado toda a sociedade. A AIDS posiciona-se ao lado do


câncer e das doenças cardíacas como mais um dos flagelos da
humanidade, atualmente. Com freqüência, me perguntam: Porque
existe a AIDS? O que podemos aprender com a doença? Centenas de
livros já foram escritos, procurando responder a essa pergunta.
Estou longe de poder me colocar como dono de enorme conhecimento
a respeito, nem pretendo responder àquelas perguntas, neste
livro. Acredito que as respostas são demasiadamente complexas.
Posso apenas oferecer ao leitor minha experiência sobre a doença,
do ponto de vista espiritual -proveniente daqueles que
atravessaram para além da morte e explicaram por que precisaram
passar pela experiência de contrair a AIDS.
Desejo ressaltar um ponto. Todas as coisas são criadas a partir do
pensamento universal. Mesmo que não possamos enxergá-lo, o
pensamento universal existe. Já ressaltei que existe uma lei universal
de causa e efeito, que é constante, assim como o movimento
de energia que anima nosso mundo. Em outras palavras, é nossa
mente que cria as situações de nossas vidas. Poucos de nós vivem a
realidade de quem são. Em vez disso, nos atrapalhamos com o
poder de nosso próprio pensamento. Mesmo aqueles que pregam
respeito à verdade parecem incapazes de viver de acordo com sua
própria doutrina. Assim, em vez de usar nossa mente para
compartilhar o ideal de um Deus que nos ama incondicionalmente,
voltamos nossa energia para a intolerância e para o preconceito.

Há gente demais tentando se fazer de Deus na Terra. Alguns se
valem de seu poder material para dominar outras pessoas. Somente

o ego das pessoas pode ansiar por conquistar poder. E tem como
satisfazer-se em diversos lugares -na diretoria de uma empresa, em
algum cargo no governo, no púlpito de uma igreja. Fazendo par
com o poder, encontramos a riqueza material e a crença de que esta
pode nos fazer, de alguma forma, pessoas especiais, valiosas. Todos
temos conhecimento de pessoas que enriqueceram e que ainda
enriquecem por meio da exploração de outros seres humanos. Em
última instância, depende de cada um de nós, como indivíduos, ter

consciência de que o que temos de precioso, de inestimável, não
pode ser medido pelo volume de dinheiro que acumulamos no
banco, pelo tamanho de nossa casa e pela quantidade de
automóveis que possuímos. Quando atravessamos para o outro
lado, tudo o que nos perguntarão será a respeito de quanto amor
temos em nossos corações.
Todos somos iguais. Deus não escolheu um grupo, em detrimento
dos demais. Quando nos permitirmos abrir nossas mentes,
desenvolveremos nossa compreensão e nossa compaixão, e seremos
capazes de enxergar todos os seres como partes da energia universal
que vem de Deus. Estaremos livres de todo preconceito e de todo
ódio baseado em diferenças de raça, sexo, ou de opção sexual. Deus
é ilimitado. Somente o pensamento humano estabelece barreiras
entre as pessoas. Pessoalmente, acredito que, disseminando o ódio,

o preconceito e a intolerância, contribuímos de algum modo para
disseminar igualmente a AIDS. É nossa maneira equivocada de
pensar que provoca esse sentimento geral de mal-estar, essa falta de
harmonia em que nos encontramos hoje, no mundo.
Muitas pessoas perguntam se há cura para a AIDS. Eu respondo:
sim. Há cura para todas as enfermidades que nos afligem, mas não
será encontrada até elevarmos nossa consciência, deixando de agir
apenas em proveito pessoal, até conseguirmos, de fato, amar o
próximo.
A AIDS, apesar de terrível, nos oferece oportunidade de aprender e
de nos iluminar. Previamente associada aos homossexuais
masculinos, já é hoje um mal que ataca indistintamente a toda a
população. Há pessoas, por todo o planeta, que ainda relutam em
aceitar a extensão da epidemia. No entanto, finalmente estamos
começando a nos informar a respeito e a encarar o fato de que todos
estamos envolvidos no problema da AIDS. Por causa da AIDS,
fomos obrigados a aprender lições sobre tolerância, compreensão,
convivência.

Essa situação traz à tona elementos da personalidade das pessoas, e
de seu caráter, de que até então não se haviam dado conta. Muitas
pessoas infectadas questionam, entre outras coisas, sua
espiritualidade, sua essência única universal, seu medo do
desconhecido e, mais importante do que tudo, a dimensão do amor.
É sob as situações mais dramáticas que as almas encontram maior
oportunidade de crescimento. Isso vale não apenas para os que são
contaminados pela doença, mas também para seus familiares e
amigos.
Durante sessões com espíritos que vivenciaram a enfermidade,
muitos me deram razões para precisarem passar pela experiência.
Os espíritos começam explicando que sua passagem pelo plano
terreno é definida muito antes de reencarnarem. Muitos afirmaram
que estão ajudando a equilibrar o carma negativo deste planeta,
gerado pela maneira equivocada de nos comportarmos uns em
relação aos outros. Pessoas que faleceram vítimas de câncer me
contaram a mesma coisa.
Dedico este capítulo a todos os que foram contaminados pela
doença, a todos os que os ampararam e a todos os que perderam
entes queridos dessa forma tão dolorosa.

A mãe da menina
É importante destacar que as habilidades de comunicação do
próprio espírito são importantes e que, em grande medida,
determinam o sucesso da sessão. A que vou relatar a seguir foi
muito impressionante, por duas razões. Primeiro, a criança foi
bastante explícita, precisa, e compreendeu perfeitamente o processo
de comunicação. Em segundo lugar, sempre que as crianças chegam
a nós, falam de modo inocente e puro.
Certa vez, uma senhora muito perturbada, chamada Miriam,
telefonou pedindo minha ajuda. Ela me disse que sua menininha
havia contraído AIDS, através de uma transfusão de sangue, e
morrera.


-Não vou conseguir continuar vivendo, a não ser que tenha a
certeza de que minha filhinha está bem! -ela disse.
Uma consulta havia sido desmarcada na última hora e assim pude
recebê-la imediatamente.
Quando Miriam Johnson chegou, informou-me de que não tinha
qualquer familiaridade com o trabalho que eu fazia. Mas me
confessou também que estava no limite de suas forças e, portanto,
qualquer um que pudesse lhe dar alguma esperança seria bem-
vindo. Eu a fiz sentar-se e expliquei em detalhes como trabalhava e

o que ela poderia esperar. Ela estava um tanto nervosa, mas, depois
que se deu conta de que não correria nenhum perigo -nem estava
sendo enganada -, conseguiu relaxar e deixar a experiência
desenvolver-se.
Iniciei com minhas orações usuais e comecei a sessão. Demorou
alguns minutos até eu escutar alguma coisa -apenas sussurros
muito débeis -em minha mente.
-Creio que sua menina está entre nós. Ela tem cabelos longos,
castanho-claros, olhos verdes e brilhantes, e um sorriso adorável.
Parece um pouco envergonhada.
Miriam, com lágrimas nos olhos, respondeu:
-Mas é ela? É ela de verdade?
-Ela diz que sim.
-Mas como vou saber... Quer dizer, o que ela pode me contar a seu
respeito?
Prossegui, então:
-Está me dando o nome de Bethie... Miriam começou a chorar
convulsivamente.
-Sim, esse era o seu apelido. Eu sempre a chamava de Bethie. Seu
nome mesmo era Elizabeth.
-Muito estranho... Ela está segurando alguma coisa, mas não
consigo distinguir do que se trata. Espere! Ela tinha algum desses
bichinhos de pelúcia?
-Sim, no seu quarto...



-Ela está me dizendo que você lhe deu um bichinho desses. Espere!
Está me mostrando... Hum... Parece um pônei vermelho. Isso
significa algo para você?
-Não, não me lembro de nenhum pônei vermelho. Pode até ser que
ela tivesse um, mas não me lembro.
Telepáticamente, pedi a Bethie que me contasse mais a respeito do
bichinho. Depois de alguns minutos, pude ir em frente.
-Bethie está me mostrando um quarto de hospital, e você está lá, de
pé, com o pônei vermelho nas mãos.
Um brilho rápido iluminou os olhos de Miriam:
-Ah, sim, é claro. John e eu compramos um animal de pelúcia para
ela, e ela o teve nos braços por todo o tempo em que permaneceu no
hospital. Era um pônei vermelho. Lamento não ter lembrado.
-Posso dizer que sua filha era um ser muito iluminado e que, sem
nenhuma dúvida, veio ao plano terreno com algum propósito.
Adoro a energia que capto dela e seu gosto pela vida. Ninguém
diria que tenha morrido tão nova.
Miriam assentiu com a cabeça e enxugou as lágrimas dos olhos.
-Ela está falando de um acampamento. Você lembra se ela foi a
algum acampamento?
-Sim... no verão passado.
-O nome do lugar era algo como... Reindeer?
-Não... Acampamento Rainier.
-É parecido... Sua filha está me mostrando uma medalha. Tem uma
fita presa a ela. Sabe do que estou falando?
-Sim... -Miriam engasgou. -Ela ganhou uma medalha. Eu a tive
nas mãos, esta manhã. Ela foi a campeã de remo do acampamento.


-Sim, ela estava ao seu lado no quarto, hoje, quando você tirou a
medalha da caixa para olhá-la.
Miriam não conseguia acreditar no que estava escutando.
-Ela manda um beijo para John, diz que o ama. Pede a você que lhe
diga que gostou da decisão de vocês. Sinto muito, mas não tenho a
mínima idéia do que isto pode significar.



As lágrimas voltaram aos olhos de Miriam. Ela encarou-me e disse:
-Acabei de dizer a John que aceito casar-me com ele. Mas não tinha
certeza se minha garotinha aprovaria...
-Ela diz que sim. Diz também que viu John se inclinando sobre ela
e beijando sua testa, quando morreu, no hospital.
-Foi isso mesmo... Minha menininha vai estar no céu, me
esperando, quando eu for para lá?
Naquele instante, fui tocado por uma emoção fortíssima, cheia de
amor, vinda da pequena Bethie. Ela pediu-me que dissesse a sua
mãe que não só estaria lá como viria ao seu encontro, para levá-la ao
céu, junto com ela.
A sessão terminou com Miriam sorrindo, feliz. Não conseguiu
conter-se -abraçou-me com força, dizendo o quanto estava
agradecida. Sentia como se, finalmente, pudesse reiniciar a vida,
agora que sabia que sua filhinha estava bem e que continuava
existindo. De uma situação de desespero, Miriam havia se tornado a
imagem da alegria.

O coração

A beleza do meu trabalho é não apenas ter iluminado tantas pessoas
sobre a verdade da vida depois da morte, mas ter testemunhado
inacreditáveis e miraculosas transformações nas que receberam tal
revelação. Vou agora narrar uma sessão em que me deparei com
uma das mais tocantes experiências de amor eterno.
Muitas vezes, recebo informações que só mais tarde fazem sentido
para a pessoa que atendo. Foi assim que aconteceu durante uma
consulta dada a um jovem chamado Tom. Estava já me
sintonizando com sua energia, quando reparei que havia um outro
jovem, de pé, ao lado dele. Esse ser espiritual começou a descrever
as circunstâncias de sua morte, sobre a qual eu não sabia nada, até
então.
-Há um homem aqui que está lhe enviando muito amor. Está de
pé, à sua direita. Tem olhos azuis, cabelos castanhos e usa uma


barba. Morreu muito jovem... Parece que ele deveria ter vivido por
mais tempo. Hum... Você saberia dizer quem é essa pessoa?
-Acho que sim -replicou Tom.
-Ele está me passando que precisou tomar muitos medicamentos...
algo contra a dor... morfina?
-Sim, isso mesmo!
Sinto também que ele teve muita dificuldade para respirar. Precisou
de oxigênio. Estava muito fraco. O quadro parece... AIDS! Faz
sentido para você?
Tom começou a gritar:
-Sim, estou entendendo tudo! Foi assim que ele morreu.
-Está lhe enviando todo o seu amor e diz que está próximo de você


o tempo todo. Esteve tentando lhe dizer isso, mas você não o
enxerga, e ele ficou muito frustrado. Ele diz que você acabou de
receber uma promoção no trabalho.
-Bem, é verdade... Meu supervisor falou comigo a respeito dessa
possibilidade, hoje.
-Seu amigo está rindo bastante. Diz que o ajudou a conseguir a
promoção e que você está lhe devendo essa... -Tom sorriu.
-Você conhece alguém chamado Gary?
-É o nome dele!
-Está me dizendo alguma coisa a respeito do jardim da frente e de
você estar plantando flores. Ele está me mostrando a si próprio
regando o gramado e diz que você não está plantando as espécies
certas de flores. Sabe do que ele está falando?
-Você tem toda razão! -reforcei. Ambos
rimos.
-Ele está me contando que você esteve na garagem revirando
algumas caixas. Ele está me mostrando um álbum de fotos. Isso faz
sentido para você?
-Sim, fiz isso na semana passada. Estou pensando em me mudar, e
estive vendo o que vou guardar comigo e o que vou jogar fora.

-Gary diz que você já falou com alguém sobre vender a casa e
esteve vendo uma outra, atrás do lugar onde você mora,
atualmente.
-Não entendi isso.
-Gary está pedindo para você aguardar. Vai entender mais tarde...
Ele me mostra uma coisa agora, algo como dois corações
entrelaçados... Você tem algo assim no seu quarto de dormir?
Tom não conseguiu localizar os corações. Mentalmente, percorreu a
casa inteira e não pôde visualizar o que eu estava lhe descrevendo.
Disse-lhe que poderia fazer sentido posteriormente.
-Gary quer que lhe diga que o ama muito, e o amará para sempre.
Ele quer que saiba que sempre estará com você.
Tom disse a Gary que também o amava e que ficava feliz em tê-lo
por perto.
-Gary vai lhe mandar uma espécie de sinal, para que tenha certeza
de que ele está junto de você.
-Isso vai ser maravilhoso. Mal posso esperar.
A sessão foi encerrada. Tom assegurou-me de que a consulta o
deixara aliviado. Ele reconheceu o jeito de Gary em muitas coisas
que foram ditas. Agradeceu-me e seguiu seu caminho.
Quatro meses mais tarde, Tom voltou para me ver e relatou um
acontecimento impressionante. Contou que, depois da consulta que
tivera comigo, foi para casa e guardou a fita com a gravação do que
dissemos. Não pensou mais na sessão. Três semanas mais tarde, ele
ganhou a tal promoção que Gary comentara. Posteriormente, o
próprio Tom explicou:
-Uma colega de trabalho me presenteou com dois cartões. O
primeiro, de congratulações, pela promoção. Então, ela contou que
acontecera uma coisa muito esquisita com ela... Quando deixava a
loja onde comprou o cartão, parou diante do display e sentiu uma
espécie de compulsão de comprar um outro cartão. Não conseguiu
entender por que sentia aquilo, apenas sabia que precisava me dar o
tal cartão. Quando abri o envelope, havia lá o cartão com dois


corações entrelaçados. Impresso, do lado de dentro, estava escrito:
"Eu amo você."
Tom disse que sentiu como se houvesse alguma coisa de familiar
naquele cartão. Assim, decidiu verificar todas as cartas e cartões que
Gary havia lhe dado ou enviado. Quando começou a abri-los, deu-
se conta do que lhe parecia tão familiar. Todas as cartas e cartões
estavam assinados da mesma maneira: "Eu amo você... Gary."

Mamãe! Papai! Sou eu!
Muitas pessoas que marcam consultas comigo são extremamente
céticas. Geralmente, seu sistema de crenças não lhes permite abrir-
se para a possibilidade da vida após a morte. Meu trabalho simplesmente
desafia crenças convencionais, baseadas em anos de enrijecimento
de idéias e mentes fechadas a qualquer pensamento diferente
dos que lhe são habituais.
Em torno de todo ser existe uma força, uma energia chamada de
aura. Quando um espírito vem nos visitar, o que enxerga é essa
forma feita de energia. Ou seja, o espírito não vê apenas o corpo
físico (rosto, peito, pernas e assim por diante), mas nos vê também
de diversas outras maneiras. Na aura, o espírito é capaz de enxergar
nossos corpos emocionais, mentais e espirituais, e as condições de
cada um. Todos os seus pensamentos, palavras, atos, sentimentos e
as suas condições de saúde estão contidos no campo formado pela
aura. Portanto, os seres espirituais são capazes de aperceber-se de
qualquer moléstia, contrariedade ou estado anômalo pelo qual você
esteja passando. Essa informação é transmitida sempre que o
espírito pressente que algo pode ser feito para ajudar aquele
indivíduo. Um ser espiritual é igualmente capaz de nos passar
qualquer outro tipo de informação registrada na aura, tais como
acontecimentos futuros, que têm ocupado nosso pensamento.

A sessão que relato a seguir mudou totalmente a maneira de esses
meus clientes verem o mundo. Mais uma vez, reitero que não sou


responsável por quem ou pelo que me chega. No caso, um visitante
inesperado trouxe uma informação extraordinária. O casal, Vivian e
Paul Strauss, estava sentado à minha frente. Sentia o ceticismo deles
com muita força. Assim, iniciei dizendo:
-Bem, é claro que não sei quem vocês desejam que eu contate, mas
devo perguntar se perderam algum ente querido... uma filha?
O casal trocou olhares intrigados e depois me encarou de volta.
Vivian disse:
-Não, mas o que você está vendo?
-Uma moça... Ela tem uns vinte anos. Está junto de vocês. Lamento,
mas não consigo captar seu nome. Vamos ver... Talvez ela me conte
quem é.
Passaram-se alguns minutos...
-Vivian! Há uma senhora aqui, também. É ligada à sua mãe e está
dizendo alguma coisa sobre Chicago.
-Sim, é minha avó... a mãe da minha mãe. Ela morava em Chicago.
O que está dizendo?
-Está preocupada com a sua mãe. Sua mãe tem algum problema de
visão, ou talvez tenha acabado de marcar uma consulta com um
oftalmologista.
Paul começou a remexer-se na cadeira, parecendo perturbado. A
informação tocou-o de alguma maneira. Foi ele quem respondeu:
-E isso mesmo!
-Essa senhora está dizendo que você teve alguns atritos com a sua
mãe. Vocês duas não estão se falando. Vamos dizer dessa maneira...
Sua mãe tem uma personalidade um bocado forte, o que leva vocês
a brigarem com freqüência. Isso faz sentido?
Ficaram espantadíssimos. Eu acabara de resumir perfeitamente toda
a situação.
-É verdade. Não consigo me relacionar direito com ela. Bem que
gostaria... -Vivian tomou alguns segundos, pensando. -Mas ela é
uma pessoa muito difícil.



-Sua avó, a mãe dela, quer que você a trate melhor. Ela diz que você
precisa ser mais compreensiva.
O casal assentiu de cabeça. Eu prossegui:
-Essa senhora está mandando dizer que ama muito você... Quem é
Paul?
-Eu me chamo Paul! — replicou o marido.
-Há outra pessoa no mundo espiritual com o mesmo nome. Vivian
e Paul trocaram olhares. Seus olhos se encheram de
lágrimas.
-Ele está me dizendo que é filho de vocês. É verdade?
-É sim.
-Paul, devo lhe transmitir o que o seu filho está me dizendo. Você
precisa cuidar mais de si. Seu filho está muito preocupado com a
sua saúde. Ele está me dizendo que você não soube até hoje como
lidar com a morte dele, que está segurando dentro de si uma dor
que precisa ir embora. Isso está prejudicando a sua saúde. Você
precisa sair, fazer coisas. Você gosta de jardinagem?
-Sim.
-Seu filho quer que você plante algumas flores no jardim da frente.
-Estava pensando em fazer isso, há poucos dias...
-Foi ele quem pôs esse pensamento em sua mente.
O casal me encarava perplexo. Haviam sido fortemente mexidos
pela acuidade da informação e agora mostravam-se atentos a cada
palavra que eu dizia. Eu tinha ainda mais para lhes transmitir:
-Isso pode parecer estranho para vocês, mas seu filho quer que
saibam que ele está com sua namorada, no outro lado.
Vivian cobriu o rosto com as mãos e começou a chorar. Ela
murmurou:
-E... ela está bem?
Não pude entender a situação, a princípio, e assim pedi aos pais que
a esclarecessem:
-A namorada dele no plano terreno morreu também?
-Sim... meses depois do falecimento de nosso filho -explicou



Vivian. -E ela era como se fosse uma filha, também, para nós.
-Meu Deus, é inacreditável -eu exclamei. -Ela está mandando dizer
a vocês que eles estão juntos outra vez. Ah, sim, essa é a garota que
primeiro apareceu na sessão.
Eles assentiram com um movimento de cabeça. A sessão continuou
por mais algum tempo, com detalhes sobre a personalidade e as
condições da morte do filho desse casal.
-Seu filho parece ter sido um jovem bastante irrequieto. Era difícil
para ele fixar-se em alguém. Ele tinha essa garota, mas também
andava bastante solto por aí. Vocês devem saber disso.
-É verdade. Ele tinha muitas garotas, ou pelo menos era o que nos
dizia.
-Creio que ele gostava de música. Sabem algo a respeito de uma
guitarra na garagem?
Paul respondeu:
-Claro! Estive olhando para ela ainda ontem. Paul sempre quis
tocar em uma banda. Ele costumava praticar o tempo todo.
-Ele pediu que vocês dêem uma olhada na guitarra, quando
chegarem em casa. Vão verificar que a segunda corda está partida.
Paul garantiu que verificaria, assim que chegassem em casa.
-Ele está me dizendo alguma coisa a respeito de um carro. Vocês
têm uma camionete?
-Sim.
-Ele está me falando de pneus... que talvez vocês tenham trocado os
pneus do veículo, recentemente.
Pensei que aquele homem fosse ter um ataque cardíaco. Ele ficou
pálido de repente:
-Troquei os pneus da camionete na sexta-feira passada.
-Seu filho avisa para checar os faróis. Há uma lâmpada que precisa
ser trocada.
-Meu Deus do céu! Reparei nisso ontem à noite! O casal estava
absolutamente estupefato.



-Seu filho morreu abruptamente. Sinto algo estranho em minha
cabeça, como se estivesse drogado, mas não sinto que ele tenha
morrido de abuso de drogas. Talvez... Tem algo a ver com o interior
do corpo dele. Ele fica me dizendo que não precisou sofrer muito, e
se diz satisfeito por isso. Havia algum problema com seu sangue?
-Sim!
-Ele pegou AIDS?
Eles recomeçaram a chorar.
-Sim.
-Estranho... A maioria das pessoas que contraem AIDS permanece
doente por bastante tempo, antes de falecer. Mas não sinto que isso
tenha acontecido com o seu filho. Parece que ele ficou doente e
morreu muito depressa.
-Sim -explicou o pai. -Ele descobriu que estava contaminado e,
uma semana depois, foi internado em um hospital e morreu. Tudo
muito rápido.
-E a garota também morreu de AIDS?
-Sim -respondeu a mãe.
-Ela manda dizer que ama muito vocês e pede que dêem um beijo
em Carrie. Vocês entendem a mensagem? Ela quer que mandem um
beijo para essa pessoa.
-Carrie é a mãe dela.
-Seu filho está dizendo que lamenta que vocês tenham passado por
tanto sofrimento, mas que ele está bem agora e que vai continuar
tocando sua música...
Vivian e Paul deram-se as mãos. O que eles mais desejavam -uma
nova maneira de compreender o mundo -havia sido concedido.
Sabiam que jamais teriam seu filho de volta, mas, através de mim,
tiveram a prova de que ele permanecia vivo no outro lado. Agora,
estavam prontos para iniciar a recuperação da perda. Daí para a
frente, o relacionamento de Vivian com sua mãe melhorou muito, e
Paul começou a plantar belas flores no seu jardim, onde se senta às
vezes, medita e contempla a vida a partir de uma nova perspectiva.



Adeus, Baby!

Nunca sei que parte da consulta terá mais impacto no meu cliente.
Muito do que é transmitido parece a princípio banal, mas, é claro,
eu me dou conta de que o ser espiritual está fornecendo provas de
sua presença. Há vezes em que recebo a mensagem e meu raciocínio
começa a atrapalhar-se -penso que posso estar interferindo na
informação ou que o que estou dizendo não tem nenhuma
importância. E, no entanto, descubro a seguir que uma palavra em
particular, ou uma frase, ou uma descrição em especial, é
particularmente significativa para o meu cliente. Não importa há
quantos anos esteja já praticando este trabalho. Estou
permanentemente aprendendo a confiar cada vez mais na minha
comunicação com os espíritos. A sessão relatada agora é um
magnífico exemplo de como algo trivial pode modificar para
sempre a vida de uma pessoa.
Compareci a um encontro de grupo na residência de uma senhora
em São Bernardino, Califórnia. Depois de transmitir mensagens
para três das pessoas presentes, voltei-me para uma jovem sentada
sozinha em um sofá. Seu nome era Laurie. Transmiti-lhe uma
mensagem de meia hora, passada por sua avó, que descreveu os
bens possuídos pela família, localizando-os com precisão.
Estava para terminar, quando o espírito de um jovem emergiu e
sentou-se à direita da moça. Pareceu segurar a mão dela entre as
suas e, a seguir, transmitiu-me uma mensagem.
-Há um rapaz sentado ao seu lado. Ele diz que é por causa dele que
você está aqui, esta noite. Isso faz sentido para você?
Achei que Laurie fosse desmaiar. Seu rosto perdeu a cor e seus
olhos ficaram arregalados, enquanto tentava conter as lágrimas.
Seus lábios se entreabriram e ela murmurou:
-É verdade... Ele está aqui?
-Ele diz que a ama e que lamenta muito o que fez.
Laurie enxugou as lágrimas e olhou-me com um sorriso radiante.


-Ele está me dando a inicial do seu nome. É um M. E vejo um Y, no

final.
-Isso mesmo. O nome dele é Marty.
-Ele foi seu namorado?
-Sim.
-Está me contando algum problema que teve, e sobre não ter sido
honesto com você em várias coisas...
Então, expliquei a Laurie como poderia enviar para ele seus
pensamentos, sem precisar de mim para comunicar-se.
-Marty me parece um rapaz muito cheio de vida. E tem um grande
senso de humor, mas às vezes creio que se atrapalha por causa
disso. Você entende o que estou falando? É como se ele dissesse
coisas que parecem totalmente despropositadas e as pessoas ficam
com uma impressão errada sobre o que ele diz.
Laurie abriu um sorriso de compreensão e contou que Marty
costumava assustar de fato as pessoas com as coisas que dizia.
-Ele está dizendo algo sobre vocês estarem para morar juntos, mas
que por alguma razão você não pôde. Ou talvez tenha havido
algum problema em relação a isso. Ele disse que muita gente
interferiu no assunto. Você sabe do que ele está falando?
-Bem, minha mãe não gostava nada do Marty e não queria que
fôssemos viver juntos. Ela brigou um bocado conosco, quando lhe
contamos o que estávamos pretendendo fazer.
-Ele está entendendo. Ele diz que se meteu em alguma espécie de
complicação e que você o ajudou a endireitar-se. Acho que ele
estava envolvido com o tipo errado de pessoas.
Laurie assentiu de cabeça. Fui em frente:
-Creio que ele estava pegando pesado em drogas. Acho que foi
assim que se contaminou com o vírus... usando a mesma agulha que
outros. Você sabe algo sobre isso?
-Não... É o tipo de coisa que ele não iria me contar. Mas pode ser
verdade. Ele estava bastante mal, nessa coisa de drogas, antes que a
gente se conhecesse.


-Ele está me dizendo que você é a melhor coisa que aconteceu a ele.
É um pouco irônico... está falando sobre um noivado. Vocês
estavam planejando casar-se, oficialmente?

Laurie recomeçou a chorar.
-Sim, falamos sobre o assunto... Ele disse que queria casar-se
comigo, e só faltava a gente marcar a data.
-Ele está me falando sobre um anel de noivado. Diz que já havia até
comprado um anel para você.
Laurie desabou. Depois de vários minutos, ela mostrou-nos um anel
de diamante -um anel de noivado, que ela usava pendurado em
uma corrente, em volta do pescoço.
Com lágrimas nos olhos, ela explicou:
-A mãe dele achou este anel junto com uma carta, com o meu
nome. Ele estava planejando me dar de presente, no dia em que
morreu.
Todo mundo na sala suspirou, simultaneamente. Esperei mais
alguns minutos, até Marty me transmitir mais informações.
-Marty está lhe agradecendo ter cuidado dele. Você ajudou a
alimentá-lo e lhe deu banho?
-Sim, fui eu que fiquei tomando conta dele. Na verdade, ninguém
queria fazer isso. Mas para mim não foi nenhum sacrifício, eu o
amava!
-Foi muito generoso de sua parte. Você estava sendo testada
espiritualmente e, com toda certeza, passou no teste.
Durante o resto da sessão, Marty continuou a agradecer a Laurie
por tê-lo ajudado e amparado na doença. Todo o tempo, ele lhe
dizia que a amava. E Laurie convenceu-se de que estava
conversando com o espírito de seu namorado -mas de alguma
forma pressenti que a moça ainda tinha alguma expectativa. Estava
começando a me sentir mais fraco e meus guias me orientaram para
que interrompesse a sessão.
Agradeci a todos e, virando-me para Laurie, falei:
-Marty está dizendo: "Adeus, Baby!"


Laurie deu um pulo da cadeira, soltando um grito. Perguntei-lhe o
que havia acontecido e ela confessou:
-Ontem à noite, estava pensando em Marty e disse a ele: "Se esse
cara faz de verdade esse tipo de coisas, e se você aparecer mesmo
por lá, me chame pelo meu apelido." E o meu apelido é "Baby"!
Com isso, ouviu-se uma exclamação geral de espanto e admiração
ante o poder dos espíritos e do amor.

CAPÍTULO 7
Suicídio


Todo ser vivente é feito de tudo aquilo que experimentou em suas
vidas passadas. Em outras palavras, nossa vida presente é uma
compilação de nossos pensamentos do passado, de nossas ações e
atos, tenham sido positivos ou negativos. Tudo isso trazemos
conosco para este mundo. Nosso carma passado leva a que
nasçamos em determinadas famílias e situações, com certa posição
econômica e social necessária ao nosso crescimento espiritual.
Antes de encarnar no plano terreno, uma alma prepara-se para sua
nova vida. É muito comum determinado espírito retornar para
algum campo de trabalho, ou mesmo para uma profissão, na qual
tenha tido experiência em uma vida passada. Digamos que um
espírito planeje experimentar a vida terrena no ano de 2021, como
um médico. Irá, então, dedicar bastante tempo com seus guias e
mestres, aperfeiçoando as habilidades necessárias, e estará sempre
atento a todas as descobertas na área médica e a novas tecnologias,
no momento de seu retorno.


Ao mesmo tempo, aprenderá tudo o que puder sobre as novas
enfermidades e epidemias que se abaterão sobre a humanidade, e
como disseminar conhecimento e amor para todos, por meio de seu
trabalho na Terra. Quando um espírito torna-se ciente desse
conhecimento, está integrado à sua nova personalidade. É vital que
a alma entenda o valor de sua participação no futuro da
humanidade e como poderá influenciar na vida dos demais.
Como seres espirituais, estamos ininterruptamente aprendendo,
evoluindo, aprimorando. Contemplamos a nossa encarnação futura
como uma espécie de modelo ou de projeto daquilo que pretendemos
alcançar e aprender quando entrarmos no corpo físico.
Portanto, coletamos experiências e oportunidades no plano terreno
que são especialmente valiosas para o nosso crescimento espiritual.
Nosso carma entrelaça-se com o contexto de nossa encarnação
seguinte e com a experiência que nos proporcionará.
Em última instância, estamos aqui para aprender sempre mais a
respeito do amor. Pode soar algo simplista, mas, na prática, não é
tão fácil. O amor tem muitos aspectos. Uma das primeiras lições que
precisamos aprender sobre o amor diz respeito à auto-estima. Sem
consciência do que somos, sem amor por nosso próprio ser, seremos
incapazes de amar os outros. Quando conseguirmos aprender esse
amor incondicional por nós mesmos, e pelos outros, nos tornaremos
iluminados, ganharemos respeito pelas leis naturais de causa e
efeito -não porque almejamos a melhor posição na vida, mas,
principalmente, porque sabemos que esse é o único caminho.
Compreendendo essa lei, e vivendo segundo seus princípios,
ganhamos também respeito pela especificidade única de cada ser
humano. E então nos tornamos capazes de viver em harmonia com
nosso próximo, e em função do bem comum.


A INCLINAÇÃO PARA O SUICÍDIO


A terra é o lugar onde se experimentam os elementos e aspectos da
condição humana -que não podem ser vivenciados em nenhum
outro lugar. É um lugar de crescimento -e crescer não é fácil. A
maioria das pessoas vivas hoje está constantemente pressionada por
desafios de sobrevivência. Somos bombardeados com preocupações
de ordem financeira, profissional, emocional, por problemas de
saúde. Muitas dessas preocupações estão associadas com
sentimentos de autodestruição. A certa altura, acreditamos: "Não
posso suportar isso!" ou "É melhor morrer!".
A maioria das pessoas tem impulsos suicidas, pelo menos uma vez
na vida. No entanto, esse tipo de impulso vem e vai embora, de
acordo com a situação. O tipo de personalidade obcecada com a
idéia de autodestruição -pessoas que fazem várias tentativas de pôr
fim à vida -pertence, geralmente, a uma das seguintes categorias:

1.Uma pessoa com uma personalidade controladora e que de
repente perde o controle dos acontecimentos.
2.Uma pessoa abalada por uma auto-imagem excessivamente
negativa. Essa pessoa acha que não tem valor algum, nem contribui
em nada para a sociedade. Ela chega a acreditar que o planetaestaria
melhor sem ela.
3.Aqueles que sofrem de uma enfermidade em estado terminal e
não querem suportar mais sofrimento e dor, até a morte.
4.Aqueles que estão mentalmente doentes ou que sofrem algum
desequilíbrio bioquímico.

É compreensível que, por conta de determinados sentimentos,
circunstâncias e crenças, alguém encontre uma forte razão para se
matar. Entretanto, do ponto de vista espiritual, isso não está certo.
Cada um de nós tem um destino para o qual nascemos. Nosso
destino cármico pode durar um mês, apenas, ou trinta e cinco, ou
mesmo oitenta anos. Antes de retornarmos ao plano terreno, nos


imbuímos de um fortíssimo desejo de nascer, de usufruir da
experiência física, e entramos neste mundo com uma espécie de
mecanismo de tempo instalado em nosso complexo psíquico.
Quando a vida é cortada, nosso corpo deixa de existir, mas restam
sempre laços magnéticos, ainda ativos, de tudo o que deixamos no
plano terreno. Esses laços completam sua missão apenas quando
percorremos integralmente o tempo predeterminado para nós no
plano terreno. Como está escrito: Cada estação tem seu tempo.
Quando alguém se mata, uma das primeiras coisas de que se dá
conta é que, na verdade, não está morto. Persiste na pessoa uma
sensação pesada, porque os laços com o plano terreno continuam,
como parte de sua natureza. De certo modo, podemos dizer que
essa alma não está totalmente livre. A personalidade mortal se vai,
mas não a alma. A alma imortal continua existindo, estacionada
entre o mundo físico e o espiritual -viva, mas incapaz de
comunicar-se com seus entes queridos ou com qualquer um. A alma
sente-se culpada, sofre, fica angustiada, depois de pôr fim à vida.
Descobre que seu destino poderia ter sido significativo, que teria
muito a dar ao mundo, se tivesse permanecido viva. No estado
espiritual, torna-se consciente de que deveria ter passado
justamente por aquelas experiências que acabaram levando-a ao
suicídio. E, ainda, pressente a dor e a raiva que deixou naqueles que
ficaram. O pior de tudo é que se encontra numa espécie de região
do limbo. Não está apta a avançar para o reino eterno, nem pode
retornar para o mundo físico. Está parada, imobilizada numa
espécie de terra-de-ninguém, atormentada incessantemente pela
lembrança do terrível ato que cometeu. Revê sua morte, vezes sem
conta, como se fosse um filme velho, um filme muito ruim. Está
presa numa armadilha, não há como sair.
Alguns espíritos de suicidas têm consciência do que fizeram. Mas
muitos outros podem não estar cientes do que ocorreu. Por isso,
revivem ininterruptamente seu momento de morte, como se fosse
um círculo vicioso -que pode acabar tornando-se um tormento


horrível. Eventualmente, o espírito acaba por convencer-se de que
não pertence mais ao plano terreno.

A VISÃO ESPIRITUAL SOBRE O SUICÍDIO

Por trás de cada ato há sempre uma força poderosa, que chamamos
de motivação. É a motivação que determina cada ato de nossas
vidas -não apenas o suicídio. Como sempre afirmo, há uma lei
natural de causa e efeito, ou seja, a ação é resultado direto da
motivação.
No caso de doentes em estado terminal, ou de pessoas de idade
avançada, algumas cometem suicídio para evitar que suas famílias
gastem dinheiro, tempo, ou passem por muito sofrimento. Essas
pessoas não estão conscientes do aspecto espiritual de suas ações.
Talvez, antes de chegarem ao plano físico, os membros da família
tenham acertado entre si determinadas condições, com o objetivo de
desenvolver em grupo e mutuamente o seu carma. Ou talvez algum
deles precisasse passar pela experiência de dar amparo a um
doente. Alguns argumentam que, dependendo do caso, o suicídio
administrado é a melhor alternativa -interrompe o sofrimento e
propicia uma morte digna. Mas quem pode exercer o papel de
Deus? Como podemos saber se aquela alma não escolheu passar
pela experiência de uma doença fatal para purificar seu carma? Se
abreviarmos o tempo natural de alguém no plano terreno, nunca
saberemos se não estamos, com isso, impedindo que algo de valor
seja aprendido, ou se aquela experiência, em especial, seria
necessária para atingir um plano superior.
Todas as vezes que ocorre o suicídio, a alma deverá retornar para
reaprender aquela experiência interrompida, ou seja, precisará
voltar em outra existência e passar de novo pela mesma provação,
ou algo similar. A provação pode não ser tão extremada como a que
experimentou na existência anterior, porque parte dela já foi


vivenciada. Geralmente, o espírito precisará esgotar a doença, para
nunca mais voltar a tê-la.

Há duas exceções, entretanto:

1. Se o suicídio foi cometido por indivíduos que sofriam de doenças
mentais ou de algum desequilíbrio bioquímico. Em tais situações,
essas pessoas estariam com sua capacidade de decidir
comprometida. Quando passam para o outro lado, descobrem-se
em uma espécie de abrigo, onde recebem o auxílio de que precisam
para curar-se. Com isso, suas almas recuperam sua integridade
natural.
2. A segunda exceção ocorre quando a alma retorna ao mundo físico
antes do momento apropriado e, ao contrário do que acreditava,
não tem maturidade suficiente para lidar com as lições por que irá
passar. Mesmo quando a alma acredita possuir a força necessária,
chega ao plano terreno e é acometida de um sentimento de
inadaptação. As pessoas com esse tipo de deficiência
freqüentemente, antecedendo sua morte, começam a dizer coisas
como: "Eu não me encaixo em nada!" ou "Acho que nasci no tempo
errado!".
A natureza de uma alma a leva a crescer e a aprender. Por isso,
sempre trazemos para a vida determinadas situações que
precisamos superar ou para as quais precisamos buscar o equilíbrio.
Se nos déssemos conta de que, no plano terreno, é normal
vivenciarmos algum tipo de sofrimento, seja físico, mental ou
emocional, e de que o suicídio não elimina essa condição, acredito
que haveria menos casos de pessoas tirando suas próprias vidas.
Precisamos nos conscientizar, e especialmente nossos jovens, sobre

o erro do suicídio, e sempre acentuar a responsabilidade que temos
de viver nossa vida plenamente.

COMO OS VIVOS PODEM AJUDAR OS MORTOS


Muitos me perguntam o que deve ser feito com o corpo daqueles
que cometem suicídio. O corpo é meramente uma concha. Ao deixar
a concha, o espírito perde suas ligações com o envoltório físico. É
como uma peça de roupa já gasta. No caso do suicídio ou de um
acidente trágico, é importante que o corpo seja cremado. A
cremação destrói o corpo rapidamente, e o espírito é liberado de
qualquer resquício de ligação com o corpo. Assim, irá se tornar mais
fácil para a alma conscientizar-se de sua nova situação.
Não há solução fácil para esse problema, porque as circunstâncias
que cercam cada caso de suicídio diferem enormemente. Mas
sempre podemos ajudar aqueles que cometem esse erro terrível. É
importante entender que nossos pensamentos são a única maneira
de alcançar essas pessoas. Portanto, para começar, podemos lhes
enviar nossos pensamentos e dizer que parem de desperdiçar sua
energia tentando retornar ao mundo físico. Eles devem se
conscientizar de que deixaram para trás seu corpo material. A
seguir, podemos lhes enviar pensamentos de amor, paz e perdão.
Transmitindo-lhes pensamentos elevados, essas almas
atormentadas serão confortadas e se tornarão mais aptas a aceitar a
nova situação.
Como já frisei, há diferentes razões que levam à autodestruição, mas

o resultado é sempre o mesmo. Até hoje, não encontrei sequer um
espírito que possa me dizer que se considera satisfeito com sua
decisão e que novamente cometeria suicídio. Pelo contrário. Todas
as vítimas de suicídio compartilham de um sentimento de
arrependimento pelo crime que cometeram contra suas almas.
Posso dizer que todos os que entraram em contato comigo sempre
tiveram recomendações a fazer para impedir que outros
cometessem o mesmo erro. O suicídio retardou seu
desenvolvimento espiritual e eles tiveram muita dificuldade para
perdoar a si mesmos.

Escolhi algumas sessões como exemplo das circunstâncias em que
certas pessoas se matam e as razões que as levam a isso, além de
suas reações quando finalmente conseguem conversar com seus
entes queridos a respeito do assunto. Muitas vezes, fui incapaz de
alcançar uma vítima de suicídio simplesmente porque sua alma
estava perdida, sem consciência de seu estado ou vagando em
alguma região do limbo.

Sinto muito!
O caso a seguir mostra claramente um espírito perturbado que,
depois de pôr fim à vida, nada mais queria, a não ser provar aos
seus entes queridos que continuava com eles e que necessitava de
seu perdão. Evidencia ainda toda a perplexidade daqueles que
permaneceram neste mundo. Em meio à sessão, o consulente
desmoronou e implorou o perdão daquele espírito, por sentir-se
responsável pelo seu suicídio.
Eu estava em vias de fazer minha apresentação mensal na Igreja
Metodista Unida de Hollywood. Minha sala de visitas, o lugar onde
geralmente realizo minhas sessões, havia se tornado pequena
demais para acomodar a multidão que costumava receber em noites
como aquela. Geralmente, lá cabem trinta pessoas e, na Igreja, o
salão comporta mais de duzentas.
O céu parecia um pouco pesado, naquela noite. Achei que, a
qualquer momento, poderia cair uma tempestade que faria as ruas
transbordarem. Estava de pé no altar, olhando para a multidão. O
momento parecia estranho. Era incrível estar realizando uma
demonstração em uma igreja. Ri sozinho: "Nossa! Se o padre amigo
de minha família me visse aqui..." Iniciei minha meditação e,
enquanto a conduzia, comecei a escutar o barulho da chuva sobre o
telhado. E não era uma chuvinha à toa, era um aguaceiro! Vimos o
brilho de um relâmpago e, logo depois, um trovão retumbou pelos
céus. A luz dos raios atravessava o vidro das janelas -era um
espetáculo e tanto; Spielberg não teria feito melhor.


Eu falei para a congregação:
-Bem, aposto que, se vocês não estavam assustados até agora, com
certeza acabaram de ficar.
Como acontece em todas as demonstrações de grupo, nunca sei
quem vai aparecer. Mas, logo comecei a escutar os pensamentos de
um ser espiritual.
-Há uma mulher aqui e ela está me dizendo insistentemente um
nome... Susan.
Imediatamente, ouvi uma mulher gritar. Ela estava na segunda
fileira, do meu lado esquerdo. Olhei para ela e falei:
-Você conhece alguém chamada Susan?
-Talvez... quer dizer... Conheço uma pessoa com esse nome.
-Ela está me dizendo que você conhece sua mãe.
-Sim, falei com a mãe dela ontem mesmo. Tivemos uma
conversa...
A mulher deu um grito assustado, como se fosse perder o controle.
Todos voltaram-se para ela. Obviamente, estava carregando algum
sofrimento terrível. Aguardei alguns minutos.
-Esta mulher quer vir ao seu encontro... Parece que não é parenta
sua, mas alguém muito próximo a você. Diz que a ama.


A mulher na platéia baixou a cabeça. Eu prossegui.
-Ela está me dando o nome de Kathy. Você sabe do que ela está
falando?
A mulher enxugou as lágrimas e, sem levantar a cabeça, murmurou:
-É o nome dela!
-Ela está me dizendo que você acabou de entrar para um novo
emprego e ela quer que saiba que a ajudou a consegui-lo. Ela está
me mostrando também dois filhotes de gato, um com listras cinzas,
o outro branco, com pintas pretas. Ela os está chamando de seus
filhos.
-Sim, meus gatinhos, isso mesmo! Ela os está vendo lá em casa?



-Sim, ela quer que você saiba disso. Está falando também sobre um
sino que eles tocam na cozinha. Acho que está preso à maçaneta da
porta.
A mulher assentiu com a cabeça.
-Ela está me mostrando a casa. Mas, agora... hum... essa casa parece
diferente do comum. É uma casa de madeira. De madeira clara, eu
acho. Parece uma casa na montanha. Há uma balaustrada de
madeira circundando a varanda da casa. Você conhece essa casa?
-Sim, é a nossa casa.
-Ela me diz que você planejava reconstruir alguma coisa, ou fazer
obras para ampliar algum aposento na casa. É engraçado, ela está se
referindo aos empreiteiros como idiotas.
-Sim... -a mulher falou, elevando um pouco a voz. -Estávamos
querendo reconstruir uma parede externa, perto da varanda, e não
conseguíamos encontrar o empreiteiro certo para fazer a obra.
Todos eles nos enrolavam!
-Ela está me mostrando uma fotografia, numa moldura com a
forma de um coração. Você sabe do que se trata?
-Sim, é a foto de Kathy. É a única foto que tenho dela. Por favor,
diga a ela que sinto muito!


-Ela sabe disso! Mas diz que não foi sua culpa. Você sabe do que ela
está falando?
-Foi minha culpa! Por minha causa, ela está morta! Escutei com
toda a atenção e de repente senti uma arma em minha boca.
-Estou com uma arma enfiada na minha boca! O cano é muito frio.
Sinto dizer isso, mas parece que ela se matou com um tiro na boca,
correto?
-Sim... -murmurou a mulher.
-Agora, algo que aconteceu antes de sua morte... Muitos gritos e
choro. Ela estava envolvida numa espécie de discussão muito
áspera?
-Sim...



-Ela disse que estava muito confusa, que se trancou no quarto por
aproximadamente duas horas.
-Sim... Nós brigamos. Por favor, diga a ela que a amo muito e que
lamento o que aconteceu.
-Ela sabe disso. Sua amiga está me dizendo que foi uma decisão
dela pôr fim à vida. Na ocasião, ela queria que você se sentisse
culpada, e sabe que isso foi errado. Está pedindo seu perdão pelo
sofrimento que lhe causou. Ela quer que saiba que ela não tinha
coragem de terminar o relacionamento de vocês, e pensar que
existia outra pessoa foi demais para ela. Não conseguiu suportar.
Isso faz sentido?

-Faz, sim. Eu compreendo. Mas nunca conseguirei me perdoar.
-Mas é o que deve fazer. Você não puxou aquele gatilho. Tentou
falar com ela, mas ela não quis ouvir. Você não pode fazer o papel
de Deus. Compreenda que sua amiga não pôde dar a si mesma o
amor de que precisava para perceber o quanto era especial. Ela
retornou agora para lhe dizer que não foi culpa sua o que
aconteceu.
A mulher pareceu escutar o que lhe disse. A sessão prosseguiu por
mais alguns minutos -eu estava recebendo uma mensagem para
outra pessoa da congregação.

Durante o intervalo, aquela mulher veio ao meu encontro e me deu
um abraço. Ela disse:
-Nunca acreditei em nada disso, até hoje. Mas agora sei que foi
Kathy que veio até nós. Há provas demais de que foi exatamente o
que aconteceu.
A mensagem de Kathy a havia ajudado enormemente. Ela afirmou
que faria o esforço que pudesse para perdoar a si própria e que
rezaria para Kathy ajudá-la.
A seguir, me contou que, na ocasião, estava tendo um caso com
outra mulher. Quando confessou tudo a Kathy, dizendo que queria
desfazer o relacionamento entre as duas, discutiram asperamente.


Kathy foi para o seu quarto, pegou uma arma e carregou-a. Então,
trancou-se no banheiro, enfiou a arma na boca e disparou.
Uma última coisa. Kathy mencionou para a amiga que a lembrança
de sua morte ainda a atormentava, mas que estava recebendo ajuda
de outros espíritos.

Nunca é tarde para dizer: eu te amo!
É uma pena quando um jovem que tem tudo para aproveitar a vida
resolve matar-se. A família sente-se culpada e começa a acreditar
que poderia ter feito alguma coisa para evitá-lo. O espírito da
vítima, além de envergonhar-se do que fez, encontra muita
dificuldade para perdoar-se e para reencontrar o amor por si
próprio.
Foi o que aconteceu neste caso. Um jovem retornou para conversar
com sua mãe sobre o amor que não fora capaz de perceber, até ser
tarde demais. Embora esse encontro envolvesse enorme sofrimento,
havia também certo otimismo. Foi uma das sessões mais tocantes
que realizei, e o mais próximo que já cheguei de experimentar o real
significado do amor incondicional -quando o amor está acima de
qualquer julgamento.
Quando atendi a porta, ali estava parada uma mulher de altura
mediana, com uma pele macia e um sorriso muito bonito. Parecia
estar com quase sessenta anos, irradiava paz e autoconfiança. Ela se
expressava muito bem e mostrava-se uma pessoa com os pés no
chão em relação a si própria e à vida.
No início, ela afirmou que nunca participara de uma sessão e que
não acreditava muito que dali pudesse resultar alguma coisa. Mas
seu terapeuta achou que isso poderia ajudá-la a resolver algumas
pendências do seu passado. Ela disse que "para viver no presente,
tentaria qualquer coisa".
Senti imediatamente uma forte empatia por ela. Era extremamente
charmosa e tinha um senso de humor aguçado. Obviamente, eu não


dispunha nem de fatos nem de informações a respeito da pessoa
com quem ela queria se comunicar.
-Você está confortável? -perguntei.
-Perfeitamente. Então, iniciei a sessão.
-Há um homem de pé, atrás de você. Ele está me mandando lhe
desejar feliz aniversário.
-Bem, obrigada. Meu aniversário foi há dois dias. Prossegui:
-Trata-se de uma pessoa muito próxima a você. Está mencionando
algo a respeito de ter ido para a África, ou de ter estado na África.
Isso faz sentido para você?
-Claro que faz. Meu marido e eu vivemos muito tempo por lá. E
esperamos retornar, algum dia. Que interessante!
-Você tem um filho e uma filha?
-Não, somente dois filhos.
-Esse homem atrás de você está falando algo a respeito de um filho.
Mas não tenho certeza se ele é o seu filho, ou se está falando a
respeito dele.
-Bem...
-Espere... Hum... Acho que entendi. Seu filho mais novo já faleceu,
não é verdade?
-E, sim.
-E ele que está aqui. Atrás de você. Está muito perplexo, não
consegue acreditar no que estamos fazendo. Ou... que você esteja
fazendo isto.
-Isso faz sentido!
-Você sabe algo a respeito de uma coleção de artefatos tribais?
-Sim, meu marido negocia com antiguidades. Nossa casa é repleta
desses objetos. Meu Deus, que impressionante!
-Estão me dando um nome... Andrew, ou Andy.
É o nome dele. Costumávamos chamá-lo de Andy. Tem o mesmo no


me de meu pai.
Está me mostrando uma casa muito bonita. Há belas pinturas a óleonas paredes. Parecem vir de diversas partes do mundo. É como se


fosse um museu.
-Isso mesmo. Eu coleciono peças de arte. Na maioria, quadros a
óleo. E tenho uma coleção bastante grande. Meu Deus!
Percebia que aquela mulher estava tentando adivinhar de onde eu
havia conseguido essas informações.
-Agora... alguma coisa a respeito de viver nos fundos. Andy está
me dizendo qualquer coisa sobre viver nos fundos.
-Temos uma casa de hóspedes, e Andy costumava usá-la como
estúdio de pintura. Ele passava a maior parte do seu tempo ali.
-E por isso que está me mostrando cores tão bonitas. Estou vendo
também a paleta de um artista.
A sessão continuou por mais meia hora, com algumas evidências
inacreditáveis de vida após a morte. Com detalhes, Andy descreveu
onde estava e o que vinha vivenciando.
-Ele está me contando que, logo que chegou, foi para uma espécie
de hospital. Eles o ajudaram a curar-se de suas perturbações
mentais. Agora, vive em uma colônia de artistas onde todos
desenvolvem alguma atividade artística. Encontrou pessoas a quem
pode compreender e que o compreendem. Está aprendendo
bastante, a cada dia que passa.
A seguir, Andy começou a falar sobre o relacionamento com sua
mãe e sobre como morreu.
-Seu filho é uma pessoa muito sensível. Sinto que era bastante
infeliz. Ou, talvez, não exatamente infeliz, mas enormemente
deprimido. Sinto que não conseguia controlar suas emoções. Ele
usava drogas, ou algo assim?
-Sim... Andy tomava medicamentos prescritos por médicos. Era
um maníaco depressivo. Mas também usava drogas ilegais.
-Bem... Posso sentir que ele estava sob o efeito de drogas, mas devo
lhe dizer que ele está convencido de que sofria de algum
desequilíbrio químico, e foi isso que o levou à morte. Ele está me
contando que muitas vezes disse a você que a odiava.
-Sim, é verdade.


-Ele quer que você saiba que foram as drogas e sua própria
frustração que o fizeram dizer essas coisas. Até passar para o outro
lado, ele nunca foi capaz de entender seu ponto de vista sobre as
coisas. Ele está me contando que você sempre tentou ajudá-lo e
nunca se deixou abater. Diz que nunca elevou a voz contra ele,
mesmo quando fazia algo errado.
A mulher se remexeu desconfortavelmente na cadeira e, então,
falou:
-Não sei se foi bem assim. Mas é verdade que eu amava meu filho.
Sabia que ele tinha um problema sério. E o que uma mãe deveria
fazer? Eu o amava, acima de qualquer coisa. Nada mais importava,
eu apenas o ajudei como pude.
Eu insisti:
-Mas mesmo nos períodos mais difíceis, pelo que ele está dizendo,
mesmo quando a tratava de um modo horrível... nem assim você
desistia.
-Eu sabia o que estava acontecendo com ele. Fiz de tudo para
entender seu problema, para transmitir segurança a Andy. Eu o
queria feliz, mas ele sempre foi uma pessoa solitária. Eu o amei e o
amarei para sempre. Seu pai e eu tentamos de tudo. Era como se,
algumas vezes, eu pudesse enxergar dentro de sua alma. Era
terrível para mim sentir que ele sofria tanto.
-Ele lamenta o que a fez passar...
-Não precisa. Eu o amava!


A sessão tornou-se ainda mais intensa, inclusive no aspecto
emocional, à medida que Andy começou a descrever sua própria
morte.
-Seu filho está na parte dos fundos da casa, sentindo-se
tremendamente angustiado. A idéia de terminar com tudo passa
por sua cabeça. Ele sente que não suporta mais. Fica olhando em
volta, tentando imaginar o que vai acontecer com suas pinturas,
depois que morrer. Ele está muito deprimido. Há uma espécie de



profundo rancor, contra si mesmo, dentro dele. Ele hesita... Você
estava fora, quando ele morreu?
-Sim, estava. De fato, chegamos de viagem naquela tarde. Foi meu
marido quem o encontrou.
-Seu filho está me mostrando uma área aberta, atrás da casa. Parece
um campo plantado ou... um jardim muito grande...
-Exatamente! É incrível! Nem sei o que dizer, mas está
absolutamente correto.
-Seu filho está me mostrando uma grande árvore. Parece um
carvalho. Muito alto, muito grosso... Ele está subindo nessa árvore.
Imediatamente, comecei a sentir minha garganta apertar-se. Não
conseguia mais respirar. E imediatamente experimentei a sensação
da morte, porque Andrew me transmitiu exatamente o que sentiu
naquele instante. Nesse momento, interrompi a sessão e pedi a
Andrew que me mostrasse sua morte visualmente, para que eu não
precisasse senti-la em meu corpo. Pedi ainda a meus guias que
tomassem conta da comunicação, pois aparentemente o espírito
com quem estava em contato não era capaz de controlar o que
passava para mim, sobre sua morte. Muitos minutos transcorreram,
antes que pudesse continuar. Andrew imprimiu visualmente em
mim a cena de sua morte.
-Seu filho enforcou-se num carvalho, no jardim dos fundos. Com o
auxílio de uma escada, ele subiu até um dos galhos e se atirou lá de
cima. Foi isso, não foi?
A mãe de Andrew começou a chorar. Depois, confirmou a
informação.


Andy mostrou-me a si próprio, flutuando acima de seu corpo.
-Ele não consegue acreditar que está morto. Ele se sente tão vivo,
ainda... Ele acha que fez alguma besteira muito séria e está tentando
retornar para seu corpo. Não consegue e fica muito frustrado.
Começa então a chorar.
Eu estava transtornado com a experiência. Continuei descrevendo
para a mãe a fantástica imagem transmitida à minha mente.



-Andy está dizendo que ficou esperando, por ali, sem saber o que
fazer. Viu quando seu pai o encontrou. Estava tão abalado. Logo
percebeu que havia feito algo errado. Lamentou muito pelo que fez
seu pai passar, e por você também. Ele assistiu ao pai contando a
você e viu quando começou a chorar. Ele a escutou, pensando que
sempre soube que isso iria acontecer, algum dia. E também captou
seu amor por ele. Ele se sentiu horrível, por tudo o que fez você
sofrer.
-Por favor, diga a ele que eu o entendo.
-Ele diz: "Obrigado, mamãe! Me perdoe! Eu a amo muito, e ao meu
pai também. Aqui há ótimas pessoas que me ajudaram a me acertar
comigo mesmo. Foi difícil, mamãe... muito difícil!"
Expliquei para minha cliente que o espírito tem vontade própria e
que pode assumir uma encarnação no momento errado.
-Quando isso acontece, a pessoa atravessa a vida sentindo-se
incapaz de adaptar-se a qualquer coisa. Seu filho era tipicamente
alguém cujo espírito ainda não estava pronto para uma nova
experiência no plano terreno. Sua alma simplesmente não tinha
maturidade suficiente para enfrentar o mundo.
-Isso acontece com bastante freqüência -acrescentei. -E, nesses
casos, é uma sensação opressiva da qual o espírito tenta escapar.
Por isso a pessoa comete suicídio.
Minha paciente entendeu perfeitamente o que estava lhe dizendo.
Ela me informou que Andrew nunca de fato se adaptara ao mundo.
-Mesmo quando era pequeno, ele parecia diferente do seu irmão e
das crianças da sua idade.


De certo modo, essa sessão confirmou a teoria sobre almas que
voltam cedo demais ao plano terreno.
A mãe de Andrew estava feliz por ter feito contato com seu filho.
Finalmente aconteceu o milagre pelo qual tanto esperara. Disse a
Andrew que pensaria nele para sempre e, assim, através dela, ele
poderia vivenciar um pouco do plano terreno.



Despedi-me dessa mulher agradecendo a bênção de ter encontrado
em meu caminho uma alma antiga, sábia, capaz de enxergar o amor
em todas as pessoas e em todas as experiências da vida.

Minha mãe e meu pai
Uma das experiências mais devastadoras para uma família é
quando um de seus membros tira a própria vida. É um espaço vazio
que não pode jamais ser preenchido, uma violenta ruptura, que
deixa perguntas que nunca serão respondidas. Por que ela (ou ele)
fez isso? Será que eu poderia ter impedido? Será que ela (ou ele)
lamenta o que fez? E agora, o que vai acontecer com ela (ele)?
A cada ano, milhares e milhares de indivíduos passam pela
devastadora experiência de ter um membro de sua família
cometendo suicídio. Embora seja muito limitado o número de
indivíduos que posso atender, fico muito feliz quando sou capaz de
responder a essas perguntas com as mensagens transmitidas pelos
espíritos.
Na sessão que se segue, pude também fornecer um insight valioso,
penetrando na motivação que alimentava o ideal de vida desse
espírito, e na razão de seu comportamento, no plano terreno. A
informação foi útil para a consulente, por duas razões. Não apenas
resolveram-se suas angústias a respeito do suicídio daquela pessoa,
mas foi a maneira de esclarecer questões relacionadas aos seus pais um
relacionamento que ela lutara toda a sua vida para entender.
Ocorreu uma cura, nessa sessão, algo que mudou completamente
sua vida.

Abri a porta e uma mulher charmosa e atraente entrou. Seu nome
era Nancy e aparentava apreensão e nervosismo. Eu a fiz sentar-se
na sala de estar e conversamos sobre o que poderia esperar, naquela
noite. Ela me confessou sentir certo desconforto e falou-me sobre
sua preocupação em fazer contato com o mundo espiritual.
Assegurei-lhe que não havia o que temer, que não precisava ficar
nervosa. Disse-lhe que trabalhava pela inspiração da luz do amor de


Cristo, e, se por alguma razão, a sessão a perturbasse, simplesmente
pararíamos.
Nancy perguntou-me o que significava a luz do amor de Cristo.
Expliquei-lhe que era uma luz pura, que não se propunha a julgar
nem condenar, um amor incondicional, o mais elevado,
corporificado no mestre chamado Jesus. Trata-se do mesmo amor
em que o cristianismo se baseia. Sempre peço pela proteção dessa
luz do amor, quando inicio meu trabalho.
Ela disse que confiava em mim. Depois de proferir minha oração de
abertura, na sala onde realizo as sessões, comecei:
-Nancy, um guia egípcio, que trabalha comigo, me informa que as
pessoas de sua família com quem você quer conversar estão aqui.
Nancy arregalou para mim seus enormes olhos azuis, sem
conseguir dizer nada.
-Atrás de você, de pé, está uma senhora, usando um vestido verde
e é muito bonita. Tem o cabelo castanho-claro, seu sorriso é discreto,
mas doce. Seus olhos são azuis, muito bonitos. Ela me manda dizer
que está bem, agora.


Nancy continuava a fitar-me fixamente.
-Sinto que essa pessoa é sua mãe. O nome Joan significa alguma
coisa para você?
-Sim, é o nome da minha mãe. E ela está morta. Você a descreveu
exatamente como ela era.
-Acho que agora está mais jovem do que em suas lembranças,
Nancy. Ela me diz que você tem uma foto de casamento na qual
poderá vê-la exatamente como está agora, no mundo dos espíritos.

-Sim, eu estava olhando para essa foto ontem à noite. Nancy
enxugou algumas lágrimas. Repetia o tempo todo que
não conseguia acreditar no que estava acontecendo.
-Sua mãe quer que você saiba que ela encontrou Margaret e
Katherine.
-Margaret é a mãe dela e Katherine é sua irmã -explicou Nancy.



-Ela está mencionando também o nome John... Você sabe de quem
ela está falando?
-Sim... Oh, meu Deus! John é o meu marido. É o nome dele, sim.
Mamãe pode vê-lo?
-Sim, pode. Ela manda um abraço para ele e pede que tome conta
de você.
Podia sentir o espanto de Nancy. Ela sacudia a cabeça, descrente.
-Sua mãe está me passando a sensação de que estava muito doente,
até falecer. Sinto que ela tomou muitos remédios... pílulas. Isso faz
algum sentido?
-Foi isso mesmo.
-Você sabe que foi seu pai que a encontrou? Creio que ela estava
caída no chão de seu quarto.
-Sim, é verdade.
-Sua mãe lamenta muito... Ela lhe pede perdão. Diz que não quis
lhe causar tanta tristeza. Devo lhe dizer que sua mãe parecia estar
com algum distúrbio mental. Ela entrava em depressão com
freqüência?
-Bem... Entrava, sim! Eu não sei o que ela tinha, mas mamãe
andava sempre doente. Quer dizer, eu era muito criança, mas a
lembrança que tenho dela é essa mesmo.
-Ela está pedindo desculpas por não ter sido uma boa mãe para
você. Parece que foi internada várias vezes em hospitais
psiquiátricos.
-Ela passou a maior parte de sua vida internada. Sofria de psicose
maníaco-depressiva.
-Eu sabia! -exclamei. -Ela sentia um grande desequilíbrio, um
enorme descontrole sobre sua própria vida. Mas agora está
tentando lhe dizer que a ama muito e lamenta não ter sido capaz de
transmitir isso, enquanto esteve viva. Creio que sua mãe não
compreendia o que era o amor e não sabia como dá-lo a alguém.
-Acho que é isso mesmo. Meu Deus!



-Nancy, acredito que o distúrbio mental de sua mãe causou sua
morte. Ela cometeu suicídio?
Nancy começou a chorar.
-Sim... Tentei ajudá-la, mas ela não permitia. Acho que andava
sempre deprimida demais. Eu tentei, James, mas não sabia como
lidar com ela. Será que eu poderia ter feito alguma coisa para
impedi-la de se matar?
-Não. Sua mãe era sua própria inimiga. Sua pior inimiga. Você não
poderia tê-la impedido. Ela não a teria escutado, como não escutou
mais ninguém.
Nancy sorriu, tristemente, e assentiu com a cabeça.
-Ela lamenta não ter sido uma mãe de verdade para você. Ela não
queria fazê-la sofrer. Quer que lhe diga que adorava animais.
-Ah, sim, é verdade!
-Ela está me dizendo que Skippy... ou Skipper está com ela. Do que
ela está falando?
Nancy arregalou os olhos, cada vez mais impressionada.
-Era um cachorro que a gente tinha, quando eu era criança. Mamãe


o adorava. Skipper costumava dormir junto dela, toda noite. James,
posso perguntar a você se a mamãe está feliz agora? Quer dizer...
Ela está bem, nesse lugar? O que vai acontecer com ela? Para onde
ela vai?
Mentalmente, enviei a pergunta para a mãe de Nancy. Aguardamos
alguns minutos pela resposta. Quando perguntamos algo a um
espírito, freqüentemente demora algum tempo para que a questão
seja compreendida e a resposta seja formulada e enviada para mim.
-Sua mãe quer que eu lhe diga que ela está sendo auxiliada por
uma outra senhora, uma espécie de conselheira. Sua mãe pôs fim à
própria vida, mas não foi totalmente responsável por seu ato. Ela
estava muito doente, muito perturbada. Desde que faleceu, está se
dedicando a curar-se e aprendendo a abrir seu coração para o
verdadeiro amor. Para saber encontrar o amor dentro de si. Ela está
em um lugar acolhedor, muito parecido com o plano terreno, mas

ainda mais bonito. Ela está dizendo que, apesar de morta, não está
inativa. Longe disso. À sua maneira, está tentando recuperar o
tempo perdido.
Desse ponto em diante, a sessão passou a desenvolver-se de uma
maneira totalmente diferente. Continuei transmitindo a Nancy as
mensagens de sua mãe.
-Ela quer que você saiba que está bem. Está com sua família, mas
tem muito o que resolver consigo mesma. Sabe que ninguém poderá
fazer isso por ela. Sente-se muito mal a respeito do seu pai. Está me
dizendo que se sente responsável... Não entendo do que está
falando.
-Mas eu entendo. -Ao dizer isso, Nancy recomeçou a chorar.
-Certo, deixe-me prosseguir. Seu pai... hum... é um homem muito
amável, não é? Quando sua mãe falou sobre ele, imediatamente
captei a vibração de um homem. Ele está de pé, junto a mim. Ele já
faleceu?
-Faleceu, sim. Um pouco depois da mamãe. Ele está bem? Preciso
saber, por favor, me diga! Ele pode me ouvir?
-Sim, ele está bem, está com sua mãe e diz que tudo o que queria
era reencontrá-la e agora estão juntos. Ele está contando como é
diferente o lugar onde estão; imaginava o Paraíso como um lugar
com anjos e de harpas, mas não encontrou nada disso. Está numa
região rural. Agora está dizendo foi muito estúpido!
-Continue...
-É estranho... Seu pai gostava de cavalos?
-Bem, ele cresceu em uma fazenda. Tenho certeza de que possuía
cavalos, mas não sei se...
-Não, ele está falando de cavalos de corrida. Ele adorava cavalos de
corrida e costumava fazer apostas.
-Meu Deus! É verdade! Todo sábado íamos ao hipódromo. Incrível!
Ele continua fazendo a mesma coisa?

-Ele diz que até poderia, se quisesse. Diz que existem corridas por
lá, mas que não existe dinheiro. Apostam só por prazer. Nancy, seu


pai me pede para lhe dizer que sabe que a desapontou. Ele lamenta,
mas estava se sentindo terrivelmente solitário.
-Eu entendo, papai... foi muito difícil, não foi?
-Nancy, não se} dizer o que isso significa. Seu pai está me
mostrando um revólver. Parece um quarenta-e-cinco, mas...
desculpe-me, não entendo nada de armas. É um revólver, e bastante
grande. Está me mostrando também um quarto... parece escritório.
Há uma escrivaninha e prateleiras cheias de livros, em volta. Vejo
também um chamariz de caçar patos.
-Meu pai os colecionava...
-Ele está me mostrando uma poça de sangue e... ele está caído para
trás, na cadeira. Meu Deus, ele se matou com um tiro, não foi?
Nancy chorava bastante. De seus lábios saiu apenas um murmúrio:
-Foi...
Eu estava chocado. Um suicídio já era terrível, mas ter o pai e a mãe
mortos dessa forma era excessivo. Meu coração encheu-se de
compaixão e solidariedade por Nancy. Precisei de alguns minutos
para me acalmar.
-Lamento muito, Nancy. Não tenho a intenção de ser mórbido, mas
preciso passar a você tudo o que recebo. Seu pai disparou um tiro
contra a têmpora esquerda, não foi? Ele diz que você já sabe disso...
-É verdade! Fui eu que o encontrei morto. Passei o dia telefonando
para ele, mas não atendia. Então, fui até a casa dele, quando voltava
do trabalho. Entrei em seu escritório e o encontrei... A arma estava
caída no chão bem debaixo do seu braço.
-Eu lamento muito. É terrível... Seu pai quer que lhe diga que
cometeu um erro. Ele não sabia mais como viver sem a sua mãe.
Está dizendo também que não queria tornar-se um peso para você e
para John. Vocês tinham suas vidas. Muito interessante... Já escutei
algo assim. Seu pai está dizendo que não precisou vagar por muito
tempo, porque sua vida já estava mesmo para encerrar-se.
-Do que ele está falando?



Expliquei para Nancy que, quando alguém comete suicídio,
permanece ligado ao plano terreno, até que chegue o momento em
que, naturalmente, morreria. O falecimento de seu pai ocorreria em
breve. Quando ele se matou, o tempo que lhe restava no plano
terreno era relativamente curto. Transmiti a Nancy, ainda, que seu
pai foi recebido por sua mãe.
-Mas como ela conseguiu? -perguntou Nancy, espantada.
-No mundo espiritual, sua mãe já havia passado para um plano
ligeiramente mais elevado. Espíritos em planos mais elevados
podem retornar aos planos inferiores para dar ajuda. Mas os que
estão em planos inferiores não podem subir aos planos mais
elevados, até merecerem isso.
A idéia pareceu estranha. Era sua primeira lição sobre o mundo
metafísico. Assegurei-lhe que quanto mais estudasse metafísica,
mais compreenderia o que eu havia lhe transmitido.
-Nancy, seu pai quer que lhe diga que reencontrou a felicidade ao
lado de sua mãe.
-Isso me deixa... muito feliz. Meu Deus, estava preocupada com ele.
Fico contente que esteja bem. E que estejam juntos de novo...
-Sim, eles estão juntos. Gozado, seu pai está mencionando um lago,
ou uma casa à beira de um lago. Ele diz que sua mãe o está
observando enquanto pesca, num píer. Não sei o que isso significa.
-Mas eu sei. Quando eu era uma garotinha, tínhamos uma casa de
verão à beira de um lago. E meu pai costumava nos levar para
pescar num pier. Foi ele quem me ensinou a pescar.
-Bem, seu pai quer que você saiba que ele está no Paraíso.
-Se ele está pescando, encontrou mesmo o Paraíso.
Com isso, encerramos a sessão, agradecendo aos seres espirituais e
aos nossos guias. Proferi uma prece especial para Nancy, pedindo
que a informação que ela obtivera servisse para lhe dar tranqüilidade
espiritual. Sei que minha prece foi atendida porque, quando ia
embora, voltou-se para mim, com lágrimas nos olhos:


-James, nem sei o que dizer. Foi um milagre. Eu me sinto tão leve!
Sinto uma paz que venho procurando há vinte anos. Obrigada por
me ajudar a encontrá-la. Deus o abençoe!

PENA DE MORTE

Desejo incluir neste capítulo mais duas idéias sobre uma vida que se
interrompe prematuramente. Apesar de nem a pena de morte nem a
intervenção de um médico significarem a mesma coisa que o
suicídio, ambas acabam interrompendo o destino natural de uma
alma. Ao afirmar isso, quero enfatizar que não apenas o suicídio é
errado, mas também a pena de morte.
Uma das piores coisas que se pode imaginar é alguém tirando a
vida de outra pessoa antes do tempo. É um ato devastador, terrível
e absolutamente imperdoável. No caso de um assassinato, a justiça
tem que ser feita. No entanto, existe a crença infundada de que,
livrando a sociedade do assassino, redime-se o ato. Não é verdade.
E, ainda, quando se acrescenta a essa crença o argumento de que a
execução do criminoso poupa o dinheiro dos contribuintes, parece
então que a pena de morte se torna aceitável.
É errado tirar a vida de outra pessoa, sob qualquer circunstância,
incluindo a pena de morte. Peço que você se detenha por um instante
e reflita sobre essa questão do ponto de vista espiritual,
evitando que o emocional comprometa o julgamento. Nosso universo
é muito maior do que somos capazes de conceber, e necessitamos
enfocar essa e outras questões através de nosso olhar espiritual.
Deus, em sua imensa sabedoria, criou o tempo próprio para cada
forma de vida. O sol nasce e se põe, os planetas giram em torno de
sua estrela, as marés sobem e descem, e cada alma tem sua alvorada
e seu crepúsculo. Por conta desse tempo predeterminado, existe um
momento para a alma deixar este mundo e para retornar ao reino
espiritual. E só Deus sabe que momento é esse.


Quando uma pessoa é arrancada violentamente de seu corpo físico,
antes do momento previsto, há conseqüências espirituais. Assim
como no caso do suicídio, as ondas magnéticas daquela alma
permanecem na atmosfera terrestre até completar-se seu tempo
natural de estada neste plano. Quando o espírito de um indivíduo é
expulso de seu corpo por meio da pena de morte, a personalidade
criminosa permanece exatamente a mesma, no estado que
antecedeu a execução. Ao alcançar o outro lado, encontra-se,
geralmente, apavorada, cheia de ódio porque não está evoluída e
ignora as leis espirituais. Na maioria dos casos, essa alma
perambula incessantemente através do nível astral mais baixo,
juntamente com outras almas em condições semelhantes. Esses
espíritos atormentados carregam tanto rancor que, geralmente,
buscam vingança, por causa da morte que tiveram. Procuram
mentes mais frágeis, no plano terreno, a quem podem influenciar e
levar a matar e a ferir seus semelhantes. Parece coisa de cinema, não
é? Mas trata-se da mais pura verdade.
A melhor coisa que podemos fazer é reabilitar e educar os detentos
a respeito do valor divino da vida. Pode parecer algo sonhador,
mas, se destruirmos alguém antes que seja chegada a sua hora,
deixamos de lado toda a possibilidade de reabilitação. Um instante é
tudo o que é necessário para alguém tornar-se capaz de enxergar a
Luz de Deus e, através dela, ser transformado. Um indivíduo
reabilitado desse modo pode, algum dia, impedir que outra vida
seja destruída. A porta do crescimento e da iluminação deve ser
mantida permanentemente aberta.
Com a pena de morte, continuamos apenas propagando a violência
de uns contra os outros. Vamos parar um pouco, antes de ativar a
corrente elétrica, e pensar nas conseqüências de nosso ato.
Compreendendo as implicações espirituais, podemos começar a
rever nossas crenças e questionar as razões que nos levam a
defender e a utilizar a pena de morte. Nossa sociedade tem a


responsabilidade espiritual e ética de prestar assistência a essas

almas pouco evoluídas e tão atormentadas.
Por favor, entendam que eu não desculpo assassinatos. Quero
salientar que alguém que tira a vida de outra pessoa o faz por
ignorar o aspecto divino de si mesmo. Se alguém está em harmonia
com sua espiritualidade mais íntima, saberá que matar outra pessoa
é algo absolutamente fora de cogitação. Quem somos nós para
julgar nosso próximo? Sabemos o suficiente sobre as leis da vida
para tomarmos o lugar de Deus? Asseguro que nenhum de nós
possui tanto poder. Mais uma vez, precisamos manter nossas
mentes abertas e aprender a olhar para as coisas a partir de uma
responsabilidade e de uma perspectiva inspiradas na
espiritualidade.

MÁQUINAS DE SUSTENTAÇÃO DA VIDA

Quando alguém está sendo mantido vivo à custa de equipamentos assim
como um respirador artificial -, acredito, mais uma vez, que
esteja em curso um plano divino. Em cada doença ou crise de saúde
há crescimento, evolução, algo do qual os indivíduos e a sociedade
podem aprender uma lição. As descobertas médicas e toda a
inovação tecnológica são partes desse crescimento. Cada invenção
nos chega no momento certo. Talvez houvesse mais avanços ainda
se a mente humana não fosse tão subordinada à política e ao ganho
material.
Assim mesmo, a humanidade progrediu na descoberta de recursos
para dar uma melhor qualidade de vida às pessoas. Incontáveis
vidas já foram salvas graças à tecnologia médica moderna,
incluindo aí medicamentos poderosos e vacinas desconhecidos um
século atrás. A ciência deve orgulhar-se dessas conquistas,
especialmente de sua capacidade de manter a qualidade de vida das
pessoas. A palavra-chave é justamente essa: qualidade. Os médicos


não estão aqui para desempenhar o papel de Deus -e sequer seriam
capazes, mesmo que o desejassem.
Não vou entrar no mérito de decidir se é errado ou certo manter a
vida de uma pessoa por meio de uma máquina como essa, mas
quero dizer o seguinte: existe um tempo certo para uma vida
iniciar-se e encerrar-se. Acredito que, quando chega a hora de o
espírito sair do corpo físico, é isso o que deve acontecer. A ciência
não é capaz de deter o relógio universal do tempo -ao contrário do
que julga -, mesmo que empregue todos os recursos de que dispõe.
Decididamente, acredito que uma alma deve passar por todas as
experiências possíveis. Ao ficar ligada a uma máquina de
sustentação de vida, uma alma pode estar ajudando a ciência, de
algum modo, a avançar para outra descoberta ou para alguma
grande invenção que sirva às gerações futuras. E isso não apenas no
sentido médico, mas também de outras maneiras. Devemos sempre
encarar uma situação como essa do ponto de vista espiritual. Talvez
aquela alma tenha se comprometido, antes da encarnação, a
vivenciar tal situação. Pode ser que esteja auxiliando sua família a
desenvolver amor e compaixão, através de seu sofrimento. Nunca
devemos esquecer de que a alma tem uma lição a aprender no que
diz respeito a receber amor e a compreender o caráter divino da
vida.
Como em todo julgamento moral, cada alma deve tomar essa
espécie de decisão por sua própria conta. Mais uma vez, vou repetir
que cada alma é única, cada qual tem diferentes necessidades
espirituais e deve aproveitar sua experiência para obter o melhor no
sentido de seu crescimento e evolução. Não existem respostas certas
ou erradas. Não cabe a nós julgar as decisões alheias nessas questões,
mas apenas valorizar a experiência e as lições correspondentes de
um ponto de vista espiritual.


CAPÍTULO 8
O Reencontro dos que se Amam


.A.credito que o aspecto mais importante do meu trabalho é
desmitificar o poder que usualmente conferimos à sensação de
medo. O medo é uma ilusão e também o principal empecilho ao
crescimento do indivíduo. O medo prende as pessoas aos seus
conflitos interiores, tolhendo a liberdade. Viver com medo opõe-se a
viver com amor, o que indiretamente nos afasta de uma vida
produtiva, plena de criatividade.
O medo é como um círculo vicioso. Quando penetramos nele, lhe
damos vida; por conseqüência, atraímos o objeto de nosso medo e,
aí sim, o medo torna-se real para nós. Precisamos entender que
nossos pensamentos possuem o poder de criar coisas. Podemos
utilizar a energia do pensamento da maneira como quisermos,
porque dispomos sempre da liberdade de escolha. Mas devemos ter
em mente que somos responsáveis pelos resultados de nossos
pensamentos. Quando insistimos em dirigi-los em um certo sentido,
como para o medo, a energia desse pensamento irá tomar forma em
nossas vidas.
Quando inicio o processo de leitura psíquica dos meus clientes,
informo sobre a maneira como estão permitindo que o medo
penetre em suas mentes e como isso pode afetar seus corpos, sua
saúde e suas vidas. Do modo mais simples possível, ajudo-os a
reconhecer esse inimigo e a encontrar maneiras de modificar as
crenças e procedimentos que conduzem ao medo. Se conseguem
colocá-las em prática, ganham acesso a um enorme potencial de
possibilidades criativas que residem no íntimo de cada um.
O princípio é sempre difícil. As pessoas costumam resistir muito a
mudanças, especialmente depois de décadas de condicionamento
na família, na sociedade, e sob influência da religião. Entretanto,
tenho sempre a possibilidade de plantar uma semente que os


ilumine e lhes permita enxergar alternativas. Abrindo essa nova
porta em suas mentes, posso orientá-los a utilizar seus pensamentos
de maneira positiva, impregnada de amor.
Um dos maiores medos que nos aflige é o da perda. Para algumas
pessoas, o medo da perda expressa uma impossibilidade de
usufruir da felicidade, da abundância ou dos bons sentimentos que
cercam suas vidas. Aqueles que possuem tudo o que sempre
desejaram podem ser acometidos pela sensação de que, de alguma
maneira, não merecem a felicidade ou a prosperidade que lhes é
dada. Outros são incapazes de até mesmo imaginar a vida repleta
de alegria porque seria bom demais para ser verdade. Acham sempre
que algo vai começar a dar errado — e, normalmente, é o que
acontece. Sempre digo a meus clientes que todos somos feitos de
Luz. A Luz nos envolve, uma Luz sempre criativa, benfazeja.
Mesmo quando não enxergamos a Luz, devemos acreditar que
através de Deus (Luz) tudo é possível. Deus sempre diz sim!Somos
nós que dizemos não!
O medo da morte faz parte desse medo da perda. Estou convencido
(e isso talvez venha das minhas antigas aulas sobre teoria freudiana)
de que, inconscientemente, o desejo ou instinto de sobrevivência é o
mais poderoso que existe. Muitos de nós não desejamos sequer
tomar conhecimento do fato de que a vida, um dia, termina, e por
isso tememos a morte. Esse medo resulta do fato de a morte ser algo
que não podemos controlar. A morte é absolutamente
desconhecida. Está além dos sentidos humanos e de nossa
capacidade racional -está fora de nossa lógica. Tememos o
desconhecido porque não sabemos o que nos espera. E não apenas
desconhecemos o que nos espera, em relação à morte, mas para
onde iremos depois. É uma pena que tantas histórias de vida se
encerrem com a morte, porque é justamente esse condicionamento reproduzido
incessantemente por nossa sociedade e por sua visão
simplista da morte -que reforça nosso medo.


É impressionante para mim que tantas pessoas acreditem ainda que,
quando morremos, deixamos de existir. Acredito que o trabalho que
executo seja válido no sentido de modificar esse ponto de vista e de
abrir a cabeça das pessoas para algo que existe além de seus
sentidos físicos. No momento que transmito a mensagem de um
espírito para um ente querido seu, no plano terreno, a vida desta
pessoa se transforma para sempre. Olhando para trás, lamento não
ter registrado cada uma de minhas incríveis experiências em vídeo.
É difícil relatar a reação das pessoas com palavras -nunca é a
mesma coisa que assistir à pessoa ao vivo, em toda a glória desse
momento. Com este livro, consegui compartilhar com vocês um
pouco desses sentimentos. Quando uma conexão entre dois mundos
-o físico e o espiritual -se estabelece, ocorre um miraculoso
reencontro.
É bastante compreensível que tantas pessoas fiquem nervosas,
quando chegam a mim. Na maioria dos casos, é sua primeira
experiência com espiritualismo. Ou seja, elas não têm nada em que
basear suas expectativas, a não ser alguma coisa que tenham lido a
respeito, ou as histórias repletas de inexatidões que viram no
cinema e na tevê. Quando começo a sessão com clientes nervosos ou
ansiosos, tenho de deixar claro, desde o início, que os espíritos
usarão tanto as suas energias quanto as minhas. Essa energia é
muito parecida com a que corre na rede elétrica. Se o consulente
estiver nervoso, enviará uma espécie de freqüência ou de onda
energética através dessa corrente -as mensagens chegarão a mim
confusas. Quanto mais tranqüilos estiverem, melhor e mais clara
será a conexão e mais fácil para mim discernir os pensamentos dos
espíritos. O mais importante é obter a confiança de meus clientes.
Quando inicio dizendo algo sobre eles próprios que mais ninguém
sabe, dão-se conta de que o que faço é legítimo e suas defesas
começam a cair. Só então sou capaz de avançar, de abrir a porta
para o espírito e de introduzi-los no desconhecido.


Uma sessão pode iniciar-se comigo captando um nome, um traço
especial de personalidade, ou descrevendo o espírito que vejo.
Posso apenas precisar dizer: "Tenho o seu pai aqui e ele está me
contando que morreu de um ataque cardíaco."
Quando a pessoa reconhece a informação e aceita aquele espírito
como sua fonte, toda a energia do ambiente se transforma. O
encontro começou e uma excitação percorre o ar. O cliente passa
não apenas por uma mudança mental, mas também por uma
mudança física -os olhos se arregalam, a boca se abre, gotas de suor
se formam na testa e o coração dispara. O cliente quer escutar mais
informações e começa a falar diretamente com o espírito.
Geralmente, preciso pedir à pessoa para acalmar-se, para tentar se
controlar, porque o espírito faz grande esforço para concentrar seu
pensamento em mim e qualquer desvio de atenção pode interferir
na comunicação.
Além dessas demonstrações visíveis, os clientes também são
tomados de emoção e muitos deles começam a chorar. O choro é
uma mistura de tristeza, prazer extremo, felicidade e alívio. Quando
lhes transmito certas características muito particulares, a revelação
atinge em cheio seus corações: então, meu ente querido não está morto,
de fato! Além disso, sentem o amor que emana do espírito, como uma
dádiva. Mensagens detalhadas continuam sendo passadas para o
grupo -ou para a pessoa, em particular -, de maneira a levar um
autêntico São Tomé a deixar de lado seu ceticismo e a encher-se de
esperança. A aparência sofrida transforma-se em pura alegria,
felicidade, êxtase. Além disso, as evidências apresentadas servem
como prova de que há vida após a morte -e isso é o bastante para
tocar profundamente a qualquer um.
Quando um reencontro entre os vivos e os mortos acontece, pode
ser a primeira oportunidade para o vivo compreender que a morte
não lhe tomou o amor vivido no passado, com a família ou com
amigos. Em vez disso, descobre que seus entes queridos
permanecem com eles, e que nutrem um interesse constante por


seus assuntos diários. Os vivos sentem-se mais tranqüilos, sabendo
que seus entes queridos irão ao seu encontro, quando chegar a hora
de passarem para o reino espiritual. E se dão conta de que não
poderão continuar tocando suas vidas da mesma forma como
vinham fazendo, a partir do momento em que sentem o amor e
testemunham os depoimentos provenientes do outro lado -que não
mais faz parte do desconhecido. Cientes de que não existe morte de
fato, tornam-se livres para usufruir da vida. Em apenas um instante,
uma vida abafada pelo sofrimento está pronta para aproveitar cada
dia e cada momento, como uma bênção renovada.
Com essa nova consciência, a pessoa reconhece que tem uma
contribuição única e importante para dar ao mundo e deixa de
desperdiçar o precioso tempo de que dispõe. Começa ainda a olhar
a vida atento para o fato de que somos todos um único ser -o que
afeta a um afeta a todos. Passa a sentir-se mais responsável por cada
pensamento e cada reação que produz, porque sabe -informado por
aqueles a quem mais ama -que irá ser defrontado com seus atos, no
mundo espiritual. Meus clientes também são informados pelos
espíritos de seus parentes de que o plano terreno não é o único
campo de encontros. Eles, no outro lado, reencontraram-se com os
membros mais antigos de suas famílias, com amigos, colegas de
escola e de trabalho. Depois de anos de separação, entram de novo
em contato com seus seres amados, no outro lado, onde o amor
permanece para sempre.
Em outras palavras, ninguém, jamais, estará sozinho.

Feliz aniversário
Um dos reencontros mais emocionantes de que participei envolveu
a sólida relação de amor entre duas pessoas. Recebi uma chamada
telefônica de um homem chamado Larry Gray. Ele tinha setenta e
tantos anos e falava com uma voz profunda, algo teatral, combinada
com maneiras muito refinadas. Um amigo comentara a meu
respeito e ele ficara imaginando se eu poderia auxiliá-lo a realizar


"algo especial". Ele me contou que estava chegando o dia de seu
qüinquagésimo aniversário de casamento.
-Quero comemorar a data com minha esposa. Só existe um
problema... Ela está morta.


-Bem, acho que podemos contornar isso. Vamos marcar um
encontro.
No dia e hora combinados, chegou Larry Gray, com seus quase um
metro e noventa de altura, vestido num elegante terno marrom no
estilo dos anos setenta. Não pude conter o pensamento: "Que pessoa
mais doce!"
Larry começou a falar:
-Espero não estar atrasado, nem fazer você perder seu tempo. Larry
tinha a mania de pedir desculpas por cada coisa que
fazia. Parecia não querer ferir ninguém.
-Mas é claro que não, Larry. Estava esperando por você. Por favor,
entre.
Eu o conduzi para a sala de estar e lhe pedi que sentasse no sofá.
Expliquei como funcionava meu trabalho, proferi minha oração de
abertura e, quando a completei, olhei para o lado direito de Larry e
vi ali uma loura muito bonita, vestida à moda dos anos quarenta.
-Creio que sua Kay está em pé, aí do seu lado. Ela está trajando um
vestido rosa, de tom suave. E parece bonita como uma atriz.
-E porque ela era, de fato, uma atriz. Nós nos encontramos
encenando uma peça, em Berkeley -explicou Larry.
-Ela o chama de: "Meu amor". Ela diz "Amor", em vez de dizer seu
nome.
-Ah, sim... Nós nos chamávamos de muitas coisas. Meu Deus, devo
estar parecendo um velho. Meus cabelos estão inteiramente brancos.
-Ela diz que se casou com seu coração, não com seu cabelo. Ambos
rimos, e eu prossegui.
-Kay diz que você tem uma linda voz, que costumava cantar o
tempo todo.



-Isso mesmo! Todo final-de-semana vou para a Igreja da Ciência
Cristã e canto no coro.
-Ela está falando sobre o casamento. Vocês se casaram fora do
Estado da Califórnia... Nova York, talvez.


-Exatamente, em Nova York. Será que ela pode dizer a data.
-Acho que ela está me enviando o ano de 1940.
-Isso mesmo! E sobre a igreja? Ela pode lhe dar o nome da igreja?
-Vamos ver... -Esperei alguns minutos, e tudo o que recebi foi algo
a respeito de uma espécie de igreja para atores...
Larry explicou:
-Bem, a igreja ficava bem numa esquina e os atores de todos os
teatros em volta costumavam freqüentá-la. Ela pode lhe dizer onde
morávamos?
Transmiti essa pergunta mentalmente para sua esposa e, depois de
alguns minutos, disse:
-Ela está dizendo alguma coisa sobre a parte de cima da cidade.
Talvez na Zona Oeste. Um apartamento pequeno.
-Bom, muito bom. Sim, chamavam a área de Washington Heights.
Nossa, isso me dá um arrepio.
-Larry, ela está mencionando alguma coisa sobre a Filadélfia. Vocês
tinham alguma ligação com a Filadélfia?
-Sim...
-Ela está falando sobre ir para a Filadélfia de trem. Vocês tinham
parentes na Filadélfia? Sabe do que se trata?
-Sim...
-É algo sobre a época do casamento de vocês. Estavam morando
em Nova York e viajaram para a Filadélfia.
-Depois que nos casamos, houve um período em que precisei ir
para a Filadélfia todo domingo. Isso durou algum tempo, até que
larguei minha igreja de lá e consegui uma outra em Nova York . Ele
começou subitamente a rir e a bater palmas. -Isso é ótimo!
Incrível! Vamos, o que mais?



-Kay está me dizendo que estava sozinha, quando morreu, mas foi
do jeito que queria. Por favor, não se perturbe por isso.
-É verdade, Kay. Isso me doeu um bocado. Por Deus, você não
podia ter esperado?
-Não, ela precisava partir, quando chegou a hora. Ela é uma
mulher tão meiga... Está usando um bonito chapéu. Ela me diz que
adorava usar chapéus, e que dizia a você: "Vou ao centro da cidade
comprar um chapéu!"
-Exatamente! Nossa, isso foi há tanto tempo! Kay adorava
chapéus... isso mesmo! Meu Deus, ela tinha uma bela coleção de
chapéus. E ela vestia-se sempre tão bem! Amava as cores, amava
coisas bonitas.
-Ainda ama. Ela está falando sobre um piano.
Larry sorriu e pediu a Kay insistentemente que dissesse alguma
coisa sobre o piano.
-Ela me conta que vocês tinham um piano em casa e ela adorava
tocá-lo. Tocava piano todo o tempo. Está mencionando algo
também sobre Wagner. Sabe do que se trata?
-Mas é claro que eu sei! Que impressionante! Comprei um piano
para Kay... ainda está lá em casa. Mas era eu que o tocava, Kay
nunca tocou piano. Eu costumava cantar, e ela cantava comigo.
Fazíamos uma dupla e tanto, não era, Kay? Ah, sim, ainda toco
piano. Ela me vê tocando?
-Vê, e ainda fica sempre à sua esquerda, no lugar de costume. E
sobre Wagner? — perguntei a Larry.
-Bem, minha nossa... tenho até vergonha de falar nisso, mas eu
adoro colecionar discos antigos. E amo música clássica, em
particular. Estava botando para tocar um disco com música de
Wagner, ainda outro dia... Parece maluquice... Mas foi isso mesmo.
Eu me sentia tão relaxado...
Ambos sorrimos. Prossegui com o restante das mensagens:
-Larry, Kay quer que lhe diga que ela esteve com você no
cemitério, hoje cedo.


-Bem, hoje é nosso aniversário de casamento e quero que ela saiba
que a amo e que penso nela o tempo inteiro. Você sabe disso, não é,
Kay?
-Sim, ela sabe, e apreciou muito você ter vindo aqui hoje. Ela
adorou as rosas que deixou no cemitério.
-Ah, isso não foi nada. Mas eu achei mesmo que ela ia gostar.


-Gostou, sim. Ela está me mostrando uma cripta. Ela está numa
cripta, não é?
-Sim, e logo vou estar lá com ela.
-Ela está me mostrando você, com as flores. Gozado, ela está
colocando uma espécie de bengala em suas mãos. Não sei o que isso
significa, e você?
-Bem, a sepultura fica no alto, é uma subida e tanto. Para ir até lá
com as flores, precisei do auxílio de uma bengala. Será que é disso
que ela está falando?
-É, sim. E ela o acompanhou, na subida.
Kay começou a me enviar outra mensagem, muito rápida. Olhei
para cima e lhe disse:
-Estou entendendo... Obrigado. Então, voltei-me para Larry:
-O lugar da sepultura fica mais para trás das outras? É estranho o
caminho até lá... Parece ficar afastado, para trás, com uma descida
por degraus de mármore, e depois um pouco para o lado. Ela está
me contando essas coisas...
Larry ficou na dúvida, e eu continuei tentando decifrar a mensagem
de Kay. Eu estava muito confuso, assim como Larry. Fui em frente:
-Há uma senhora de pé junto de Kay. Possui uma voz muito
distinta, muito teatral também. Acredito que cante ópera. Ela está
falando novamente sobre o piano. Sabe quem poderia ser?
-Sim, é claro. E Esther. Ela era uma incrível cantora. Costumávamos
os três ir ao teatro juntos. Ela foi minha professora de piano
por anos e anos. Meu Deus, como é bom ouvir notícias suas.
-Essa senhora quer que lhe diga que há um enorme teatro
comunitário, onde ela está. No entanto, ela diz que é diferente. A



música não soa como na Terra. Ela diz: "É como se por aqui
tivéssemos pura harmonia. Na Terra, fala-se muito de como isso
poderia ser, mas ninguém chega perto sequer de imaginar como é,
na verdade."
-Lindo...


A sessão continuou por alguns minutos, com a esposa e a professora
evocando lembranças dos dias que se foram. Foi um belo
aniversário de casamento. Eu pensava comigo mesmo: "O que mais
ela poderia dizer para coroar tudo isso?" E havia mesmo algo
reservado para o final.
-Larry, você sabe de alguma coisa sobre Paris? Quero dizer, você e
Kay chegaram a passar algum tempo por lá?
-Passamos sim. O que ela está dizendo sobre isso?
-Alguma coisa sobre estar na Torre Eiffel, de Paris, e que isso foi
um dos momentos mais felizes de sua vida. Você sabe ao que ela
está se referindo?
Larry começou a chorar. Depois, enxugou os olhos e me encarou
fixamente:
-Foi um dos dias mais felizes da minha vida também. Foi assim
que passamos o primeiro dia de nossa lua-de-mel.
-Kay está dizendo que toda a sua vida de casada com você foi uma
lua-de-mel — acrescentei.
Larry sorriu, e eu prossegui:
-Ela sempre estará com você, Larry, e... espere. Ela quer mais uma
coisa. Está dizendo para você ir para casa e tocar para ela ao piano
uma canção de amor.
-Rapaz! — Larry soltou uma risada. -Essa é a Kay, mesmo, sem
dúvida. Ela nunca sabe quando parar.
E eu lhe disse:
-Isso, ela nunca vai aprender!



Charlie

Encontro a recompensa pelo meu trabalho no contato com pessoas
que se amam muito. Sempre pensei assim, até que certo dia recebi
uma chamada e a telefonista me disse que uma pessoa surda queria
conversar comigo, pelo telefone. A telefonista traduziu nossa
conversa. O nome dessa senhora era Susan. Ela estava muito
deprimida e pediu para marcar uma consulta. Acertamos a data e,
no dia combinado, eu ainda não tinha certeza se aquilo funcionaria.

Às onze horas, a campainha da porta foi tocada. Eram duas
mulheres. Uma mais alta e magra, a outra um pouco mais robusta e
de cabelos avermelhados. A mulher mais magra apresentou-se
como Kathy e disse que seria a intérprete.
Quando nos instalamos na sala de sessões, combinamos que o
melhor seria Susan sentar-se em frente a mim e Kathy ficar às
minhas costas.
Fiz minha introdução, explicando o processo de comunicação
espiritual. Costumo falar bastante rápido, mas Kathy conseguia me
acompanhar perfeitamente. Estava fascinado com a velocidade com
que ela transmitia tudo o que eu dizia. Ainda hoje, lembrando essa
situação, recordo como me tocou o amor e a generosidade com que
Kathy exercia seu trabalho.
Iniciei a sessão fazendo o mapa psíquico de Susan. Para fazer esse
mapa, geralmente seguro uma prancheta e uma caneta, sintonizo-
me no padrão de energia da pessoa e escrevo, ou desenho, as
impressões que recebo. É como começo a sessão -algumas vezes para
agilizar a comunicação. Claro, se eu fornecer à pessoa
informações corretas sobre sua situação psíquica, já de princípio irá
convencer-se de que meu trabalho é legítimo. As defesas e as
dúvidas são removidas, e a comunicação com o espírito torna-se
mais fácil. Susan parecia uma pessoa muito solitária e resistente.
Descrevi sua família, que não era comunicativa nem aberta, e disse
que sua surdez devia-se ao insuficiente desenvolvimento de dois
pequenos ossos em seus ouvidos. Algo de nascença... Ela confirmou


minhas informações. Ficou muito satisfeita que tivesse conseguido
acertar em algo tão específico. Terminado seu mapa, proferi minha
oração e comecei o processo de me abrir para os contatos.
Imediatamente, comecei a receber informações sobre o lar de minha
cliente.
-Muito estranho... Acho que estão me mostrando sua residência.
Você tem um sofá, numa tonalidade castanha, debaixo da janela...
com algum tipo de forro ou de alcochoado colorido por cima?
Através de Kathy, Susan respondeu:
-É isso mesmo. Tenho um sofá do jeito como você descreveu. Devo
dizer que era bastante diferente receber a resposta por
meio de alguém postado atrás de mim. Mas acabei por me
acostumar:
-À direita do sofá há muitos retratos, sobre uma prateleira
metálica. Também estou vendo flores... mas... podem ser flores de
plástico, ou de seda, arrumadas em um vaso nessa prateleira.
-Exatamente.
-Também me mostram um carpete alaranjado. Está um tanto gasto
em um ou dois pontos, especialmente perto da porta. Creio que é a
porta da frente de seu apartamento. Agora, me mostram a cozinha.
Espere... Ainda não sei quem está me dando essas informações.
Vamos perguntar.
Mentalmente, pedi ao espírito que se identificasse. Não houve
resposta. Assim, decidi seguir em frente. Mostraram-me muitas
fotos por sobre a geladeira e eu as descrevi para Susan:
-Há uma porção de fotos aqui... Muitas delas são de um cachorro!
Susan começou a rir. Contou-me que eram fotos de seu cachorro.
Continuando, senti repentinamente uma onda de amor
preenchendo a sala. Amor incondicional, dotado de enorme
nobreza. Então, brotou um nome: "Charlie!"
Foi pronunciar o nome e Susan começou a chorar histericamente. Eu
estava totalmente perdido, e encarei-a, esperando dela alguma



resposta ou uma explicação. Obviamente, eu havia atingido algum
ponto extremamente sensível e queria saber do que se tratava.
Kathy falou por Susan:
-Sim, ele mesmo... Charlie é o meu cachorro. É com ele que eu
queria entrar em contato. Morreu dois meses atrás e sinto uma
saudade muito grande dele.
Mal podia acreditar no que ouvia. Dei-me conta, então, da razão por
que estava tendo dificuldades para identificar com quem estava
mantendo contato. Estava procurando uma pessoa. No entanto, a
partir daí, tudo começou a fazer sentido -as informações vinham de
um cachorro. O cachorro estava me mostrando coisas que ele podia
compreender.
Susan transmitiu sua resposta para Kathy:
-Susan está nos dizendo que Charlie adorava sentar-se naquele
sofá. Era onde passava a maior parte do tempo. De vez em quando,
também passava as garras no carpete, bem em frente da porta, como
se estivesse enterrando alguma coisa.
-Compreendo... Bem que estava estranhando ver tudo de um
ângulo de baixo para cima. Mas agora está claro... eu estava vendo
pelos olhos de Charlie.
Um instante depois, recomecei:
-Charlie está mandando muito amor para você. Ele está me
mostrando uma luz vermelha... está me dizendo que algo acontece
quando se acende essa luz vermelha.

Susan estava muito agitada, fazendo sinais frenéticos para Kathy.
-Isso mesmo, é a luz que me chama a atenção para o toque do
telefone. Toda vez que a via, Charlie vinha atrás de mim, me
chamar. Ele era o máximo. Parecia até gente.
-Charlie está me transmitindo a imagem de uma coleira com
pedras preciosas... Bem, parecem diamantes. Mas tenho certeza de
que não são autênticos.


Susan riu, e nos disse que não eram mesmo de verdade, mas que
brilhavam bastante. Ela confessou que ficava zangada quando
brincavam com Charlie, dizendo que a coleira era coisa de mulher.
Comecei a rir. Charlie me enviava um pensamento muito engraçado
e eu transmiti sua mensagem:
-Charlie está me dizendo que não gostava dos banhos de tina.
-Não, mesmo. Toda sexta-feira à noite, eu lhe dava um banho e ele
detestava. Posso perguntar uma coisa?
-Claro.
Susan começou a chorar, ao me perguntar:
-Charlie sofreu muito ao morrer? E, por favor... diga-lhe que sinto
muito!


Eu perguntei:
-Charlie teve algum problema com as pernas? Ficou incapacitado
de andar? Estou sentindo uma dor do meu lado direito.
-Só no final. Ele estava sob medicação.
-Você sabia que ele sofria de diabetes?
-Sabia. Ele está lhe contando isso?
-Está. Está me mostrando o que havia de errado com seu
organismo. Mas também está me dizendo que a ama muito e que
você o ajudou, colocando-o sob sedativos, não foi?
-Sim, mas não queria fazer isso.
-Seu cachorro estava sofrendo muita dor já no final. O que você fez
foi um alívio para ele. Sabe disso, não é?
Susan não respondeu. Baixou o olhar por um instante e acabou
assentindo com um movimento lento de cabeça.
-Charlie está me transmitindo que continua dormindo junto a você,
no pé da cama. E isso mesmo?
-Sim, ele sempre vinha para a minha cama, no meio da noite.
-Você conhece alguém com o nome de Ivy?
Susan pensou por alguns instantes e, subitamente, lembrou:



Já sei! Falei com ela, na semana passada. É quem está me ajudando a
conseguir um outro cão. É muito difícil encontrar um cachorro para
deficientes físicos, e ela disse que talvez tenha um para mim.
-Charlie está me enviando uma vibração... ou uma sensação...
muito forte. Ele está dizendo que você conseguirá um novo cão e
que não ficará sozinha por muito tempo. Charlie diz que vai ajudar
o outro cão a aprender o que deve fazer. A propósito, ele está me
mostrando um cachorro todo branco. Parece quase um husky.
Susan ficou muito excitada:
-É da raça que Ivy disse que pode arranjar para mim!
-Ele vai ser seu, não se preocupe. Charlie está me dizendo que você
nunca ficará sozinha.
Com isso, agradecemos aos espíritos por sua assistência, e eu pedi
que ajudassem Susan em seu caminho.


Como já havia dito, os animais sobrevivem à morte. Quando
passam para o espiritual, aceitam essa transição como uma coisa
muito natural. Certamente, teríamos muito a aprender com eles.
Muitas vezes, as pessoas me perguntam: "Para onde foi meu
cachorrinho?"
Nossos animais também vão para um reino celestial. É um lugar
muito bonito, o mesmo dos seres humanos. Quando um animal vai
para lá, é recebido pelas pessoas com quem conviveu no plano
terreno. Se não há ninguém para recebê-lo, geralmente é acolhido
por seres espirituais especializados em tomar conta de animais.
Esses indivíduos são almas amorosas, generosas, que cuidam do
animal, até que venha juntar-se a ele um membro da família com o
qual tenha fortes laços amorosos. Naturalmente, esses indivíduos
que tomam conta dos animais são espíritos que, no plano terreno,
adoravam animais.
É muito comum que nossos animais recém-falecidos voltem à sua
residência terrena. Geralmente, ficarão sentados na mesma cadeira,
dormirão no mesmo lugar e tomarão conta de seus donos, como
sempre fizeram. Eles se lembrarão para sempre do cuidado e do



amor que receberam de você, no plano terreno. E muitas vezes
voltam para protegê-lo.
Assim, por favor, nunca tire a vida de um animal, ou de qualquer
outra forma de vida, sem motivo. Estamos todos aqui para
compartilhar o mistério do plano divino gerado pelo amor de Deus
para todas as suas criaturas.

Mal de Alzheimer
O mal de Alzheimer faz a vítima definhar lentamente, até morrer.
Não é uma morte dignificante e às vezes chega a ser desumana.
Ainda assim, milhares de pessoas contraem essa enfermidade, a
cada ano. A doença de Alzheimer é uma degeneração das células
nervosas do cérebro, que provoca perda progressiva da capacidade
cerebral. A doença causa perda de memória, desorientação de
tempo e de lugar. Nos estágios finais, a pessoa pode sofrer de uma

rave psicose, incluindo-se no quadro surtos de paranóia e
alucinações.
Apesar de a causa da doença ainda permanecer desconhecida, há
muitas teorias a respeito. Alguns acreditam que seja uma doença
genética, outros a atribuem a fatores ambientais, tais como resíduos
metálicos. Mas uma coisa é certa -à medida que a população idosa
cresce, crescerá igualmente a solicitação de assistência à família e à
comunidade médica para casos desse tipo. Espero sinceramente que
a enfermidade possa ser mais estudada e que se encontre solução
para esta aflição tão devastadora.
As pessoas costumam me fazer diversas perguntas sobre amigos e
parentes com doença de Alzheimer. "Ele pode me escutar? Pode me
ver? Ainda está aqui? Está morto? A alma já deixou seu corpo? A
alma pode partir, agora? O que vai acontecer?"
Certa vez, tive uma sessão com uma mulher encantadora chamada
Sydelle. No começo da sessão, disse que seu pai monera e que ela
precisava resolver determinadas pendências. Particularmente, precisava
saber se seu pai havia encontrado a paz.


Quando iniciamos a sessão, captei uma fortíssima sensação que me
dizia que Sydelle estava nervosa, insegura, tanto em relação à
consulta quanto sobre seu futuro. Havia dúvidas demais dançando
em torno dela. Eu lhe disse que esperava poder ajudá-la a eliminar
seus receios e as razões de sua ansiedade através de nossa
comunicação com os espíritos. Sintonizei sua energia e,
imediatamente, percebi certa hostilidade entre ela e sua mãe.
-Sydelle, você e sua mãe estão se falando?
-Sim, estamos.
-Estou recebendo a sensação de que vocês estão bastante afastadas.
-Acho que não sei ao que você está se referindo.
-Ela parece ser um fardo e você freqüentemente perde a paciência.
-Bem, isso é verdade. Tenho muita dificuldade de contar qualquer
coisa a ela.


Algo mudou a atmosfera da sessão. Senti como se uma porta se
abrisse bem atrás de mim e, subitamente, muitas pessoas entraram.
-Repentinamente, senti esta sala repleta de gente. Espere, deixe-
me tentar saber de quem se trata...
Fechei os olhos e vi um homem elegante. Ele estava de pé, ere-to,
muito sério, e me transmitiu a sensação de desorientação mental.
-Sydelle! Acho que é o seu pai. E acho que houve algo errado com
sua cabeça... Sim, ele me transmite a impressão de que a área da
cabeça foi afetada, antes de sua morte. Também recebo a sensação
de que ele está em um hospital... ou convalescendo em casa. Ele
ficou de cama por muito tempo?
-Ficou! Meu pai sofreu do mal de Alzheimer por treze anos.
-Meu Deus! É por isso que sinto tanta perturbação. Ele não
consegue acreditar no que está acontecendo. É como se ainda não
soubesse lidar com a situação espiritual, como se tivesse até agora
dificuldade de se adaptar. Isso faz algum sentido?
-Bem, acho que ele não acreditava nessas coisas...
-Talvez, não. Mas... Seu pai lhe agradece por ter acendido a vela.
Sabe do que ele está falando?



-Sim. Vez por outra, enquanto ele ainda estava doente, acendia
uma vela para ajudá-lo a atravessar para o outro lado.
-Ele agradece por isso e também por suas orações. Elas o ajudaram
muito. Ele diz que ainda se sente confuso, mas aos poucos vai
recuperando a noção das coisas. A cerimônia fúnebre dele ocorreu
num templo?
-Isso mesmo.
-Ele estava presente. Diz que viu todos vocês. Mas que ficou um
tanto surpreso com o número de pessoas que compareceram.
Esperava que fosse o dobro.
-Ele tinha muitos amigos, mas ficou tanto tempo afastado deles...
Não sobrou muita gente para despedir-se do meu pai.
-Quem é Jack?
-É meu pai.
Ele está mencionando um cobertor africano e algo sobre fotos.
Ele viu todas as fotos. Você arrumou algumas fotos de seu pai, para
a cerimônia? Fotos importantes dele em vida?
Isso mesmo. No funeral, arranjei um desses
-cobertores africanos e coloquei as fotos sobre ele. Queria que fosse
uma colagem com momentos da vida do meu pai.
-Quem é Rose?
-A mãe dele.
-Ele quer que você saiba que Rose veio recebê-lo, quando passou
para o outro lado. Ele não a via há muito tempo, certo?
-Ela morreu quando eu ainda era uma criança.
-Ela é engraçada. Você sabe que ela fica lhe observando, na
cozinha? E adora o estilo das roupas que você usa. Ela está me
mostrando vestidos estampados de flores.
Sydelle riu alto e agradeceu-me por trazer-lhe sua avó.
-Nunca a conheci, mas fico contente que esteja por perto, me
protegendo.
Jack recomeçou a falar:



-Seu pai está mencionando o nome Mark. Está dizendo que essa
pessoa o ajudou muito.
-Mark é o meu irmão. Interessante... Mark tomou conta do negócio
da família, depois que meu pai morreu.
-Sabe se Mark usa abotoaduras ou prendedores de gravata?
-Sim, ele costuma usar as abotoaduras do meu pai.
-Sabe se ele tem no escritório molduras com condecorações e
prêmios, penduradas na parede?
-Isso mesmo. É o escritório do meu pai e continua exatamente do
jeito como ele o deixou.
-Seu pai está me mostrando uma poltrona verde-escura. É nela que


o seu irmão se senta, agora. Por favor, pergunte a ele se há um
pedaço puído ou um rasgado no assento. Acho que é do lado
direito, bem debaixo de sua perna, quando ele senta.
-De fato, Mark mencionou que havia comprado uma cadeira nova
porque a antiga estava muito gasta.
E raro algum cliente pedir conselhos sobre negócios a alguém do
outro lado. Sempre advirto que o mundo espiritual não tem
necessariamente conhecimento do futuro. Como já afirmei, há
muitos problemas envolvidos nisso, inclusive leis cármicas a serem
respeitadas. Podem perguntar o que quiserem aos espíritos, mas
saibam que terão que tomar suas próprias decisões. Não é
responsabilidade dos espíritos dizer-lhes como administrar sua vida
ou seus negócios.
Foi exatamente o que transmiti a Sydelle, e ela replicou que queria
escutar a opinião do pai, já que o negócio da família era dirigido por
ele.
-Tenho certeza de que ele vai me dar excelentes conselhos sobre a
empresa.
-Estou recebendo algo... Sabe se seu irmão está considerando a
possibilidade de admitir um sócio?
-Talvez, não tenho certeza. Vou perguntar a ele.

-Certo... Ele está me dizendo que sabe das dificuldades para fazer a
empresa prosperar. Parece mesmo muito duro, e vocês vão precisar
ter um pouco de paciência, porque as coisas vão mudar e,
eventualmente, irão vender essa empresa.
Sydelle engasgou. Disse que não tinha e nunca teve a menor
intenção de vender a empresa. Fosse como fosse, ela e o irmão
planejavam manter o negócio na família.
-Seu pai está dizendo que se preocupa muito com a empresa, que
ocupou grande parte da sua vida. Ele não quer que aconteça a
mesma coisa com vocês. Ele acha que perdeu muita coisa da vida
por não ter se dado tempo para aproveitá-la. Ele era uma pessoa
rígida e dedicava-se demais ao trabalho, para provar que era capaz.
Ele diz que poderia ter aprendido muito com você, que lhe tem
ensinado inúmeras coisas, ultimamente.
Sydelle e seu pai ficaram bastante emocionados. Então, ele começou
a falar sobre a esposa:
-Ele está preocupado com sua mãe. Diz que discutia muito com ela.
Parte dele ainda a ama, e agora ele pode compreendê-la. Ela está
insatisfeita consigo mesma. Espera sempre que o mundo faça coisas
por ela. Mas você precisa viver sua própria vida... Faça com que ela
entenda isso.
-Vou tentar...
Perguntei a Sydelle se tinha mais perguntas a fazer ao seu pai. E o
que ela perguntou mudou a maneira como via as pessoas que
sofrem do mal de Alzheimer.
-Por onde andou meu pai, quando ainda estava doente? Quero
dizer... Onde estava seu espírito?
-Seu pai acha a pergunta muito interessante e diz que vai tentar
responder da melhor maneira que puder. Há uma enorme diferença
entre o mundo terreno e o mundo espiritual. Ele conta que a maior
parte do tempo esteve inconsciente, como se estivesse em um sono,
muito leve. Ele diz que houve momentos em que esteve fora do seu
corpo e que algo que ele acredita que fosse o seu espírito observava


seu corpo deitado na cama e também as pessoas no quarto. A maior
dificuldade foi ter perdido a noção do tempo. Ele passou a ter uma
consciência de tempo e de espaço diferente de quando vivia no
plano terreno.
-Ele viu outras formas espirituais ao seu redor?
-Mais ou menos. Ele sentia outras energias em torno de si, mas, até
falecer, não sabia do que se tratava. Ele diz que Rose e uma figura
paternal vieram ao seu encontro.
Informei a Sydelle que muitos outros espíritos que haviam sofrido
do mal de Alzheimer já me haviam relatado coisas semelhantes.
Muitos não conseguiam distinguir onde se encontravam. Alguns
estavam despertos, o tempo todo. Outros saíam freqüentemente de
seus corpos, ainda muito ligados a suas famílias, a quem tentavam
transmitir mensagens.
Sydelle queria saber mais:
-Por que ele teve que passar por esse sofrimento?
-Ele acha que você pode não entender direito o que vai dizer, mas,
por incrível que pareça, ele escolheu esse caminho, ao vir para a
Terra. Está me contando que precisou passar por essa experiência
para equilibrar certas coisas...

Expus minha maneira de entender a questão: muitas vezes um
espírito precisa enfrentar uma doença e sofrer com ela, para se
fortalecer, para quebrar o elo entre a doença e sua linhagem
familiar.
Depois dessa sessão, que ocorreu há muitos anos, Sydelle e eu nos
tornamos bons amigos. Recentemente, ela me disse:
-Não sei se você vai se lembrar disso, mas, na primeira sessão,
perguntei ao meu pai alguma coisa sobre a empresa. Ele disse que
encontraríamos um sócio e que acabaríamos vendendo o negócio.
Meu irmão achou esse sócio, há alguns meses, e agora está
assinando os papéis para lhe passar o negócio.


Do alto da montanha

A sessão que vou descrever agora tornou-se uma das mais famosas
da minha carreira. Um ano depois de ter acontecido, correram
notícias a respeito de alguns de seus detalhes, considerados quase
inacreditáveis, e uma rede de tevê, a NBC, em um programa
chamado Unsolved mysteries, tentou reproduzi-la. Passaram alguns
meses procurando alguém parecido comigo e, tempos depois, o
programa foi gravado. Aquele episódio viria a se tornar um dos
mais populares do programa e é constantemente reprisado nos
canais a cabo. Foi de fato uma das minhas sessões mais
memoráveis.
Estávamos em junho de 1995 e eu me encontrava sentado do lado
de fora do prédio onde fica meu apartamento, aguardando um
cliente. Havia checado minha agenda, mas não reconheci o nome
marcado para as seis horas -Don e Sue Raskin. Cinco minutos antes
das seis, um casal veio andando na direção do edifício. Lembro
muito bem da minha reação, quando os vi. O homem parecia muito
adoentado e achei que a jovem senhora que o acompanhava era sua
filha -na verdade, era sua mulher.
Assim que proferi minha oração, me dei conta de que havia muitos
espíritos ao meu redor. Eu captava a presença de muitas mulheres,
mas também a energia forte de alguns homens. Comecei a relatar
minhas sensações e observações, esperando que os espíritos
presentes fossem das pessoas com quem o casal queria estabelecer
contato.
-Don, quando você entrou por aquela porta, havia um jovem atrás
de você. Parece que ele era muito jovem, quando faleceu. Você tem
um filho, hoje, no mundo espiritual?
Eles trocaram olhares espantados e, muito lentamente, ele me
respondeu:
-Sim -murmurou, confirmando o que eu havia dito.


-Ele diz que o ama imensamente e que você não tem o que temer.
Ele o ama muito, muito mesmo. Ele repete isso insistentemente. A
inicial A significa algo para você? Conhece alguém chamado Adam?
-Acho que não -respondeu Sue. Voltei-me para
Don e lhe comuniquei:
-Seu filho diz que a sua mãe e o seu pai estão junto com ele, aqui,
esta noite. Vieram de mãos dadas com o seu garoto. Você conhece
alguém com o nome começando por M?
-Sim, o meu pai. Seu nome era Mike -replicou Don.
-Temos também aqui uma moça chamada Lillie, ou Millie... ou
Ellie. Ele pulou da cadeira:
-É a minha irmã! Ela também está morta.
-Eles costumavam chamá-la de "Babs"?
-Sim... e de muito outros apelidos.
-Sua irmã é muito engraçada. Ela e o seu pai ficam mexendo um
com o outro. Eles se dão muito bem. Mas é o seu filho que deseja
falar. Ele afirma que é o convidado de honra desta noite. Ele se
chama... Doug. E morreu em um hospital, não foi?
-Exatamente.
-Ele diz que se sentia muito mal. Foi algo que aconteceu de
surpresa? Ele diz que as pessoas ficaram tremendamente chocadas,
que ninguém esperava. Parece que aconteceu alguma espécie de
acidente. Ele foi ferido na cabeça?
-Isso mesmo.
Os Raskins se deram as mãos, firmemente.


-Ele está me transmitindo uma dor na cabeça. Acho que seu
pescoço também foi afetado. Ele teria sido transportado por um
helicóptero? Ele está falando alguma coisa sobre um vôo de
helicóptero.
-Exato, ele foi levado de helicóptero para o hospital.
-Ele está me passando a sensação de escalar... uma escalada... Está
me mostrando uma montanha. Agora, sinto como se estivesse
escorregando, como se estivesse caindo. Vocês entendem?



Começaram ambos a chorar, confirmando a informação. Prossegui:
-Ele diz que sempre soube que algo assim aconteceria com ele. Diz
que sempre viveu no limite, forçando os limites... Não havia nada
que vocês pudessem ter feito para evitar. Parem de se sentir
culpados, porque não seriam capazes de detê-lo. Alguma vez ele
falou qualquer coisa sobre saltos de pára-quedas? Ele diz que, se
não tivesse morrido escalando uma montanha, teria sido num salto
de pára-quedas.
-Ele era do tipo aventureiro -falou Don. -Sempre metido em
alguma coisa.
-Ele gostava de fotografia? Está me dizendo que tirou fotos do
mundo inteiro. Ele sabe que vocês andaram olhando em seus
álbuns. Ele diz que vocês não conseguirão encontrar nenhuma foto
que se assemelhe ao lugar onde está agora. As cores do céu... É tão
cheio de cores... Inacreditável! Luzes em tons de rosa, violeta... "Não
se preocupem comigo", ele diz. "Estou vivendo uma grande
aventura, por aqui!" Quem é Tam... ou Tammy?
-É a irmã dele.
-Ele pede que lhe digam que a ama e que lhe agradece pelas
orações, pelos bons pensamentos, pelos votos de bem-estar... e por
seu amor. Está muito agradecido, de verdade!
-Diremos a ela, com toda certeza.
-Seu filho está mencionando alguém chamado Mark. Ele conhecia
alguém com esse nome?
-Ah, claro... eram bons amigos.

-Ele está mandando um abraço para Mark. E pede que lhe diga que
estará sempre por perto e que continuarão sendo bons amigos para
sempre.
Don não me parecia nada bem. Percebi que sua dor havia lhe tirado

o ânimo de viver. Ele parecia uma concha vazia. Transmiti-lhe a
preocupação do filho com sua saúde.

-Seu filho está dizendo que você deve se cuidar, para não ter uma
úlcera. E que está tendo problemas para dormir. Você foi ver um
médico, por causa disso?
-Isso mesmo, na semana passada. Ele me receitou algumas pílulas
para dormir.
-Ele quer que eu diga que vocês dois o ajudaram a viver esta vida
plenamente. Sempre o apoiaram, sempre acreditaram nele. Vocês
foram os melhores pais do mundo, é o que ele diz. Havia uma foto
dele na cerimônia fúnebre?
-Sim...
-Ele está me mostrando uma moldura, muitas fotos dele, e no
centro uma, maior do que todas as outras. Ele diz que vocês tiveram
muita dificuldade para escolher essa foto maior.
Sue e Don começaram a rir. Sue contou que realmente precisaram
procurar bastante.
-Doug está me contando que foram vocês que escolheram a música
para a cerimônia. Ele está me dizendo que parecia algo irlandês, ou
escocês... algo chamado Enya.
-Enya... foi essa mesma que tocamos -confirmou Sue.
-Don, você pratica algum esporte? Doug está me mostrando um
cavalo. Por que vocês não tiram uns dias para passear a cavalo,
juntos?
-É o que estou indo fazer, com um amigo meu. E estou usando
uma camisa que Doug me deu.
-Ele diz: "Aproveite-a bem, papai. E aproveite a vida, por mim.
Faça isso, aproveite a vida!"
Nessa altura, uma questão muito intrigante veio à tona e, até hoje,
me fascina lembrar o que Doug disse a respeito.
-Vocês reproduziram uma foto dele, recentemente? Doug está
rindo muito por causa dessa foto, como se houvesse alguma piada
secreta relacionada a ela.
-A foto foi tirada originalmente durante uma viagem com Doug. Só
que nossa filha distinguiu na foto uma espécie de brilho luminoso


que não estava lá antes. Parecia algo como formato de um coração,
feito de fumaça. Então, mandou ampliar a foto e distinguimos,
escrito no interior do coração: Eu amo vocês.
Ele está dizendo: "Fui eu que fiz aquilo aparecer." Ele está rindo
muito... "Vocês entenderam? Fui eu! Foi um presente meu para
vocês. Considerem como se fosse um cartão-postal daqui do
Paraíso."
Essa parte da mensagem demonstrou mais uma vez o poder do
amor transcendendo o plano físico. O restante da sessão nos trouxe
a mãe de Don, seu pai e sua tia Bea. Cada um deles descreveu
detalhadamente o que se lembravam de Don, quando criança.
Então, Doug retornou e ficou conversando conosco até o fim da
sessão. Cada informação sua era mais uma impressionante prova da
vida após a morte.
Perguntei a Sue:
-Você esteve recortando artigos de jornal, com uma tesoura,
recentemente?
-Sim.
-Todos os que estão presentes aqui estavam à sua volta,
observando-a. Quando foi isso?
-Na semana passada. Havia um grande artigo no jornal sobre Doug
e sobre sua morte. Mas não era apenas um obituário, era sobre o
monte Fuji.
-Vocês estão fazendo uma espécie de livro de recordações? Doug
diz que já têm tudo o que precisam, falta apenas juntar as partes. Ele
sabe que vocês deixaram tudo guardado.
Eles sorriram, e eu continuei.
-Kieto. O que significa isso?
-Fica no Japão. É perto de onde aconteceu o acidente. Estávamos
com ele em Kieto.


-Ele está dizendo que adora a foto que tiraram dele ao pé do monte
Fuji. Vocês têm essa foto?



-Talvez... Há fotos que foram tiradas pela equipe de alpinismo e
que ainda não foram reveladas.
-Por favor... Tentem gravar esta informação na memória.
-Claro.
Nosso encontro durou ainda meia hora. Os Raskins deixaram
minha casa sentindo-se totalmente diferentes de quando haviam
chegado. A expressão no rosto de Don indicava que ele entrara no
caminho da recuperação. Agora, o casal sabia não apenas que seu
filho continuava vivo, mas que permanecia junto deles, o tempo
todo.
Mais tarde, descobri que Doug Raskin não era um filho comum.
Parecia um anjo vindo do céu. Passou muitos anos viajando pelo
exterior, prestando auxílio aos mais pobres. Chegou a atravessar a
nado trechos revoltos de rios, com alimentos amarrados às suas
costas, para poder entregá-los aos necessitados. Era aventureiro e
generoso e todos os que conviveram com ele foram tocados por sua
luz.
Dois meses depois dessa sessão, o telefone tocou. Era Sue Raskin me
dizendo que acabara de receber pelo correio as fotografias que a
equipe de alpinismo de Doug enviara.
-A primeira foto que eu puxei do envelope era justamente do nosso
Doug, com um sorriso de orelha a orelha. Ele estava bem no sopé do
monte Fuji.

Parte 3
O Próximo Passo



CAPÍTULO 9
Para Além do Sofrimento


Há um tempo para tudo, uma estação propícia a cada ato, debaixo do Sol,
um tempo para nascer, outro para morrer.
-Eclesiastes 3:1


Somos capazes de superar a perda de um ente querido? É possível
recomeçar a vida sem a pessoa com quem costumávamos
compartilhá-la? Será que as lembranças dos tempos felizes
conseguem nos devolver o gosto pela vida?
Não há respostas fáceis para essas perguntas. Quando alguém deixa

o mundo terreno e passa para o espiritual, isso significa que nunca
mais teremos um contato físico com essa pessoa. Mas sempre
poderemos sentir sua presença e mesmo compartilhar nossas
existências com elas, através da lembrança viva em nossos corações
e em nossas mentes, e nos dando conta de que, como seres
espirituais, livres dos limites da condição física, estão mais
próximas de nós do que nunca.
Como a citação da Bíblia diz, há um lugar e um tempo naturais para
cada experiência terrena. A cada vez que retornamos ao mundo
físico, usufruímos de um crescimento espiritual. Toda ocorrência
em nossa vida determina e mede esse crescimento. Assim como o
ciclo das estações, em que algo morre no inverno e renasce na
primavera, é impossível termos a vida sem um fim e um recomeço.
Tudo o que fazemos tem a ver com esse crescimento.
Toda criatura terrena experimenta algum tipo de perda. Pode ser a
perda de um emprego, um divórcio, um acidente, ou um crime.
Pode ser um objetivo nunca alcançado ou simplesmente o fato de
envelhecer. Podemos considerar como perdas as mudanças de vida,
sempre estressantes, mas compreendemos que também esse tipo de

experiência tem sua função em nossa existência. Há alguns passos
que podemos dar para transformar nosso sentimento de perda em
uma experiência benéfica, algo que contribua para maior plenitude
em nossas vidas. O primeiro desses passos é reconhecer e lidar com

o sofrimento.
COMO RECONHECER O SOFRIMENTO

O sofrimento manifesta-se de diversas maneiras -física, mental,
emocionalmente. Desamparo, ansiedade, insónia, medo,
irritabilidade, rancor, depressão, náusea, falta de ar, palpitações;
mesmo os pensamentos suicidas podem ser considerados como
sintomas ou sinais de grande sofrimento. É importante dar-se conta
de que chorar a perda de alguém (ou de alguma coisa, como no caso
de um emprego) é absolutamente normal. Quando sofremos por
uma perda, temos a sensação de que nossa vida terminou, de que
nada será como antes. Sentimos que não conseguiremos suportar
sequer mais um dia sem a pessoa que perdemos. É como se o
mundo tivesse sido virado pelo avesso. Nada mais parece se
encaixar, nem fazer sentido. Em todas as áreas de nossa vida
instala-se um total desequilíbrio. Não conseguimos pensar, nem
tomar decisões. Freqüentemente, chegamos à conclusão de que não
somos mais capazes de controlar nossas emoções -choramos por
qualquer coisa, trememos ante o menor desafio. Todos esses
sentimentos e sensações fazem parte da experiência do sofrimento.
Não podem ser subestimados ou considerados errados.
Pessoas nesse estado são acometidas de certa apatia no que diz
respeito ao seu aspecto físico, emocional e espiritual. Mas é
importante para essas pessoas enfrentarem o sofrimento com o
objetivo de retomarem aos poucos suas vidas.
Como fazemos isso? Como conseguimos nos recuperar? Embora o
foco deste livro esteja na perda de entes queridos, os estágios


descritos à frente podem ser aplicados a qualquer tipo de perda uma
pessoa, um bicho de estimação, um lar, um emprego -ou
mesmo a uma convivência longa com algum tipo de enfermidade. O
processo de cura, igualmente, aplica-se à maioria das situações de
perda.

1. O choque
Quando uma pessoa é notificada da morte de alguém querido, sua
primeira reação pode ser entrar numa espécie de estado de choque,
algo como uma vertigem, uma fixação no pensamento: "Isso não
pode ter acontecido." É como se fosse tomado por um transe,
assemelha-se a um zumbi, vagando sem muito se dar conta de onde
está. Mais tarde, pode até não recordar esses primeiros dias. Esse
esquecimento é uma espécie de ajuda da natureza, nos permitindo
fechar, inconscientemente, nossas mentes, até podermos começar a
lidar com a súbita mudança em nossas vidas.
Esse choque inicial pode durar algumas horas, ou alguns dias, e,
uma vez percorrido, é importante ter um amigo próximo ou alguém
querido para nos dar apoio. Geralmente, a família e os amigos estão
ao nosso lado no funeral, mas, uma vez terminada a cerimônia, vão
embora. É justamente quando passa o choque que mais precisamos
de amparo. É quando começa a dor de verdade.
Ao sofrer a dor, precisamos lembrar que sentir raiva, sentir-se
ferido, é uma reação muito natural. Você irá superar essa fase. A
vida retornará ao normal.

2.Negação
Quando nos sentimos feridos, nossa tendência é negar. Fazendo
isso, parece mais fácil lidar com a dor. Queremos tanto que a dor
não exista, que a negamos, tentando nos enganar, nos convencer
daquilo em que queremos acreditar. Mais uma vez, é nossa mente


inconsciente tentando lidar com a dor da perda. A negação pode se
manifestar de várias maneiras:

1. Perdemos interesse por nossas ocupações diárias, ou nos
afastamos delas.
2. Dormimos demais ou sofremos de insónia.
3. Perdemos o apetite.
4. Deixamos de cuidar de nossa higiene diária.
5. Ficamos presos a uma profunda depressão.
Ainda aqui é importante perceber que a negação é uma etapa
normal do processo de dor e que, eventualmente, nos tornaremos
capazes de superá-la.

3. Sinta a perda
O primeiro passo para a cura é aceitar a realidade da nova situação sim,
você sofreu uma perda. A perda é real, e reconhecê-la é muito
importante. Você deve senti-la. Sinta-a, com intensidade. Não
reprima sua raiva, sua tristeza, sua perturbação, seu desamparo.
Esses sentimentos são absolutamente naturais. Não esconda nem
disfarce seus sentimentos, pensando que pode estar se portando de
maneira imatura, ou que esse comportamento é inaceitável. Chore!
Chorar é uma reação natural e necessária para a cura do corpo. Há
provas científicas de que as lágrimas de tristeza são bioquímicamente
diferentes das lágrimas provocadas pelo riso e pela
felicidade. Assim, chorar ajudará você a liberar substâncias
químicas do seu organismo.
É natural que você passe muito tempo pensando na pessoa que
perdeu e, fazendo isso, pode sentir raiva. Se isso acontecer, deixe
sua raiva extravasar, sem ferir nem a si nem aos outros. Canalize-a
para uma atividade física, algum esporte, ou soque um travesseiro,
ou vá para um lugar afastado, onde possa gritar à vontade. É


compreensível que você sinta dor, que sofra; liberar sua raiva só irá
fazer bem à sua saúde.
Não tente determinar o que deveria estar sentindo. Cada um de nós
é um indivíduo único que reage de maneira diferente a cada
situação, sobretudo num caso de perda. Não queira julgar-se pelo
modo como os outros manifestam seus sentimentos. Não há certo
nem errado que se aplique a você.
É também muito comum que queiramos escapar logo da dor e,
assim, apelamos para os tranqüilizantes. Algumas vezes são de fato
necessários, por um período curto, para nos dar alívio. No entanto,
as drogas, a longo prazo, ocultam o progresso que obtemos, e os
sentimentos que estamos tentando abafar retornam de um jeito ou
de outro.
Ao longo desses anos, encontrei centenas de pessoas que ainda não
conseguiram lidar com seu sentimento de perda. Seus corpos
mostram isso -o exterior é um espelho do interior. Reprimiram
tanto seus sentimentos que ficaram doentes. A dor reprimida
devora-as por dentro e se manifesta através de uma série de
problemas de saúde e enfermidades, incluindo obesidade, alergias,
dores e incômodos variados, problemas com a respiração e, em
alguns casos, câncer.
Portanto, para nos mantermos saudáveis, precisamos viven-ciar
plenamente nossos sentimentos. Eles são o termômetro de nossas
vidas.

4. Reconhecimento e aceitação
Depois de viver o choque, a negação, a dor e o sofrimento,
avançamos para o estágio de reconhecimento e de aceitação da
perda de nosso ente querido. Esse é o primeiro passo para voltar a
encontrar o equilíbrio. Aceitar a morte do ser amado não significa
que concordamos com ela; estamos apenas encarando a realidade.
Compreendemos que a pessoa se foi, que não teremos mais contato

físico com ela. No entanto, nós a reencontraremos quando chegar a
hora de nos transpormos para o mundo espiritual.
Uma perda é sempre irreparável. A dor é proporcional à
intensidade dos sentimentos em relação à pessoa falecida. Mas é
importante dar-se conta de que experimentar a dor a fundo já é uma
forma de cura. Você pode -e conseguirá -recuperar suas forças e
voltar à vida, continuando assim seu processo de aprendizado.

5. Estabelecer objetivos práticos
Além de lidar emocionalmente com a perda, é também importante
restabelecer a ordem no seu dia-a-dia, do ponto de vista financeiro e
prático. Isso vale especialmente no caso de a pessoa falecida ter se
encarregado sempre dos assuntos referentes a dinheiro, dentro da
relação. Não tenha medo de pedir ajuda. Algum membro da família,
ou mesmo um amigo, pode lhe oferecer bons conselhos em uma
hora como essa e talvez seja capaz de ajudar enormemente -mais
até do que você imagine.
Se há pendências sobre contas médicas e seguro, peça a esses
parentes ou amigos para tomar conta dessas coisas, deixando assim
sua cabeça livre de problemas financeiros. Quanto mais cedo esse
tipo de coisas estiver resolvida, melhor para todos. Talvez você
queira avaliar sua situação financeira, ordenar listas de
providências, passar em revista os bens de que dispõe, contas
bancárias, ações, e assim por diante. Na maioria dos casos, precisará
informar aos credores sobre o falecimento, para que possam ajustar
seus registros.
Você precisará tomar conta de todos os aspectos legais concernentes
a você e ao falecido. Para acertar cada um desses assuntos, você
precisará dispor de várias cópias do atestado de óbito. Talvez deva
contratar um advogado, se há uma herança ou propriedades a
serem divididas.


6. Seguindo em frente
O sol se põe, e a cada dia nasce outra vez. Você atravessou um
período de muita tensão emocional que às vezes parecia
insuportável, e você decidia não ir mais fundo. No entanto, chegou
a hora de retomar sua vida, de seguir em frente. Um novo capítulo
da sua existência irá começar.
Este é o melhor momento para pedir ajuda a um grupo de apoio.
Procure, com seu médico ou terapeuta, grupos destinados a pessoas
que sofreram um tipo específico de perda, por exemplo, a perda de
uma esposa, de um filho, de um irmão, a perda de alguém vítima de
AIDS, câncer, etc. Em um grupo de apoio, todas as pessoas sofreram
perdas semelhantes e, assim como você, isso ainda lhes dói. Todos
precisam de ajuda para prosseguir em suas vidas. Sugiro que visite
um desses grupos e observe como funciona. Verifique se você se
sentiria bem como participante, se simpatiza com os demais
membros. Talvez você queira que um amigo ou um parente o
acompanhe, na primeira vez. Acima de tudo, não tenha o menor
receio de pedir ajuda.
E talvez seja um bom momento também para você desenvolver
alguma atividade física regular. Entre para uma academia de
ginástica, pratique natação, tênis, caminhe diariamente. É
importante exercitar-se fisicamente -isso ajudará a manter sua
mente aguçada, seu corpo afinado e suas emoções equilibradas.
Atividade física contribui para liberar a raiva, eliminar a depressão
e espalhar hormônios benéficos por todo o seu corpo.
Como afirmei anteriormente, dor e cura não sucedem uma à outra
do dia para a noite, e não há maneira de determinar o tempo
necessário que uma pessoa leva para se curar e refazer a vida. Seus
entes queridos estarão sempre próximos, mesmo que você não
esteja consciente de sua presença. Usufrua das lembranças que
guarda deles. Elas fazem parte de um patrimônio emocional e serão
fonte permanente de alegria se você acolhê-las com carinho.


CUIDADO COM COMPORTAMENTOS NEGATIVOS

É importante que você se conscientize de que há idas e vindas em
todo processo, sensações e sentimentos negativos que retornam,
mudanças bruscas de estado emocional. Por exemplo, há pessoas
que voltam a negar a morte de seu ente querido. Por não serem
capazes de superar essa negação, nem a dor, podem adotar
comportamentos autodestrutivos. Esteja alerta para sinais como os
descritos a seguir. Se persistirem por um tempo relativamente
longo, recorra a ajuda profissional.

1. A pessoa pode começar a acalentar pensamentos suicidas.
De início isso é muito comum, mas, se o desejo acentuar-se, alerta
geral! Recorra imediatamente a um psicólogo ou a um psiquiatra.

2. Uma pessoa no momento agudo do sofrimento pode necessitar
tomar alguma medicação, tal como tranqüilizantes e
antidepressivos. Mas como há o risco de a pessoa tornar-se
dependente dessa medicação, é importante ter acompanhamento
médico para impedir que o hábito se estabeleça. Quanto mais
rápido a pessoa largar a medicação, mais cedo será capaz de aceitar
a perda sofrida e de iniciar sua recuperação.
3. Se uma pessoa se mantém afastada de suas atividades normais e
assume posturas obsessivas, ou permanece em depressão por um
período muito longo, é hora de procurar um profissional que possa
ajudá-la a lidar com seu sofrimento. Um profissional a auxiliará a
encarar outra vez a realidade de frente.
O luto, a perda são sempre dolorosos. Mas é parte da experiência de
vida pela qual todos passamos, inevitavelmente. Todos sofreremos
a perda de alguém querido. Devemos ter certeza de que somos
capazes de superar o sofrimento e sobreviver a isso.
Mesmo que não seja claro, agora, sua luz nesse mundo é sempre
necessária. Não há ninguém igual a você na Terra. As pessoas
precisam de você. No momento de uma perda, você é capaz de
sentir certa culpa, ou um sentimento de inutilidade. Pode até ficar
obcecado com a idéia do que deveria ter feito para evitar a morte do

ser querido. Mas essa auto-acusação não ajuda em nada. Não
alimente esse tipo de coisa! A dor que você está sentindo pode
ajudá-lo a tornar-se mais sensível em relação aos outros. Algum dia,
talvez, você apoiará alguém que esteja passando por isso. Por maior
que seja a sua dor, você é maior do que ela. Trate-se bem, acolha-se,
console-se. Diga o quanto se ama e o quanto gosta de viver, de ter a
força e a coragem para retomar essa imensa aventura que é a vida.

CAPÍTULO 10

Fazendo Contato

Sou muito procurado por pessoas que desejam fazer contato por
conta própria com seus mortos queridos. Há outros que também
possuem fortes poderes mediúnicos e psíquicos e que querem saber

o que fazer para desenvolvê-los. Neste capítulo, dou algumas
orientações para esses dois tipos de pessoas. Não seria correto
dirigir-me aos que querem fazer contato com seus entes queridos já
falecidos, sem previamente fornecer alguma compreensão básica de
como funciona a mediunidade. Acredito que, quanto mais
conhecimento você tiver sobre esse assunto, mais chances terá de
obter bons resultados. É muito importante que você leia aqui a
respeito desses conceitos e que os aplique quando for necessário.
Não se trata de um jogo, nem de uma brincadeira. Não tenho a
intenção de ensinar alguns truques para você divertir os amigos
com suas habilidades psíquicas. O desenvolvimento da sua intuição
deve ser levado muito a sério e ser conduzido respeitosamente. Não
se trata de tocar uma campainha e esperar que um espírito apareça
imediatamente. Para ter êxito, é preciso trabalhar um bocado.

Lembre-se de que o resultado refletirá a disciplina, tempo e força de
vontade que você empregou para desenvolver suas habilidades. Sua
família espiritual também compartilha o desejo de entrar em
contato e fará qualquer coisa para você constatar que continuam
vivos. Os espíritos estão sempre à nossa volta e, apesar de alguns
serem capazes de se comunicar sem muito esforço de nossa parte,
outros podem encontrar muitas dificuldades. Cada um ao seu
modo, somos todos médiuns. Como já aprendemos, um médium é
um instrumento, uma ligação que o espírito utiliza para transmitir
uma mensagem em particular. Por isso, a mediunidade consiste em
ser inspirado por pensamentos, palavras e sensações diferentes dos
nossos. Artistas, músicos, pesquisadores, executivos -e
praticamente toda criatura vivente -recebem inspiração de uma
maneira ou de outra. Muitas vezes, chegamos a pensar que esses
pensamentos são nossos, mas na maioria dos casos emanam de
forças espirituais. Através desses pensamentos, a melhor parte de
nossa criatividade vem à tona. A criatividade não se aplica apenas
às artes. Um cirurgião é tão criativo em seu ofício científico quanto
uma bailarina.
Quando quisermos fazer contato com o reino espiritual, é
importante sabermos que o mundo dos espíritos, ou a criativa
sensação da presença de Deus, não está fora de nosso alcance, além
das nuvens. Na verdade, esse espírito criativo encontra-se em cima,
embaixo, ao nosso redor e dentro de nós. Este mundo físico é
apenas uma dimensão entre muitas, nosso sistema solar é apenas
um entre muitos, e o ser conhecido como humano é apenas uma
espécie entre muitas. Portanto, nossa primeira lição é abrir
totalmente nossa mente e iniciar esse trabalho com humildade e
amor. Quando nos abrimos para o reino espiritual, precisamos de
todo o conhecimento disponível. Quanto mais soubermos a respeito
das técnicas e das leis naturais do espírito, mais efetiva poderá se
tornar nossa mediunidade, e mais precisos e nítidos serão os
resultados.


Quando iniciei minha jornada, li mais de uma centena de livros,
originários de várias partes do mundo. Alguns haviam sido
publicados cinqüenta anos antes, outros eram bastante recentes.
Conversei com muitos psíquicos, médiuns, professores voltados
para o desenvolvimento espiritual. Visitei centros religiosos
consagrados à área em que estava interessado. Meu objetivo era
dominar esse tipo de trabalho, de forma a poder ajudar a
humanidade e difundir o amor e o conhecimento sobre a vida após
a morte. Se você quer apenas entrar em contato com seus entes
queridos ou com seus guias, sua motivação será bem diferente da
minha. Você não precisará percorrer um caminho tão extenso
quanto o meu. Mas lembre-se de que quanto mais você conhecer a
respeito da matéria, maior será sua capacidade de compreensão e
sua possibilidade de obter resultados.
A disciplina desempenha um papel complexo no desenvolvimento
dos dons espirituais, ou da comunicação com os espíritos. Embora
você deseje alcançar sua família espiritual, isso não significa que
basta apagar as lâmpadas para que ela apareça magicamente. Você
precisa assumir este trabalho com seriedade e com disciplina.
Qualquer displicência aqui pode ser perigosa e, no mínimo, deixá-lo
insatisfeito. Repetindo, se você pretende fazer contato ou abrir-se
para o mundo espiritual, deve fazê-lo não por curiosidade ou por
divertimento, mas com reverência, humildade e disciplina, além de
muito respeito. Seu envolvimento espiritual não é um truque
barato, ou uma brincadeira. Portanto, aventure-se, mas ciente das
leis espirituais e físicas que regem essa atividade. Para começar,
vamos examinar as leis espirituais e físicas básicas e como se
aplicam ao seu desenvolvimento.

MOTIVAÇÃO E DESEJO

Qual é a razão que está por trás de seu interesse em desenvolver
suas habilidades interiores e em contatar seus entes queridos? É


algo frívolo, do tipo perguntar a eles os números que serão
sorteados na loteria? E descobrir o que determinado parente lhe
deixará em testamento, para que você já possa ir gastando por
conta? Ou é descobrir o nome da pessoa que matou seu filho? Ou
alguma curiosidade inútil? Se o seu interesse enquadra-se em
alguma dessas categorias, não prossiga. Você não pode buscar o
contato por vingança ou ambição. Não há lugar para auto-
indulgência no mundo espiritual: tudo ali é trabalho em torno do
amor incondicional. O amor é o elemento mais poderoso para nos
aproximar do espírito. Se você quer fazer contato e explorar os
domínios espirituais para desenvolver-se espiritualmente e iluminar
aos demais, então -e só então! -concordarei com suas motivações.

PREPARAÇÃO

Toda vez que desempenhamos o trabalho psíquico, devemos nos
preparar convenientemente de maneira a nos tornarmos canal
propício para o espírito. A preparação se dá em diversos planos:
físico, emocional, mental e espiritual.
Em relação ao aspecto físico, é importante uma dieta sadia. A dieta
vegetariana, com pouco açúcar refinado e cafeína, deixa o corpo
mais apto para receber o espírito. A carne vermelha, em especial,
torna as vibrações do corpo mais lentas e, conseqüentemente,
diminui os níveis de sensibilidade. As glândulas endócrinas são as
mais usadas nesse tipo de trabalho, especialmente as que produzem
adrenalina. Portanto, devemos protegê-las do estresse e de
sobrecargas de toda espécie. Doces e cafeína causam diversos
malefícios, acelerando a produção de adrenalina no sangue. O
álcool rebaixa a freqüência da vibração natural do corpo e nunca
deve ser consumido por alguém que esteja se preparando para
abrir-se para os mundos espirituais. O uso continuado de álcool e
de drogas pode até mesmo trazer para você entidades que habitam


planos com vibração mais baixa, no domínio astral. Essas entidades
poderiam facilmente influenciá-lo negativamente e deturpar as
informações que vai receber. Lembre-se de que você está se abrindo
para diversos planos espirituais e precisa cuidar para que nada
atrapalhe o seu contato com os que estiverem no nível mais elevado
que lhe for possível alcançar.
Também é necessário realizar uma preparação voltada para suas
condições emocionais e mentais. Você precisa manter sua vida
equilibrada, nesses aspectos. Seus pensamentos são uma matéria
real, existem de verdade e influenciam seus sentimentos. Portanto,
tente ao máximo manter uma atitude positiva diante da vida. Para
tanto, recomendo enfaticamente que pratique algum tipo de
meditação, de visualização ou de afirmação positiva, logo de
manhã, ao acordar. Lembre-se de que esses primeiros pensamentos
afetam você pelo resto do dia.

As emoções trabalham de mãos dadas com seu sistema nervoso. Se
você estiver com o sistema nervoso abalado, ou estressado, isso
pode fechar importantes canais de energia psíquica que percorrem
incessantemente a coluna vertebral de seu corpo etéreo. Você não
conseguirá receber informação espiritual nítida e pura, se essas
áreas estiverem bloqueadas. Toda vez que, durante uma sessão, um
espírito me chega chorando, ansiosíssimo para conseguir falar com
seus entes queridos, descubro que meus centros receptores e meus
canais ficam bloqueados pela sobrecarga do seu estado emocional.
Os sistemas trabalham em conjunto, nenhum é mais importante do
que os demais. Por isso, você precisa assegurar-se de que, como um
todo, mantém-se equilibrado.
Um outro elemento enormemente importante é a preparação do
nível espiritual. O trabalho espiritual é um gesto de entrega, um
serviço, um ato de amor. Devemos sempre almejar trazer todo o
amor e compreensão de que formos capazes para aqueles com quem
entramos em contato. Nossos amigos espirituais e nossos guias
desejam trabalhar conosco. Devemos garantir que estamos lhes


dando um instrumento com o qual valha a pena trabalhar. Os seres
espirituais amam acima de tudo passar para nós o conhecimento
proveniente de mundos acima de nós. Estão incessantemente
procurando pessoas através de quem possam difundir sua
mensagem de amor para todo o planeta. Mas o espírito só pode
trazer uma informação que esteja ao alcance da compreensão do
médium. Por exemplo, se me pedissem para tocar um concerto de
Brahms ao piano e eu não possuísse nenhum conhecimento musical,
estaria diante de uma demanda à qual não seria capaz de
corresponder. Portanto, para trazer dos mundos espirituais as
informações mais consistentes e relevantes, precisamos sempre estar
em sintonia com as mais elevadas propriedades espirituais, com as
manifestações de amor mais poderosas.
Dedique-se a uma vida de amor e de serviço em todos os setores de
sua experiência física. Procure ser um exemplo vivo do dom do
amor e ver todas as coisas como expressões do amor criativo que
chamamos de Deus. Saiba que não há necessidade de julgar, já que

o julgamento de nosso próximo é algo próprio do plano físico mais
baixo. Que direito temos nós de julgar alguém por não ter
aprendido ainda determinada lição? O julgamento geralmente é
produto do medo. E o medo nos afasta de Deus. O medo nos faz
voltar as costas para a verdade. Se queremos atingir uma
compreensão mais elevada de nós mesmos, precisamos deixar de
lado tudo o que não for realidade: crítica, preconceito, caprichos do
ego. Em vez disso, abra-se para a luz da tolerância e do amor -o
amor em sua forma mais pura -e não se perca com trivialidades
dispensáveis.
Quando nos empenhamos em desenvolver nosso ser espiritual,
devemos nos esforçar para aprender, por todos os meios, como a
leitura de obras espirituais e a meditação. Acho também que
podemos receber lições de humildade quando andamos pelas ruas,
vivenciando as condições desse nosso plano terreno, e, por meio de

nossas habilidades psíquicas, disseminando luz e amor para aqueles
que perderam seu rumo e que necessitam de orientação.

SENSIBILIDADE E ATENÇÃO

Ao lidar com os reinos espirituais, estaremos penetrando em um
mundo muito diferente do que podemos ver com nossos olhos
físicos. Para executar esse trabalho de maneira adequada,
precisamos desligar o mundo exterior e nos prepararmos para
entrar em um mundo baseado em nossa visão interior e em nosso
conhecimento. Nas minhas palestras, começo sempre informando as
pessoas que estaremos nos aventurando a explorar um mundo
inteiramente novo, um universo ainda desconhecido, o mundo de
nosso ser interior. Qualquer pessoa disposta a dedicar seu tempo
pode ter acesso a esse mundo novo. Explorar esse mundo -nos
abrirmos para nosso universo interior -irá trazer um novo sentido
para todos os aspectos de nossas vidas. Será assim que começaremos,
de fato, a viver uma existência plena, algo que jamais
imaginamos possível. Uma vida mais feliz -algo com que sonhamos
constantemente. No centro desse mundo, encontraremos nosso
próprio ser divino e contemplaremos as ilimitadas possibilidades de
nosso espírito eterno. Ao nos habituarmos a utilizar nosso conhecimento
interior, começaremos a substituir o medo pela verdade em
cada situação de vida. Uma vez tendo alcançado essa etapa do
caminho, nunca mais olharemos para o mundo físico da mesma
maneira que antes. E dificílimo retornar ao modo com que
costumávamos conceber a vida.
Para entrar em contato com nosso mundo interior, o melhor é iniciar
com meditação. O primeiro passo é fechar seus olhos e tomar
consciência de sua respiração. Ao fazer isso, você vai perceber que,
cada vez que inalar o ar, estará recebendo um presente de Deus, que
deve tratar com o devido respeito e reverência. Você nunca saberá
quando será sua última inalação. Quando exalar, veja todos os


pensamentos inúteis, os sentimentos negativos, as frustrações, as
dúvidas, e deixe-os ir embora. Tome consciência do seu corpo! Sinta
cada músculo, cada órgão, cada tecido. Veja o seu sangue
circulando livremente através do seu corpo. Sinta-o! Deus lhe deu o
corpo não apenas para sustentar a vida no plano terreno, mas para
evoluir a partir dele. Para alcançar os níveis mais elevados
possíveis, enquanto ser espiritual. Assim, procure tomar consciência
de tudo! Quando abrir os olhos, não veja apenas a cadeira que está à
sua frente, ou a porta, ou as flores. Veja tudo isso com novos olhos com
os olhos da alma, com seu olhar interior. Use seus olhos como
se fossem suas mãos. Sinta a força vital vibrando a partir das flores
e das árvores. Sintonize-se na vibração da energia de cada criatura
vivente. Essas energias são reais, mas nem por isso são óbvias. São
energias sutis que você pode captar através de seus sentidos.

ENERGIA

Tudo é feito de energia! Precisamos nos acostumar com essa noção.
As moléculas de vida são uma força que nos rodeia e que percorre
nosso organismo, todo o tempo. No entanto, cada um de nós se
constitui em um centro de energia, um pequeno universo formado
por ciclos de energia e por ligações que correm dentro e em torno de
nós. Podemos mudar esses padrões energéticos, as cores e as
freqüências, a partir de nossa vontade e de nosso pensamento.
Podemos emitir energia e receber energia, contanto que nossos
canais encontrem-se abertos e sensíveis. Como podemos sentir essa
energia?
Vamos começar com um simples exercício. Feche os seus olhos e
mantenha as palmas de suas mãos viradas uma para a outra, a uma
distância de 60 cm. Sustente-as ali por aproximadamente três ou
quatro segundos. Concentre-se na área entre as palmas de suas
mãos e, lentamente, aproxime uma da outra, como se estivesse
apertando um acordeão. Sinta o espaço entre as palmas de suas


mãos, à medida que vai aproximando-as. Mova as suas mãos gestos
circulares -e perceba os deslocamentos sutis de energia.
Talvez, você precise fazer isso umas duas ou três vezes, mas vai
conseguir. Posicione uma de suas mãos acima de qualquer parte do
seu corpo e, devagar, aproxime a palma da mão dessa área -quanto
mais você repetir esse exercício, mais se tornará sensível à tênue
aura de energia que cerca o corpo humano. Talvez você perceba que
algumas partes do corpo desprendem uma energia mais densa do
que outras. Isso pode acontecer por muitas razões. Ali pode estar se
processando a recuperação de algum tipo de ferimento. Quando
algo ataca o organismo, afeta também o corpo etéreo. Portanto,
sempre se pode encontrar alguma espécie de indício do ferimento
ou da lesão -e o indício mais comum é uma concentração maior de
energia. Outra coisa que pode fazer com que a energia se concentre
mais em determinada parte do corpo é algum tipo de problema de
saúde. Como já foi mencionado, qualquer alteração orgânica fica
registrada no corpo etéreo, e a energia que cerca essa área tem
geralmente a aparência mais densa, além de ganhar uma cor
diferente do restante da aura.

CENTROS DE ENERGIA

Para desenvolver suas habilidades psíquicas, é importante aprender
sobre os sete centros de energia, conhecidos como chakras -uma
palavra em sánscrito que quer dizer roda de energia. Os sete chakras
principais estão posicionados nos limites do corpo etéreo -são os
portões de entrada e de saída da energia etérea. O corpo etéreo -ou
nosso duplo etéreo, como às vezes é chamado -é o corpo de energia
que rodeia o corpo físico. É uma réplica exata do corpo físico -e o
que se encontra mais próximo a ele. Cada chakra do corpo etéreo
tem aparência e cor diferentes e vibra, ou gira, em sua velocidade


própria, assim como emite energia -espiritual, mental, emocional,
física -para o seu nível correspondente.

Chakra-raiz
Está localizado na base da espinha e é conhecido como base da força
vital. No corpo físico, está associado à espinha vertebral, às supra-
renais, aos rins e ao cólon. É uma energia vermelha e representa
nosso instinto de sobrevivência -a forte capacidade física e a
vitalidade. É utilizado para redirecionar as energias para o nosso
corpo e também para captar energias cósmicas provenientes do
nosso planeta, para revitalizar outros centros chácricos.

Chakra do plexo solar
Também conhecido como chakra sacri, localiza-se cinco centímetros
abaixo do umbigo. É a base de toda a intuição e da sensibilidade
psíquica. É conhecido como centro de sensações -onde ficam
estocadas as emoções em sua forma mais primitiva. Como se trata
de um centro primariamente situado no nível das sensações, toda
percepção extra-sensorial e psíquica emana dessa área. No nível
físico, está associado aos órgãos sexuais, ao baço e à vesícula. Possui
a cor laranja.

Chakra do baço
O terceiro centro está localizado acima do umbigo, na área do baço.
Aqui, as emoções mais primitivas são elevadas a uma vibração mais
refinada. Trata-se do centro de nossos sentimentos, vontade e
autonomia. Essa área afeta a digestão e órgãos como o estômago, o
pâncreas, as supra-renais, o fígado e a vesícula biliar. No nível
físico, essa é a conexão com o cordão de prata, e nos possibilita as
viagens astrais. O cordão de prata é uma concentração de energia
sob a forma de um cordão que conecta o corpo etéreo ao corpo
físico. O clarividente o enxerga com a cor prateada. À noite, durante


o sono, deixamos o corpo físico e viajamos, por quilômetros e
quilômetros, no mundo astral. E o que nos permite fazer isso é o
fato de o corpo astral -aquele que empreende a viagem -ser
conectado ao corpo físico por essa linha da vida, por esse cordão.
Quando chega a hora da morte física, o cordão de prata rompe-se e
o corpo etéreo é liberado. O chakra do baço geralmente aparece na
cor amarela.
Chakra do coração
Localizado no centro do peito, entre as omoplatas, o chakra do
coração é a base do amor incondicional. Aqui residem os mais
elevados sentimentos de compaixão, confiança, generosidade,
receptividade e tudo o que nos leva a cuidar de outra pessoa e a
prestar auxílio a quem quer que seja. Daqui emanam também
atributos associados à capacidade de entrar em estado de transe e
de pressentir a presença de seres espirituais. Fisicamente, está
ligado ao coração, à glândula timo e ao sistema circulatório. A cor
desse chakra é verde.

Chakra da garganta
Quando esse centro é desenvolvido, é usado na clariaudição pessoas
dotadas da capacidade de escutar os espíritos. A pessoa
realmente consegue escutar uma voz que soa à maneira da voz
física, proveniente do ser espiritual -ou pode escutar os seus
pensamentos como se fossem a voz do espírito. O chakra da
garganta trabalha junto com o chakra do coração para ajudar o
médium a alcançar o estado de transe. No que toca à mediunidade,

o chakra da garganta, juntamente com o do baço e o do plexo solar,
proporciona a ligação direta através da voz ao médium. Esse centro
é a fonte de toda expressão criativa. No corpo físico, afeta
diretamente a tiróide, o hipotálamo, a garganta e a boca.
Concentrem sua meditação na cor azul, para abrir esse centro.

O chakra da terceira visão

Trata-se provavelmente do chakra mais conhecido do público. É de
fato um centro importantíssimo, localizado no meio da testa.
Quando desenvolvido a um nível que o habilite ao trabalho
psíquico, é utilizado para a clarividência. Uma vez aberto, torna o
médium capaz de enxergar as auras, além de imagens de todas as
formas e de todas as cores, e os próprios seres espirituais. No corpo
físico, está associado com os ouvidos, com a glândula pituitária, a
pineal e com o nariz. A cor correspondente é o anil, também
conhecido como índigo.

O chakra da coroa
O sétimo centro está localizado no topo da cabeça. Trata-se da
entrada para as mais elevadas energias cósmicas. Quando desenvolvido,
pode ser utilizado para influenciar os demais centros e
para fornecer ao trabalho sensitivo as mais elevadas verdades do
mundo espiritual. É o foco central da oração, proteção, misticismo e
elevação espiritual. Para desenvolvê-lo, concentrem sua meditação
num bonito tom de violeta -a cor que representa esse chakra. O
chakra da coroa influencia o córtex cerebral e o sistema nervoso
central.

PACIÊNCIA

Para crescer a partir de nossas experiências, devemos nos dar o
tempo apropriado para desenvolver-nos. Tudo tem um ritmo e uma
energia criativa particular. Em muitos casos, especialmente quando
se trata de paranormalidade, não há como colocar um relógio ou
um calendário para medir nossos progressos. Uma das ferramentas
mais importantes é a paciência. Estamos começando a dar à luz um
lado inteiramente novo de nosso ser -um lado que esteve
adormecido por muitos e muitos anos. Nos últimos anos
desenvolveram-se diversos sistemas de crenças, comportamentos e


experiências com alta carga emocional. Precisamos escavar através
de tudo isso para voltar à verdade e à nossa fonte infinita. Estou
falando de nossa parte infantil que fechamos, substituindo a
inocência pelo pensamento racional. Nesse tipo de trabalho, quanto
mais usarmos nossa mente racional, menos progressos faremos.
Quando gastamos energia em excesso analisando um pensamento
ou uma mensagem, deixamos muito pouco dessa preciosa energia
para utilizar no verdadeiro trabalho espiritual e psíquico. Evoluir
leva tempo.
Com paciência e disciplina, você começará a perceber as mudanças.
Seja compreensivo consigo mesmo, aproveite e usufrua de cada
pequena nova porção de sensitividade que se aperceber. Não
desista, se os resultados não acontecerem imediatamente. Seus
espíritos-guias e seus amigos do outro lado sabem que você está se
esforçando e darão o melhor de si para fazer bom uso do que lhes
está sendo dado. Lembre-se de que você iniciou esse caminho cheio
de condicionamentos e que leva tempo para que os espíritos
consigam renovar sua mente e despertar sua sensitividade. Seja
paciente!

UMA MENTE ABERTA

Quando você penetra no mundo espiritual, está experimentando
algo que a maioria das pessoas sequer acredita que exista. Grande
parte dos indivíduos deste mundo abafou sua sensibilidade há
muitos anos, esperando que essa espécie de sonolência os ajudasse a
sobreviver ao tumulto emocional do mundo físico.
Todos os dias, vivenciamos coisas que não podem ser explicadas.
Alguns se referem a essas experiências como coincidências,
acidentes, ou apenas sorte. Decididamente, não existem tais coisas!
Quando somos sinceros com nós mesmos e enviamos pensamentos
sobre nossas necessidades e desejos, muito freqüentemente o que
persistimos em mentalizar acontece em nossas vidas. Trazemos para


nós experiências que podem ajudar em nosso crescimento e
aprendizado. Digo a todos os meus clientes, durante as sessões, que
deixem de lado as idéias preconcebidas ou suas expectativas sobre o
que poderá acontecer. Só assim estarão preparados para todas as
possibilidades. Com uma mente aberta, poderemos entender
profundamente idéias e expressões que passaram despercebidas ou
que menosprezamos.

COOPERAÇÃO

Você não está só nesse trabalho. Tem parceiros, no mundo
espiritual. Como já afirmei, você precisa fazer a sua parte, e o
espírito faz a que lhe cabe. Quando desejar contatar o mundo
espiritual, precisa ter em mente que os espíritos também possuem
vontade própria. Se decidirem vir a você, empenharão suas
vibrações energéticas e se concentrarão para lhe transmitir uma
mensagem. Mas pode ser que não queiram fazer isto. Se decidirem
trabalhar com você, precisam entender o que está querendo
comunicar. O fato de terem morrido não significa que já dominem
os mecanismos de comunicação espiritual. Você precisa deixá-los
saber como quer que eles se comuniquem. Diga-lhes para imprimir
a mensagem em sua mente, de uma determinada maneira. Por
exemplo, se você quiser saber se é a energia de um homem ou de
uma mulher que está recebendo, peça-lhes que imprimam seu
gênero em sua mente. Se quiser saber se está falando com seu pai ou
com sua mãe, precisa estabelecer um sistema de comunicação e
explicar como funciona, para que o espírito possa se adaptar.

Aqui vai um exemplo. Se estou me comunicando com o pai de
alguém, ou com um espírito da família do pai de alguém, peço ao
espírito para ficar à esquerda do meu cliente. Se o parentesco é pelo
lado da mãe, peço-lhe que fique à direita. Se é uma criança, peço-lhe
que se coloque à frente do consulente. Se é um avô ou avó, peço-lhe


que fique atrás dele. Esse sistema é bastante claro para que os
espíritos possam usá-lo.
Se não os estiver escutando, precisa enviar um pensamento pedindo
que falem mais alto! Nem sempre os espíritos estão conscientes das
freqüências em que devem ajustar suas mensagens para poderem
ser ouvidos. Você é que deve dizer isso a eles.
Muitas vezes meus clientes me vêem voltando a cabeça e
conversando com o ar. Digo: "Sim, eu escutei!" Ou: "Não. Repita,
por favor." É o meu jeito de informar aos espíritos sobre como está
nossa comunicação. Como você vê, é preciso estabelecer suas
próprias regras, baseadas em cooperação e confiança.
Com que freqüência devo contatar os espíritos? Será que não vou
incomodá-los? Muitos me perguntam coisas assim e só posso
reiterar o que já disse, anteriormente. Sua família e seus amigos que
passaram para um novo estado de consciência não se esqueceram
de você. Pelo contrário, estão mais disponíveis do que estiveram,
enquanto viviam neste plano. Sabem mais a respeito de seu
caminho espiritual e de suas motivações do que quando estavam na
Terra. Sintonizam suas vibrações e as checam regularmente. Mas
isso não significa que, quando um espírito foi convocado, ele
deixará tudo de lado para lhe atender. Os espíritos possuem
liberdade e vão usá-la, da mesma maneira como o faziam na Terra.
Você vai ao trabalho todos os dias, e se mantém em um emprego,
para poder ganhar a vida neste plano. Quando seus amigos e
parentes passam para o mundo espiritual, também preenchem suas
existências com algo que se pode chamar de um emprego -o
trabalho para obter seu progresso espiritual. Quando você os
chamar, através de seus pensamentos, eles o ouvirão alto e claro.

Portanto, se você volta e meia torna a chamá-los, é como se o
telefone em cima de sua mesa não parasse de tocar. Ia acabar
dificultando o trabalho que tem pela frente. Claro que você pode
chamá-los de vez em quando -e é isso o que esperam -, mas nunca


deve tornar-se obsessivo. Você estaria retardando o progresso deles
e se afastando do trabalho que precisa desempenhar aqui.

AMOR

Você está neste planeta para aprender as lições básicas sobre o amor
e sobre sua responsabilidade em relação a si mesmo e ao próximo.
Essas lições aparecem em cada momento de nosso cotidiano.
Sempre que iniciar um trabalho com os espíritos, deve centrar-se no
fundamento do amor. Nele não existe lugar para a ganância ou para
a necessidade de autopromoção. O trabalho espiritual não deixa
espaço para ninguém alimentar o próprio ego. Não estou dizendo
que uma pessoa espiritualizada seja privada de seu ego. O ego é
importante para conduzir o trabalho a bom termo. Mas não se pode
colocar o ego à frente do amor. À medida que você for se
desenvolvendo, começará a enxergar diversos e variados aspectos
do amor -porque, de fato, há muitas formas de amor. Quanto mais
se envolver nesse trabalho, mais aprenderá a valorizar qualquer ato
de amor -por menor que seja.

EXERCÍCIOS DE DESENVOLVIMENTO

Meditação
Para aumentar sua sensitividade e sua capacidade de estar atento às
presenças espirituais, você deve praticar regularmente a meditação.
Seu desejo de desenvolver-se determinará a quantidade de tempo
que empregará meditando. Se está apenas começando, recomendo
que pratique meditação pelo menos duas vezes por semana. Torne
isso um hábito, fazendo-o sempre na mesma hora do dia. Dessa
maneira, você não apenas começará a estabelecer uma disciplina
como também permitirá ao mundo espiritual saber que aquela é a
sua hora para exercitar-se e desenvolver-se. Se possível, tente
meditar por pelo menos quinze minutos, a princípio; gradualmente


indo para trinta minutos, quarenta e cinco... Mas não se preocupe
excessivamente com o tempo de meditação. Esse tempo pode ser
estabelecido por seus guias espirituais, não por você.
No capítulo seguinte há uma descrição detalhada de vários tipos de
meditação que você pode fazer. Não existe uma forma certa ou
errada de meditar. O objetivo de cada exercício é produzir em você
um estado de relaxamento. Você estará tentando entrar em contato
com o mundo interior e tornar-se mais sensível à sua existência.

Círculo
A maioria das pessoas que deseja desenvolver seus dons
mediúnicos julga mais benéfico e mais viável, além de praticar a
meditação sozinhas, reunir-se ao que se convencionou chamar de
círculo de desenvolvimento. Um círculo de desenvolvimento é
composto de duas ou mais pessoas que se reúnem toda semana à
mesma hora para desenvolver suas energias mediúnicas.
Geralmente, um círculo mantém os mesmos participantes, toda
semana. É importante que haja uma harmonia entre as energias dos
diversos membros do círculo. Não deve haver conflitos nem choque
de egos. De outro modo, isso irá prejudicar o desenvolvimento do
grupo e impedi-lo de alcançar níveis de aprendizagem espiritual
mais elevados, que estariam potencialmente acessíveis. As vibrações
de um grupo que trabalha bem sempre podem atrair os espíritos.
Pertencer a um grupo é um compromisso e somente deve ser
assumido sob a condição de todos os membros estarem dispostos a
gastar uma ou duas horas, no mesmo horário, toda semana. A razão
é muito simples: para ajustar ou sensibilizar um ou vários membros
do grupo, o mundo espiritual reserva um determinado tempo para
sintonizar-se na energia do grupo e para reunir essas energias. A
idéia é ir progredindo no trabalho, semana após semana, e não
precisar refazer todo o trabalho, a cada vez.
Quando um círculo é criado, uma pessoa deve ser escolhida para
liderar o grupo. Geralmente, é alguém que tenha alguma


experiência com desenvolvimento de energia psíquica. Na abertura
do círculo, deve-se proferir uma prece para dar as boas-vindas aos
espíritos-guias e aos amigos que irão se apresentar para trabalhar
com vocês, pedindo que protejam o grupo. Ao final da oração,
pede-se a todos os participantes que visualizem uma luz branca -a
luz do amor -, circundando o grupo e se espalhando por todo o
ambiente, como uma proteção complementar.
A seguir, o grupo pode querer escutar algum tipo de música
espiritualizada, como uma fonte adicional de energia. Os espíritos
também usam esse tipo de música. Nesse ponto, alguns grupos
iniciam a discussão de determinados temas. Sugiro que se fale o
mínimo possível, já que isso diminui o tempo que os espíritos
teriam para o trabalho de desenvolvimento.
Antes de iniciar o encontro, os participantes devem decidir para
qual das pessoas do grupo deve ser dirigida a energia. Pode
acontecer de apenas um possuir poderes mediúnicos e de o grupo
haver decidido trabalhar em conjunto para desenvolver ainda mais
a sensitividade daquele membro. Caso vários membros possuam
poderes mediúnicos, é importante distribuir as energias. É aqui que
entra o líder, controlando o tempo dedicado a cada um e
informando ao grupo quando passar para outra pessoa. A idéia é
enfocar toda a energia mental naquela pessoa, sob a cor branca, a
cor que representa a luz do amor de Cristo.
Uma vez sentado em círculo, você poderá sentir frio nas partes mais
baixas do corpo. Geralmente, esse é o sinal de que os espíritos estão
se sintonizando às energias do ambiente. Pode acontecer também de
seu terceiro olho captar sinais algo triviais, símbolos. Essas imagens
podem penetrar em sua consciência sob diversas formas -círculos,
quadrados, luzes coloridas, cenas, objetos, faces e formas elaboradas
ao acaso. Muitas vezes, serão equivalentes a cenas e a objetos vistos
nos sonhos. Não as desmereça, pois talvez signifiquem alguma
coisa para alguns dos participantes do grupo. Da melhor maneira
que lhe for possível, tente lembrar tudo o que viu, sentiu ou


escutou. Mesmo que não consiga interpretar a informação, pode se
surpreender ao constatar como algo sem significado para você
ganha importância para outra pessoa do grupo. Eventualmente,
alguém no grupo pode ser acometido de estranhas sensações na
cabeça ou no peito. Comigo, essa espécie de sensação assemelha-se
a roçar em uma teia de aranha. Mais uma vez, isso quer dizer que os
guias espirituais estão trabalhando com nossas energias. Na maioria
dos casos, trata-se do efeito de uma aura ectoplásmica ao seu redor.
O ectoplasma se desenvolve de modo crescente, a cada vez que o
grupo se encontra. E predominante, geralmente, quando um dos
membros do grupo é dotado de habilidades mediúnicas físicas. Os
espíritos constroem a energia em torno daquele indivíduo e os
demais podem começar a ouvir arranhões e batidas -são os espíritos
testando a energia daquele participante.
Quando chegar a hora de o círculo concluir seu trabalho, o líder
pede a todos para, lentamente, retornarem à consciência do seu
corpo físico. Quando todos retornam em segurança -e é muito
importante aguardar até que o último retorne -, o líder profere uma
prece de encerramento, agradecendo aos espíritos que os
auxiliaram. Geralmente, envio amor e luz aos menos afortunados no
mundo. Terminada a prece, é chegado o momento de os
participantes compartilharem entre si cada sensação, cada
mensagem, cada sinal recebido, resgatando assim tudo o que
aconteceu no círculo.

EXERCÍCIOS PSÍQUICOS BÁSICOS

O sucesso no mundo espiritual é medido pela sensitividade do
indivíduo. Trabalhe com a meditação e no círculo. Ambos
prepararão você para sentir e, talvez, para ver e ouvir os espíritos.
Chegará o tempo em que você estará pronto para pôr em prática
suas habilidades espirituais e psíquicas. Como enfatizei diversas
vezes neste livro, tudo é energia. Depois de seu período de


preparação, você pode começar a utilizar essa energia para verificar

o que pode captar dela. A seguir, algumas maneiras de testar suas
habilidades.
Psicometria
A psicometria é a habilidade de sentir ou pressentir a história de um
objeto ou da pessoa a quem o objeto pertença, através das
emanações de energia do objeto. A psicometria pode ser usada com
alguém que haja passado para o outro lado ou para alguém que
ainda viva no plano terreno. Primeiro, vá para um estado
meditativo ou entre em um transe leve, no qual esteja totalmente
relaxado. A seguir, segure um objeto em sua mão esquerda e,
prontamente, sinta a energia que se desprende dele. Talvez você
receba impressões tais como características físicas ou a aparência do
dono do objeto. Mas pode receber sensações de cunho emocional.
Lembre-se de que a psicometria pode ser aplicada a qualquer
objeto, incluindo fotografias. Por meio do exercício da psicometria,
você se tornará capaz não apenas de captar impressões dos seres
viventes, mas também provenientes do mundo espiritual. Não
comece a raciocinar muito sobre o que está recebendo e não guarde
para si o pensamento transmitido. Expresse exatamente o que
estiver recebendo.

Escrita automática
A escrita automática é um exercício usado especificamente por
aqueles que desejam contatar espíritos-guias e seus entes queridos.
Para ser realizada, exige previamente toda uma prática de
meditação. O espírito precisa ser notificado, através de uma
mensagem mental, da hora e lugar exatos em que será feito o
trabalho. No fundo, você estará agendando um compromisso com o
mundo espiritual. Quando chegar a hora acertada, entre em
meditação. Você deve se colocar em um ambiente no qual nada


possa distraí-lo. A seguir, sente-se ereto junto a uma mesa com um
bloco de papel e uma caneta em frente a você. Muito suavemente,
segure a caneta de encontro ao papel. Não pense naquilo que vai
escrever. Quando sentir uma modificação na energia à sua volta, ou
em sua mão, comece a dirigir perguntas ao espírito. Na maioria dos
casos, a pessoa sente uma espécie de premência de escrever simplesmente,
obedeça-a. Insisto: não pense naquilo que vai escrever.
É recomendável que sequer olhe para o papel, até terminar. Quando
sentir que a energia foi embora, deixe de lado a caneta e leia o que
seu amigo espiritual lhe enviou. Você pode ficar muitíssimo
surpreso com aquilo que recebeu.

Sonhos
Muitas pessoas já me perguntaram se é possível alcançar aqueles
que já partiram através dos sonhos. Há uma resposta inequívoca
para essa pergunta: SIM!
Toda noite, o corpo espiritual deixa o corpo físico, quando estamos
adormecidos. O corpo físico é reabastecido de energias cósmicas, e o
mesmo ocorre com o corpo espiritual, em um plano mais elevado.
Sonhando, somos suscetíveis a impressões provenientes do espírito
porque não estamos absorvidos por nosso nível mental ou pelo
consciente. Em outras palavras, a maior parte de nosso controle está
repousando, assim como nossa racionalidade. Portanto, é mais fácil
captar impressões. No corpo espiritual, somos muito mais capazes
de ver as pessoas queridas e nossos guias e, possivelmente, prever
eventos futuros, ou rever nossas vidas passadas. É também uma
situação na qual os espíritos de nossos familiares comunicam-se
conosco. Por estarmos mais próximos dos níveis espirituais, quando
sonhamos, torna-se, na verdade, mais fácil nos comunicarmos com
os que já faleceram. Como afirmei em capítulo anterior, a melhor
maneira de alcançar um espírito durante o sono é pensar nele antes
de adormecer. Diversos clientes meus utilizaram com êxito esse
método. No entanto, muitos não lembram as visitas que receberam,


ou lembram-se apenas de relances, pedaços soltos. Normalmente,
nossos sonhos não fazem qualquer sentido. Recordar os sonhos
requer prática e disciplina.
Há muitas maneiras de recordar nossos sonhos. Uma delas é manter
um gravador junto à cama e, logo ao acordar, registrar todas as
impressões, cenas e sensações de seus sonhos. Você também pode
tomar notas, mas muitas pessoas acham difícil manter esse método
por muito tempo. Se você se habituar a gravar seus sonhos, ficará
impressionado ao verificar como isso aumentará a sua capacidade
de lembrar-se deles.

Visões
Muitas pessoas já me afirmaram que viram pessoas queridas de pé,
no quarto, junto a suas camas, ou sentadas em uma cadeira da sala.
Quando você é mais receptivo e menos bloqueado mentalmente, é
muito possível que isso aconteça.

Fazer um pacto
Outro exercício para contatar o mundo espiritual consiste
simplesmente em pedir ao seu espírito amigo para estar presente
numa hora determinada do dia. Explique-lhe que você pretende
comprovar sua existência por meio de uma tarefa específica. Por
exemplo, uma cliente que perdeu um filho pedia a ele toda noite:
''Deixe um sinal para eu saber que você está aqui. Pisque as luzes da rua
uma vez se a resposta for sim e duas vezes se for não." Depois de dois
meses, repetindo diariamente esse pedido, o espírito chamado
respondeu -exatamente da maneira como lhe era pedido. Pode ser
que nem todas as pessoas que tentem algo assim tenham êxito.
Obviamente, essa mãe e o espírito de seu filho estavam
determinados a reencontrar-se. É mais fácil quando você pede aos
espíritos para provar sua presença por meio de tarefas simples. Não
lhes peça para mover objetos, abrir portas, ou cantar alguma canção.
FACILITE! Lidando com a energia dos espíritos, descobrimos que a


maneira mais fácil de demonstrarem sua presença é usando algum
tipo de energia elétrica. Os espíritos podem interferir na energia
elétrica de várias maneiras. Muitos são capazes de modificar o
equilíbrio do campo de força elétrica dos prótons e elétrons,
causando efeitos em aparelhos ou dispositivos elétricos da casa. Isso
acontece principalmente quando a pessoa falecida tinha alto teor
emocional. A energia emocional pode ser utilizada como condutor.

Resultados
Abaixo, relacionamos algumas maneiras através das quais os
espíritos comunicam sua presença àqueles a quem amam, sem
necessidade de valer-se de um médium.

•LUZES. Muitas vezes, você verá as luzes da sala piscarem, ou
lâmpadas novas queimarem-se de repente. Isso acontece muito
quando o espírito passa muito tempo junto a você ou quando quer
chamar sua atenção.
•TELEVISÃO. É reconhecido que os espíritos possuem a
capacidade de embaralhar as imagens dos aparelhos de tevê. Há
casos em que o rosto do espírito aparece na tela, ou em que o
aparelho liga e desliga sozinho, nas horas mais estranhas.
•RÁDIOS. Os aparelhos de rádio-relógio junto à cama das pessoas
mais próximas do espírito podem ligar-se, em horas diferentes. Em
alguns casos, trata-se de uma hora com um sentido especial para a
pessoa falecida. Muitas vezes, o rádio poderá ligar-se quando uma
música em particular, extremamente significativa, estiver tocando.
•MÚSICA. Muitas vezes, os espíritos imprimem em você uma
canção, ou o fazem pensar neles, quando escuta determinada
música.
•RELÓGIOS. Já foi relatado em diversas ocasiões que relógios
podem parar no exato segundo em que a pessoa falece. Ou pode
acontecer de o relógio parar de funcionar sem razão aparente.
•TELEFONES E SECRETÁRIAS ELETRÔNICAS. Depois que
alguém morre, é possível receber uma chamada telefônica, sem que

ninguém fale, do outro lado da linha. Ou você poderá até mesmo
escutar a voz daquele espírito. Há casos relatados em que a voz
ficou registrada na secretária eletrônica.

•ELETRODOMÉSTICOS. Como se sabe, muitas vezes
equipamentos domésticos param ou começam a funcionar
repentinamente, sem que ninguém mexa neles. Esse é outro modo
de os espíritos chamarem sua atenção. Encontrei vários desses
casos, especialmente se um espírito costumava, durante a vida,
dedicar-se bastante à culinária, ou passava grande parte do seu
tempo na cozinha.
•COMPUTADORES. Ultimamente, tornou-se bastante comum o
chamado FVE -Fenômeno da Voz Eletrônica. Os espíritos não só
são capazes de utilizar os telefones e as secretárias eletrônicas, mas
aparecem também nas telas dos computadores. Não há quem
explique uma ocorrência como essa. O espírito deseja apenas
reafirmar que ainda está vivo para um ser amado. Pode ser também
que em sua vida terrena o espírito fosse especialmente interessado
em computadores.
OUTROS SINAIS

•CHEIROS. Um sinal muito comum, imediatamente depois ou
muitos meses depois da partida de uma pessoa, é o seu cheiro. De
repente, alguém percebe um perfume, um odor -por mais fraco que
seja -, de cigarro, de rosas, algo familiar. Esses cheiros estão sempre
associados aos que partiram. Por exemplo, a mãe de uma pessoa
poderia costumar usar um perfume, em particular, e,
inesperadamente, aquele aroma invade o ambiente. O mesmo vale
para o cheiro de cigarros, caso o ente querido fosse um fumante.
Esses odores são maneiras daqueles que nos amam nos deixarem
saber que estão próximos.
•PRESENTES. Os espíritos mandam muitos presentes, mas não os
relacionamos com nossos entes queridos. Ocorre bastante algo

como, no meio de uma sessão, o espírito dizer: "Espero que tenha
gostado daquele colar que comprei para você na semana passada."
O consulente me lança um olhar aturdido e pergunta: "Mas do que
você está falando?" E eu explico que o espírito pode nos conduzir a
comprar certas coisas. Uma das maneiras como os espíritos
intervêm em nosso favor é, por exemplo, quando recebemos uma
dúzia de rosas anônimas, ou quando estamos tendo dificuldades
para fechar certo negócio e o espírito nos ajuda a resolvê-lo, ou
quando repentinamente conseguimos o emprego que tanto
queríamos. Esses são sinais de que aqueles com quem
compartilhamos nosso amor continuam conosco, zelando por nós.

• ANIMAIS. Os animais são muito usados pelos espíritos. Várias
vezes os espíritos conseguem influenciar um pássaro, ou algum
animal de pequeno porte, levando-o a vir chamar nossa atenção de
alguma maneira. Esse é outro sinal da proximidade do espírito.
Certa vez, por ocasião da morte de uma grande amiga minha, fui a
Nova York, que nessa época estava debaixo de meio metro de neve,
para visitar seu túmulo. Tive alguma dificuldade em localizá-lo, até
que, de repente, um caminhão parou junto a mim e um zelador do
cemitério saltou.
-Você está justamente olhando para o túmulo que procura! -ele
disse.
Agradeci, ele voltou ao caminhão e afastou-se, dirigindo o veículo.
Achei muita coincidência ter aparecido alguém no momento certo.
Depois que ele foi embora, levantei os olhos para o nicho e, bem ali
junto, um gaio de penas azuis brilhantes estava empoleirado no
galho de uma árvore. Lembre-se de que estava terrivelmente frio,
com neve por toda a volta; mesmo assim, não dei muita atenção, até
que mais tarde fui visitar o marido dessa minha amiga, Jack. Entrei
na casa e as primeiras palavras de Jack foram:
-Se você quiser alguma lembrança de Connie, por favor, é só pegar.
Algo me fez virar a cabeça para a direita e, em uma prateleira,
estava um pássaro azul de vidro olhando fixamente para mim.

CAPÍTULO 11
Meditações


E sempre um consolo saber que neste mundo que imaginamos frio e
sem coração, onde aparentemente dominam a tragédia e a
intolerância, onde o razoável e o racional nada mais são do que um
sonho, exista um refúgio onde predomina o amor. Trata-se de um
mundo com potencial ilimitado, impregnado da alegria divina. Esse
mundo de deleite está disponível a todos os que escolherem abrir a
porta. Onde fica esse lugar de felicidade e amor? Esse domínio de
paz é encontrado no SILÊNCIO. O silêncio de ser... apenas ser.
Porque é no precioso silêncio de nosso íntimo que o divino pode ser
encontrado.
Quando nos concentramos e escutamos aquela débil voz em nosso
interior, estamos nos ligando ao silêncio de ser. Esse
autoconhecimento pode ser utilizado em diversos aspectos de nossas
vidas para amadurecer e aprimorar cada experiência. Há tantas
pessoas que atravessam seu dia-a-dia buscando uma razão para
viver. Deploram sua própria sina e sofrem em demasia por isso. Se
utilizassem um único instante para deter-se e escutar sua voz
interior, começariam a abrir-se para um nível de compreensão
praticamente inesgotável. Mas como alcançamos esse SILÊNCIO?
Como penetramos nesse conhecimento superior de nós mesmos?
Como distinguimos nossa voz interior? A resposta a essas
perguntas e o melhor caminho que posso indicar é a meditação.
O que é a meditação? É muito simples. É voltar o foco de nossa
consciência de uma instância do ser para outra. No fundo, significa
desligar o mundo exterior, nossa experiência cotidiana, e sintonizar
ou voltar nossa atenção para nosso mundo interior. Quando nos
sentamos em silêncio e dirigimos toda a concentração para nosso
íntimo, nossa consciência sobre nosso eu profundo é reforçada e as
dimensões espirituais da alma são reveladas. Quando meditamos


ou concentramos nossas energias em nossa essência, recuperamos
nossa integridade, nosso eu único e infinito. Nesse estado,
descartamos a idéia da dualidade que nos separa de nossa porção
divina. Tal dualidade é baseada em uma falsa negatividade, em
medo, ansiedade, perturbações doentias, sofrimento, frustração, e
tudo o que se torna nossa realidade, quando estamos fora de
sintonia com nosso eu mais elevado.
Quando meditamos, utilizamos energias cósmicas que, por sua vez,
nos iluminam e energizam os vários centros espirituais do corpo.
Essa energia é focalizada prioritariamente no chakra do coração ou
centro. Quando meditamos, a luz do amor incondicional se acende
dentro de nós, tornando-se mais forte a cada nova meditação.
Devemos lembrar que o chakra do coração é a corporificação da
presença de Cristo, é a base de nossa alma. Quanto mais nos
concentramos nesse centro, mais evoluem nossos sentimentos de
amor incondicional e, em contrapartida, com mais firmeza
conseguimos transformar cada aspecto de nossas vidas e influenciar
a todos com quem temos contato. Todas as coisas começam no
chakra do coração. Meditando, nossos centros psíquicos se elevam,
porque o fluxo da presença de Cristo originado no chakra do
coração se espalha para todos os centros psíquicos -ou chakras -do
corpo. A certa altura, poderemos nos sintonizar com essa poderosa
energia que flui pelo corpo.

COMO MEDITAR

Quando as pessoas escutam a palavra meditação, a primeira imagem
que lhes vem é a de um iogue na posição de lótus, entoando uums
em um ambiente impregnado de incenso. Parte disso é verdadeiro.
Podemos nos sentar na posição de lótus e entoar o Ora, mas não
necessariamente. A meditação é meramente uma concentração de
nosso foco. Quanto mais praticamos, mais nos tornamos capazes de
penetrar no fluxo de uma infinita força vital.


Ao mesmo tempo, muitas outras formas de meditação não
requerem esse estado de absoluto repouso do corpo. Estarei falando
neste capítulo de um tipo de meditação formal, mas há muitos
outros. Por exemplo, o mesmo foco de energia pode ser obtido ao
praticarmos atividades como a pintura, a jardinagem, ao escrever,
cantar, encenar uma peça teatral, trabalhar, ao nos dedicarmos a
algum exercício físico, ao dirigir, etc. Sempre que nos sintonizarmos
às nossas forças criativas interiores, estaremos meditando.

PRELIMINARES

A seguir, relaciono algumas sugestões para aqueles que desejam
iniciar uma prática de meditação ou um exercício de relaxamento.
Chamo a isso preliminares.

A. Reserve um lugar especial para a meditação
A primeira coisa a fazer é escolher um ambiente em sua residência
para praticar a meditação. Pode ser no seu quarto, na sala de estar,
em uma sala reservada qualquer. Lembre-se de que este ambiente
será usado para o seu exercício espiritual e, assim, você deve pensar
nele como uma espécie de oficina espiritual. O importante é ter em
mente que esse ambiente está reservado para seu relaxamento, para
seu trabalho interior. Escolha um lugar do aposento onde possa
meditar sem interrupção, com o mínimo de interferência do mundo
exterior.
Antes de começar, desligue os telefones, as secretárias eletrônicas e
qualquer coisa que possa tirar sua concentração ou incomodá-lo. Se
quiser, pode queimar algum incenso, ou colocar ali um vaso com
flores frescas. Você pode também pôr para tocar uma fita com
música relaxante, mas nada do tipo agitado -ajuste o som para tocar
baixo. Essas são algumas das ferramentas para ajudá-lo a concentrar

o foco em seu íntimo.

B. Escolhendo uma posição para meditar
Você pode sentar no chão ou em uma cadeira com encosto reto -seja
onde for que se sinta confortável. Importa apenas que sua coluna
vertebral esteja ereta, como se você estivesse sendo puxado por um
fio preso ao topo de sua cabeça. Dessa maneira, as energias poderão
fluir mais facilmente para cima e para baixo da coluna vertebral.
Se estiver sentado numa cadeira, descruze as pernas, apoie os pés
no chão e vire as palmas das mãos para cima, descansando sobre
suas coxas. Se você sentar-se no chão, dobre suas pernas na posição
iogue, com as plantas dos pés viradas uma para a outra, joelhos no
chão e as palmas das mãos viradas para cima, sobre suas coxas.

C. Exercício de relaxamento
Uma vez na posição adequada, concentre-se em sua respiração. Este
é um elemento vital na meditação. No início, pode ser que custe
algum esforço e controle para manter o ritmo. Isso acontece em
qualquer atividade, e mais ainda na meditação. Com alguma
prática, você deixará de prestar atenção à respiração;
automaticamente, a inspiração e a expiração encontrarão o ajuste
apropriado. O ideal é manter a respiração no meio do abdômen,
fazê-lo lentamente, manter-se sempre relaxado -nada de engolir o
ar abruptamente, nem a intervalos curtos e rápidos.
Quando começar a respirar, feche os olhos. Pense que sua
respiração é tudo, pois sem ela você não sobrevive. Inicie cada
inalação lentamente, pelo nariz. Ao fazer isso, visualize uma luz
clara e dourada, representando a luz de Cristo, brilhando um pouco
acima de sua cabeça. Inale essa luz e deixe-a penetrar em todo o seu
ser, veja-a entrando por sua cabeça, viajando através da sua
garganta e pelo peito, espalhando-se para os seus braços e mãos, e
então descendo para o torso, para as pernas e para os pés. Segure a
respiração, contando até quatro, e veja a cor dourada preencher
cada célula do corpo com a sensação de amor incondicional, pureza
e plenitude. Ao chegar a quatro, exale pela boca, e imagine que toda


a negatividade, o estresse, a ansiedade foram drenados para fora do
seu corpo, vagarosamente, saindo de sua boca como uma névoa
cinzenta. A cada exalação, você se sentirá mais leve, irá livrar-se de
energias pesadas e densas. Essas energias serão substituídas por
uma luminosidade brilhante e elevada -a luz dourada de Cristo.
Ao conseguir tornar-se mais relaxado, visualize cada parte do seu
corpo, solte todo o estresse presente naquela parte. Você pode fazer
isso tensionando os músculos daquela área e depois relaxando-os,
mandando embora o estresse. Com sua visão interior, visualize os
dedos dos pés, tensione-os e depois relaxe-os. Faça a mesma coisa
com os tornozelos, com as panturrilhas e com suas coxas. Vá então
para as nádegas, para a região pélvica, para o estômago, para o
abdômen e para o peito. Você deve relaxar suas costas
completamente, e também o pescoço, os ombros e toda a cabeça.
Finalmente, tensione e depois relaxe os braços, incluindo bíceps e
tríceps, e as mãos. Feche os punhos, depois relaxe-os. Certifique-se
de conduzir a luz dourada para cada parte do seu corpo,
tensionando-a e depois relaxando-a.
Depois desse exercício, você deverá estar totalmente relaxado.
Nesse estado de relaxamento, fica mais fácil concentrar sua energia
no exercício de meditação. Abaixo há três exercícios que recomendo.
No entanto, se você deseja apenas relaxar, depois de um dia muito
estressante, pode parar por aqui.

DESPEDINDO-SE DE QUEM VOCÊ AMA E DIZENDO QUE
SIGA SEU CAMINHO


Uma vez completadas as preliminares, você pode valer-se deste
exercício para libertar o espírito daqueles a quem ama. Comece
visualizando a pessoa com sua visão interior — o olho de sua mente.
Veja-a de pé bem à sua frente, gozando de perfeita saúde. Qualquer
enfermidade, tenha sido câncer, AIDS, mal de Alzheimer ou outra,
não afeta mais esse corpo novo em folha. Mesmo que tenha sido


algum tipo de morte abrupta, não importa. Visualize a pessoa como
se ela estivesse perfeita, feliz, cheia de vida.
Visualize o maior número de detalhes. Pode ser que queira vê-la
trajando alguma roupa em especial. Se for capaz, imagine seu
aroma, seu perfume habitual. Talvez ela tenha alguma marca de
nascença, ou uma certa postura ou posição que costumava adotar,
um determinado jeito de pentear o cabelo. Quanto mais detalhada
for a sua imagem, maior êxito o exercício alcançará.
Com essa imagem detalhada da pessoa amada bem nítida em sua
mente, inicie a conversa. Pergunte-lhe como foi sua transição para a
condição de espírito. Pergunte: "Como você está agora?" Conte-lhe
como você tem passado desde sua morte. Fale-lhe da dor que ainda
sente, converse com essa pessoa que você tanto ama, ouça suas
respostas. Não interrompa o exercício, mesmo que sinta estar falando
sozinho. É importante prosseguir sem qualquer interferência de
racionalizações. Sinta o prazer desse reencontro. Talvez isso lhe
traga lembranças do tempo em que estiveram juntos, na Terra, e do
prazer que proporcionavam um ao outro.
O próximo passo na sua jornada é tomar a mão dessa pessoa
amada, para viajarem juntos até um lindo jardim, repleto da luz
mais brilhante, mais bonita e de flores coloridas. Sinta o perfume
desse jardim. Nessa paisagem maravilhosa existem estátuas
esplêndidas, fontes magníficas, pássaros cantando. Escute o barulho
das crianças brincando, a distância. Tudo em volta é perfeito. Sinta

o prazer de estar em um lugar como esse, o esplendor, a paz, a
serenidade.
Ao estender a vista para mais longe, você enxergará uma massa de
prédios. Encaminhem-se para lá. Quando chegarem mais perto,
você verá os brilhantes pilares aperolados de um prédio
inacreditável. Uma certa luminosidade rósea emana desse edifício.
Em volta haverá outros, todos mantendo uma distância conveniente
uns dos outros. Cada prédio é um pouco diferente dos outros, mas
todos envoltos numa atmosfera celestial.

Vocês entrarão no prédio principal e logo se verão em uma enorme
sala. No centro há uma grande tela de cinema. Ao olhar para a tela,
as luzes se apagarão e o filme começará a passar. O filme mostra as
experiências que você e essa pessoa tão querida compartilharam.
Começa quando vocês se conheceram e prossegue daí em diante.
Ao assistir ao filme, reviverão cada experiência, todas as emoções.
Não tenham pressa, aproveitem cada cena -sintam novamente o
prazer de tudo o que viveram juntos.
Quando o filme termina, vocês sentem alívio, saciedade. Mais uma
vez, tiveram o privilégio de compartilhar uma experiência. Só que
ainda não acabou. Há ainda mais experiências para serem divididas
no futuro. Você começa a compreender que compartilhou com o ser
amado muitas existências no passado e que estarão juntos também
no futuro. A vida continua, tanto na Terra quanto nos céus.
A seguir, vocês deixam o prédio e voltam ao jardim. Há cenários
maravilhosos à sua volta, flores inacreditavelmente bonitas e,
caminhando pela relva, diversos seres, vestidos de branco. Você
pergunta: 'Quem são? "E seu acompanhante responde: 'São meus
professores. Estão me auxiliando a aprender um pouco mais sobre
este mundo." Fixando os olhos daqueles seres, você encontra imensa
sabedoria e compaixão. Eles retribuem seu olhar com um sorriso e
você se convence de que seu ente querido encontrou seu lugar. Ele
chegou ao lar, um lugar de inacreditável vida e crescimento. Um
dos mestres se aproxima e lhe entrega um coração de prata, preso a
uma corrente. Ele lhe pede para abrir o coração e diz: 'Encha seu
coração com todas as coisas maravilhosas que você deseja que seu
ente querido guarde consigo, neste mundo." E, repentinamente, sua
mente está repleta e todos os seus pensamentos convergem para
aquele coração de prata. Tudo o que você sempre quis dizer àquele
a quem você ama, cada palavra não pronunciada, cada sentimento,
tenha sido ou não expresso, tudo, enfim, o que você quer que ele
recorde. Veja esses pensamentos, esses sentimentos e palavras
preenchendo o coração de prata. E, à medida que isso acontece, o


coração começa a brilhar mais, de tal forma, que você mal pode
olhar para ele. Você coloca a corrente em volta do pescoço da pessoa
a quem ama, para que o tenha sempre consigo. É aquela parte do
seu amor que jamais pode morrer. Você abraça a pessoa e ela lhe
diz: 'Estarei sempre junto de você. "
Chega o momento de retornar para o plano terreno. Seu ser amado
deve continuar onde está, aprendendo e trabalhando. E o mesmo
acontece em relação a você. Você parte desse reino de esplendor,
dono agora do real sentido da vida e sabendo que se reencontrarão
nos jardins do Paraíso, quando você completar seu aprendizado na
Terra. E, quando chegar essa ocasião, você será recebido, em seu lar
espiritual, por essa pessoa a quem ama.

PERDÃO E ARREPENDIMENTO

Toda vez que alguém passa para o outro lado, os que ficam são
deixados com seus arrependimentos e com uma carga de
sentimentos que nunca souberam manifestar. E se eu tivesse...? Se
pelo menos... Escuto essas expressões freqüentemente. Os que
permanecem vivos sentem-se abandonados, amargurados, como se
algo houvesse partido seus corações, como se não fossem capazes
de continuar vivendo. Sentiriam-se muito melhor se lhes fosse dada
nova chance de compartilhar seus sentimentos com seus seres
amados. Não sabem o que fazer com suas culpas. A meditação que
vou descrever a seguir foi formulada para ajudar a nos livrarmos de
culpas e de arrependimentos.
Depois das preliminares, visualize a si mesmo de pé diante de um
chalé, no meio de um lindo campo. O chalé foi criado exatamente
para atender ao seu gosto, incluindo as cores, o tipo de madeira e
assim por diante. Talvez haja uma varanda, com uma cadeira de
balanço. Ou um canteiro com belas roseiras, ao longo do caminho.
Ele é seu, pertence somente a você.


Quando entrar na casa, verá imediatamente uma sala de estar
bastante confortável, com um sofá muito fofo, aconchegante, cheio
de almofadas. De um lado, há uma janela panorâmica -e os raios de
sol, radiosamente, filtrando-se através dela. Tudo é bonito nesta
sala; ela está decorada com os objetos que você sempre desejou
possuir. Tenha certeza de sentir dentro de si cada um desses
elementos. Na parede à esquerda há diversas fotografias de várias
formas e tamanhos — fotografias dos membros de sua família. Você
verá os rostos de todos, aqueles que passaram para o mundo
espiritual e aqueles ainda vivos. Retire a foto da pessoa que lhe
desperta sofrimento. Traga essa fotografia para a escrivaninha de
madeira, no canto da sala. Visualize nitidamente essa escrivaninha.
Sobre ela, você executa suas tarefas mais especiais, aquilo que
realmente gosta de fazer. Retire um pedaço de pergaminho da
gaveta da escrivaninha e uma caneta-tinteiro. Deixe a caneta sobre o
papel.
Examinando bem a foto, pergunte a si mesmo: De que coisas eu quero
ser perdoado? Comece a escrever sua lista. Talvez, você tenha sido
rigoroso demais com essa pessoa amada, ou talvez não tenha
demonstrado suficientemente seu amor. Talvez, sinta que não
correspondeu a ela, quando mais precisou de você. A seguir, pegue
outro pedaço de papel e anote tudo de que se arrependeu depois
que essa pessoa morreu. Escreva as palavras que não foi capaz de
lhe dizer, enquanto ainda estava viva. Talvez, vocês não tenham
conseguido chegar a um acordo sobre certas questões, que
permaneceram sem solução. Talvez, você ache que poderia ter lhe
dado mais amor. Anote cada sentimento que ainda guarda consigo
e que até hoje não conseguiu expressar.
Quando concluir ambas as listas, faça um rolinho com elas. A
seguir, dirija-se à janela e sinta a brisa perfumada da primavera.
Próximo à janela há dois balões brancos. Insira cada lista em um
desses balões. Encha os balões, soprando, feche-os e solte-os pela
janela. Observe-os dançando livremente ao vento, cada vez mais


alto, em direção ao céu. Quanto mais se elevarem, mais você se
sentirá tomado por uma sensação de leveza, de liberdade -todos os
seus arrependimentos terão ido embora. Os balões continuam
subindo, e você sabe que chegarão às mãos do ser amado. Visualize
essa pessoa recebendo os balões, lendo o que escreveu. Reserve um
momento para olhar, através da janela, para o céu, e veja a
mensagem que aquela pessoa lhe enviou: "Não importa. Nada disso
importa. Eu sempre amarei você!"

REDESCOBRINDO SEU PODER

O desejo de ser amado é tão poderoso que, muitas vezes na vida,
nos tornamos vítimas dessa obsessão. Somos capazes de nos
empenhar absurdamente tentando ser a melhor esposa, mãe, pai,
filho, empregado, amante ou amigo. Acreditamos que isso é o que
devemos fazer para conseguir o amor do outro, em retribuição.
Mas, assim, nos descuidamos do que realmente somos. Na maioria
das vezes, o fazemos inconscientemente, mas, com o tempo, esse
comportamento vai se tornando uma espécie de segunda natureza um
padrão de procedimento que acaba se tornando habitual. Os
dias viram anos, e continuamos a viver de acordo com a imagem
que criamos para nós mesmos. Podemos até ficar deprimidos,
infelizes, ou frustrados em relação à vida. Nossos sonhos estão
simplesmente abafados. Nessa altura, já é difícil verificar por que e
como chegamos a isso. Abrimos mão de nosso poder, de uma parte
de nós próprios, em função de outra pessoa, e, o mais grave,
deixamos de ser quem somos de verdade. Abandonamos nosso eixo,
deixamos de lado nossa parte mais bonita. E, infelizmente, nunca
conseguiremos ser realmente felizes se não retomarmos nossas
próprias vidas.
Muitas pessoas se sentem destruídas com a morte daqueles a quem
amam, e muito desse sofrimento é resultante do fato -bastante


freqüente -de terem aberto mão de parte de quem realmente são.
Comprometeram sua individualidade, deixaram de ser verdadeiros
consigo próprios, por causa do desejo ou da necessidade de agradar
o outro. Assim, quando essa pessoa morre, ficam privados de todo o
senso de auto-estima, já que sua identidade passou a depender da
pessoa agora falecida. Tudo o que sobra é solidão, vazio.
A meditação a seguir deve ser usada para reaver a parte de você
que foi perdida, tirada ou abandonada. Use-a para recuperar a força
criativa que lhe pertence.
Como sempre, faça as preliminares. Depois, visualize a si próprio
diante de um lago tranqüilo, absolutamente sereno. E um lago
acolhedor, muito límpido, e reflete toda a miríade de cores da
paisagem: verde, azul, amarelo, violeta. Você pode aspirar o perfume
refrescante do campo, no ar. Dois cisnes flutuam na superfície
do lago, aumentando a serenidade. Quanto mais você contempla
esse lago, mais relaxado fica. Você dá uma caminhada até o extremo
do lago e vê um riacho descendo das montanhas para dentro do
lago. Você sobe a montanha, para localizar a origem do riacho.
Quando chega ao topo, encontra uma linda cascata. Olhando para
cima, para o céu, descobre que é impossível enxergar de onde cai a
água da cascata. Parece que desce diretamente dos céus.
Você se despe e deixa as roupas sobre uma pedra. Caminha por
baixo da queda-d'água e sente a água fria, puríssima, acariciar seu
corpo. Você nunca sentiu nada parecido com o toque dessa água. É
como se fossem penas, roçando em sua pele, e limpando-a
totalmente. Olha para o riacho, como se estivesse contemplando um
espelho mágico, e vê as diferentes circunstâncias em que abriu mão
do poder. Vê as situações em que não foi fiel a si mesmo. E
compreende que faltou amar-se mais, tratar-se com respeito. Cada
imagem que identifica é levada lentamente pelo riacho montanha
abaixo.
Você continua de pé, sob a cascata, e percebe uma luz belíssima
atravessando a água. Quando essa luz o toca, você subitamente


sente-se inundado por uma onda de energia e de criatividade. Você
sente o amor percorrendo o seu corpo. Sente amor por si mesmo,
pois é com seu próprio amor que conseguiu recuperar o contato.
Cheio de amor e de alegria, você olha outra vez para o espelho
d'água e as imagens que vê agora são bem diferentes. Você se vê
feliz, fazendo as coisas que sempre quis fazer e que nunca se
permitiu. Você vê pessoas aplaudindo, cheias de amor por você. Vê
quem você é na verdade. Sinta como ficou mais leve. Sinta sua força
e todo o seu potencial, antes perdidos, de volta. Toda a
autoconfiança está de novo dentro de você. Está livre da dominação
dos outros. Foi uma jornada maravilhosa em busca de seu eu
verdadeiro. Usufrua dessa conquista.
Você sai de debaixo da queda-d'água e sente-se alguém
inteiramente novo. Esse novo eu lhe traz muita alegria. Ao procurar
suas roupas, descobre que elas foram substituídas por um belo traje
espiritual. Você o veste para lembrar sempre que é invencível. Você
é verdadeiramente DEUS!

Fontes

After We Die, What Then? Answers to Questions About Life After Death,

de George W. Meek, publicado nos Estados Unidos por Metascience
Corporation, Franklin, Carolina do Norte.

Everyone's Guide to the Hereafter de Ken Akehurst (o médium cegó que
passou para a Vida Superior em 28 de julho de 1978); transmitido
por G.M. Roberts, publicado por Neville Spearman Publishers, C.W.
Daniel Company, Essex, Inglaterra.

Kundalini and the Chakras: A Practical Manual -Evolution in This
Lifetime, de Genevieve Lewis Paulson, publicado nos Estados
Unidos por Llewellyn Publications, St. Paul, Minnesota.


Life in the World Unseen, de Anthony Borgia, publicado nos Estados
Unidos por M.A.P., Midway, Utah.

The Mechanics of Mediumship de Ivy Northage, publicado por Ivy
Northage, Emsworth, Inglaterra.

Opening Up to Your Psychic Self A Primer on Psychic Development, de
Peter Stevens, publicado nos Estados Unidos por Nevertheless
Press, Berkeley, California.

The Transition Called Death: A Recurring Experience, de Charles
Hampton, publicado nos Estados Unidos por Quest Books,
Wheaton, Illinois.

Do Dr. Brian Weiss:

MUITAS VIDAS, MUITOS MESTRES
O que acontece quando um renomado psiquiatra vem a público
para revelar sua experiência com uma paciente que, durante as
sessões de hipnose, regride no tempo e vivência suas vidas
passadas?
Muitas Vidas, Muitos Mestres, primeiro livro do autor, conta a
surpreendente e controvertida história deste médico -o Dr. Brian
Weiss -e seu trabalho com a paciente Catherine, que, apesar de
tratada durante 18 meses com a terapia tradicional, só apresenta
cura satisfatória ao regredir às suas vidas anteriores.

Só o AMOR É REAL

Só o Amoré Real descreve o drama da procura de almas gêmeas duas
pessoas que estão marcadas para todo o sempre pelo amor que


tiveram em outras encarnações e que percorrem vidas e vidas,
sempre buscando uma à outra.
"O destino determina o encontro de almas gêmeas. Mas o que
decidimos fazer depois desse encontro depende de livre-arbítrio.
Uma opção errada ou uma oportunidade perdida pode resultar em
solidão e sofrimento. Escolhas certas podem trazer-nos profunda
satisfação e felicidade" -diz o Dr. Weiss.


A CURA ATRAVÉS DA TERAPIA DE VIDAS PASSADAS

Relatando casos reais ocorridos em seu consultório, o Dr. Weiss
mostra como a terapia de regressão pode curar as dores físicas, o
pesar pela perda de pessoas queridas, os relacionamentos
conflitivos e os mecanismos nocivos de defesa, ajudando-nos a criar
relações amorosas, desbloquear talentos reprimidos e transformar
nossa visão da vida e da morte.

Verdadeiro livro de referência sobre o assunto, A Cura Através da
Terapia de Vidas Passadas apresenta também as técnicas de hipnose,
meditação e lembrança de sonhos que o Dr. Weiss ensina a seus
pacientes e que qualquer pessoa pode praticar em casa para atingir
estados profundos de relaxamento e trazer à mente suas experiências
mais remotas.

MEDITANDO COM BRIAN WEISS

A Busca do Equilíbrio, da Cura e da Espiritualidade

"Decidi escrever este livro depois de minha segunda viagem ao
Brasil, em 1997. Nesses anos todos de trabalho, pude comprovar os
benefícios expressivos da prática regular da meditação e disso tenho
tratado em minhas obras. Mas, frente às perguntas e depoimentos
de muitos brasileiros, achei que poderia trazer uma contribuição
especial tratando especificamente do assunto.


Sei que o ritmo de nossas vidas e a aceleração em que estamos
envolvidos nos dão a impressão de que não temos tempo nem capacidade
de concentração para meditar. Quero insistir muito
afetuosamente: reserve, se possível todos os dias, vinte minutos
para a meditação. Você verá que, à medida que persistir e for
sentindo os benefícios, esta prática se tornará cada vez mais fácil,
até transformar-se numa saudável necessidade, pelo bem-estar que
irá lhe proporcionar.
Desejo que a leitura deste livro e a prática da meditação ajudem a
lhe proporcionar paz e harmonia, contribuindo para seu crescimento
como pessoa e para sua felicidade."
Brian Weiss, M.D.

Inclui CD com os exercícios de Relaxamento Profundo e
Meditação para Cura.

De Carol Bowman:

CRIANÇAS E SUAS VIDAS PASSADAS

Fascinante e controverso, Crianças e Suas Vidas Passadas revela a
impressionante ocorrência de lembranças de vidas passadas em
crianças. Ele ensina os pais a reconhecerem essas lembranças e as
usarem como poderosas ferramentas para entender e ajudar seus
filhos.
Carol Bowman escreve: "Quando uma criança fala com tanta certeza
e inocência sobre sua vida passada e descreve serenamente o que
acontece depois da morte e a viagem de volta a uma nova vida, ela
dá testemunho de uma verdade: nossas almas nunca morrem. Essas
lembranças constituem talvez a melhor evidência documentada da
reencarnação."


De Richard N. Bolles:
QUAL A COR DO SEU PÁRA-QUEDAS?


Como conseguir um emprego e descobrir a profissão de seus
sonhos

"Há sempre empregos esperando para serem ocupados. O caçador
de empregos bem-sucedido é aquele que descobre como encontrálos.
Obter êxito na caça ao emprego é algo que se aprende. É uma
habilidade que pode ser estudada e dominada. Por você. Este livro
destina-se a ensiná-lo esta habilidade."
Ao resumir o segundo capítulo do livro -Existem Sempre Empregos
porAí -com esta declaração, Richard Bolles coloca de forma clara e
inequívoca, como é bem o seu estilo, o que os leitores podem
esperar de Qual a cor do seu pára-quedas?, um dos mais perenes e
consagrados best-sellers do mundo editorial.

Considerado a Bíblia sobre a caça a empregos e "o mais completo
guia sobre emprego e carreiras que existe", Pára-quedas foi apontado
pela Biblioteca do Congresso americano como um dos 25 livros que
marcaram a vida dos leitores, ao lado de clássicos da literatura
mundial, tendo orientado milhões de pessoas a encontrarem o seu
caminho profissional.
Atualizado anualmente, o livro tem acompanhado as grandes
transformações no mercado de trabalho, oferecendo respostas às
mais importantes questões para quem está à procura de empregos
ou buscando trocar de profissão.

De Mitch Albom:

A ÚLTIMA GRANDE LIÇÃO

O sentido da vida


Talvez tenha sido um avô, talvez um professor ou um amigo da
família. Uma pessoa mais velha, paciente e sábia, que se interessou
por nós e nos compreendeu, quando éramos jovens, inquietos e
inseguros. Uma pessoa que nos fez olhar o mundo de uma
perspectiva diferente e nos ajudou com seus conselhos a encontrar
nossos caminhos.
Para Mitch Albom, essa pessoa foi Morrie Schwartz, seu professor
na universidade.
Talvez, como Mitch, você tenha perdido o contato com seu grande
amigo. Você seguiu pela vida, as lições foram se apagando e o
mundo ficou opaco. Você não gostaria de reencontrar essa pessoa
para tratar com ela das grandes questões que ainda lhe causam
angústia, tal como fez em sua juventude?
Mitch Albom teve essa oportunidade vinte anos depois de deixar a
universidade. Ele redescobriu Morrie nos últimos meses de vida do
seu velho professor. Visitou-o durante quatorze terças-feiras, até a
sua morte. Nesses encontros, trataram de temas fundamentais para
a felicidade e a realização humana. Foi essa a última grande lição:
um ensinamento sobre o sentido da vida.
Essas reflexões, transmitidas de forma simples e comovente,
transformaram a vida do autor, que quis registrar sua preciosa
experiência como uma dádiva de Morrie para o mundo.

De Elisabeth Kübler-Ross:
A RODA DA VIDA


"Kübler-Ross é uma mulher extraordinária que, como médica, foi pioneira
na investigação da morte e do morrer. É com muito entusiasmo que
recomendo este livro."

Brian Weiss, M.D.


A fascinante e comovente autobiografia da médica que fez de sua
profissão um ato de amor. Elisabeth Kübler-Ross é a mulher que
transformou a maneira como o mundo vê a morte, trazendo imenso
consolo e esperança para os doentes em estado terminal e para seus
entes queridos. Enfrentando atualmente seu próprio fim, ela atesta,
com a convicção obtida por toda uma experiência de vida: "a morte
não existe".
Neste livro que se lê como um romance, Kübler-Ross exorta-nos a
viver plenamente e a amar. Sua história é uma aventura do coração,
vigorosa, controvertida, inspiradora, um legado à altura de uma
vida extraordinária. Uma leitura interessantíssima e indispensável
para alimentar a fé e a esperança no ser humano.
"Sei muito pouco sobre a filosofia da reencarnação. Não foi o tipo de
educação que recebi. Mas sei agora que existem mistérios da mente,
da psique, do espírito, que não podem ser examinados em
microscópios. Com o tempo, saberei mais."


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Lançamento Livros Loureiro

  Conversando Com Os Espíritos - James Van Praagh
 
(links no final da pág.)



   Digitalização:  M. Loureiro


Sinopse:

Em Conversando com os espíritos, você conhecerá histórias de pessoas que, com a ajuda do autor, conseguiram fazer contato com parentes mortos e deram novos rumos a suas vidas ? como a mãe que ouviu do filho um pedido de desculpas pelo próprio suicídio e o reencontro de um homem com sua esposa falecida, no qüinquagésimo aniversário de casamento. Além de surpreendentes relatos como esses, Van Praagh conta a sua jornada em busca do autoconhecimento. Ainda na juventude, ele descobriu a capacidade de se comunicar com os mortos. Aqui ele revela como conseguiu aperfeiçoar seus dons para dar início à carreira como médium. Com ensinamentos e depoimentos comoventes, o autor nos ajuda a lidar com a dor da perda, ensinando técnicas para desenvolver o sexto sentido, conhecer nossos espíritos-guias e identificar os sinais que vêm do outro lado. Abra seu coração e deixe este livro mudar para sempre a sua maneira de encarar a vida e a morte.


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Este e-book representa uma contribuição do grupo Livros Loureiro para aqueles que necessitam de obras digitais,
como é o caso dos Deficientes Visuais e como forma de acesso e divulgação para todos.
É vedado o uso deste arquivo para auferir direta ou indiretamente benefícios financeiros.
 Lembre-se de valorizar e reconhecer o trabalho do autor adquirindo suas obras.

Boa leitura


Abraços.

M. Loureiro

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